Bolivianos recebem serviços de integração à cidadania no Brás

Iniciativa permite ao imigrante obter documentação, legalizar a situação e buscar a uma identidade social no Brasil

ter, 27/09/2011 - 20h00 | Do Portal do Governo

No último domingo, 25, o Centro de Integração da Cidadania (CIC), da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, participou da “Integração Boliviana,” na Escola Estadual Domingos Faustino Sarmiento. Dados da Secretaria de Estado da Educação revelam que o Brasil abriga 340 mil bolivianos, concentrados principalmente em regiões com grandes oficinas de confecções, como os bairros Brás e Bom Retiro.

A população vinda da Bolívia escolhe esses bairros devido às oportunidades de trabalho. “A maioria possui grande habilidade na costura, acabamento e “overlocagem”. Muitos já vêm com suas máquinas e seus meios de trabalho, por isso, procuram regiões com grandes oficinas de confecções e se ‘tornam costureiros das grandes marcas internacionais'”, explicou Maria Helena Berlinck Martins, socióloga e coordenadora do Programa Escola da Família.

“Muitos bolivianos chegam ao país em busca de melhor qualidade de vida e com o objetivo de participar de uma economia mais globalizada”, explicou Maria Helena. Sem orientação, documentos e a quem recorrer, acabam em estabelecimentos de empresários que exploram o imigrante ilegal. Algumas pessoas são encarceradas para exercer o trabalho escravo.

Com o evento de Integração Boliviana e ações como as do Programa Escola da Família, com a abertura das escolas nos finais de semana como espaço de lazer, convivência e aprendizagem para a comunidade do entorno, o imigrante tem a oportunidade de obter documentação, legalizar a situação e buscar a uma identidade social no Brasil.

A Integração Boliviana tem como objetivo fazer com que os bolivianos se sintam acolhidos, integrados e parte da comunidade, principalmente as crianças. “Na escola, já houve casos de discriminação, principalmente com crianças que não falam a língua portuguesa, mas elaboramos um trabalho para integrá-las ao grupo, com ajuda de alunos bolivianos, que estão mais familiarizados com o idioma”, explicou Édila Maria, diretora da escola.

Segundo o boliviano Willy Edgard Arqueta – líder comunitário e voluntário na escola há cinco anos – seus conterrâneos chegam ao Brasil com dificuldades de comunicação. Não sabem como tirar documentos e regularizar a permanência no país. “Com essa iniciativa, eles encontram um caminho para superar isso”. No Brasil há oito anos, Arqueta desenvolve atividades relacionadas à cultura boliviana, como dança folclórica.

Na escola, o CIC ofereceu serviço de emissão de segunda via de certidões de nascimento, casamento e óbito, além de prestar esclarecimentos e orientações sobre as atividades diárias voltadas ao exercício da cidadania e os serviços públicos realizados em suas unidades. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS-SP) e o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP) prestaram orientações sobre justiça e igualdade relacionadas à saúde, educação, previdência, moradia e liberdade.

Na área de educação, os bolivianos participaram de oficinas de línguas, ensinaram espanhol aos brasileiros. Nas aulas de português, ao ensinar o idioma, os educadores destacaram a pronúncia das palavras usadas no dia-a-dia. Na mesma sala, foi realizado o workshop “Sentido do Trabalho”, com o objetivo de mostrar o significado do trabalho na vida das pessoas e capacitar os participantes para o mercado. Foram realizadas oficinas de educação preventiva com o tema “Bulling – E se fosse com você?” e “Sexualidade – Preconceito e Discriminação”.

O dia também foi de homenagens à população boliviana residente no Brasil, com a final do campeonato local de futebol. Após a entrega de taças e medalhas, foi servido almoço comunitário com a sopa de mani, prato tradicional da Bolívia, quatro apresentações de danças típicas e folclóricas.

As mulheres presentes, que trabalham na região do Brás de segunda-feira a sábado, ganharam serviços de manicure, cabeleireiro e massagem na sala SPA para Beleza. As crianças puderam ter um domingo de diversão na sala de recreação infantil, onde brincaram, pintaram, ganharam balões em forma de animais e, no período da tarde, comeram pipoca durante a exibição de filmes educativos.

O evento, iniciativa do juiz da Vara da Infância e da Juventude do Foro Regional IV- Penha de França, Paulo Fadigas, propiciou uma série de serviços de saúde, jurídicos e atividades de lazer à população boliviana do Brás. Contou com o apoio da Secretaria da Educação, da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), do Ministério do Trabalho, Tribunal de Justiça, Comissão dos Direitos Humanos, dentre outras instituições.

Da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania