Biblioteca do futuro disponibiliza 188 mil livros eletrônicos

Consórcio inclui três sistemas de bibliotecas da USP, Unesp e Unicamp

ter, 21/08/2007 - 17h16 | Do Portal do Governo

A biblioteca do futuro está prestes a se tornar uma realidade nas três universidades estaduais paulistas. O consórcio formado pelos três sistemas de bibliotecas da USP, Unesp e Unicamp passa a contar com um acervo de 188 mil livros eletrônicos. Os títulos, a maioria voltada para a pós-graduação, abrangem todas as áreas do conhecimento. Pelo menos 250 mil usuários, entre docentes, pesquisadores e alunos, terão acesso a essa massa de e-books.

O projeto, idealizado pelo Consórcio Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) Bibliotecas, foi viabilizado a partir de recursos da Fapesp no âmbito do programa FAP-Livros. Foram investidos US$ 2 milhões na aquisição de bancos de dados de livros eletrônicos. A cerimônia de inauguração do portal de e-books ocorrerá no próximo dia 22 de agosto, às 10h00, no auditório da Biblioteca Central da Unicamp.

“Trata-se do maior e mais atualizado acervo de e-books da América Latina”, informa o presidente do Cruesp e reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge. “Com essa conquista as universidades estaduais paulistas, que concentram metade da produção científica no país, colocam-se à frente do processo de disponibilização bibliográfica eletrônica no país”. O reitor ressalta que, no caso específico da Unicamp, esse processo já vem de vários anos, uma vez que detém a mais ampla biblioteca digital brasileira.

Uma diferença marcante em relação ao acervo tradicional, que continua indispensável, é que os livros eletrônicos podem ser acessados 24 horas por dia, conforme lembra o coordenador do Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU), Luiz Atílio Vicentini. “Embora tenham sido adquiridas para as pesquisas na área de pós-graduação, as bases de dados poderão ser usadas da mesma forma por alunos de graduação e por interessados que se inscreverem no sistema”.

Vicentini destaca outras vantagens da consulta virtual, entre as quais a busca integrada, o fato de o livro poder ser acessado de qualquer máquina instalada nas instituições e a ausência de fila de espera para o empréstimo. Ademais, explica o coordenador do SBU, a racionalização de recursos é expressiva. “Um único e-book está disponível para as três universidades, sem a necessidade de compra de exemplares”, exemplifica.

A qualidade das coleções é outro ponto enfatizado pelo bibliotecário. Segundo Vicentini, os livros foram escolhidos com base em ampla pesquisa feita pelos integrantes do consórcio. Foram dois anos de trabalho, do planejamento à liberação dos recursos. “Adquirimos as principais obras em todas áreas. Os livros integram catálogos das melhores editoras internacionais. Foram agregadas também coleções de obras raras, como é o caso dos livros do século 18 da Biblioteca Britânica”.

Segundo o especialista, pelo acordo assinado entre o Cruesp e a Fapesp, o consórcio terá como contrapartida a manutenção, durante cinco anos, do portal de e-books. Depois desse período, o convênio será reavaliado. Vicentini calcula que cada uma das três universidades vai investir anualmente cerca de US$ 50 mil. Segundo ele, o custo não é alto. “Só para a assinatura de periódicos internacionais impressos, por exemplo, a Unicamp investe US$ 5 milhões/ano”.

A relação custo-benefício, segundo o especialista, é uma das grandes vantagens das bibliotecas virtuais. Vicentini lembra que não seria possível a implantação, em seis meses, como foi o caso do portal de e-books, de uma biblioteca convencional com 188 mil volumes impressos. “Só para efeito de comparação, a biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas [IFCH], que é a maior da Unicamp, inaugurada há mais de 30 anos, conta hoje com um acervo de 160 mil livros”.

USP – Adriana Ferrari, diretora técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP, que é formado por 42 unidades, pondera que sua opinião pode estar “contaminada” pelo fato de ser uma das idealizadoras do projeto. A diretora acredita que o consórcio “deu um passo decisivo” na área de formação e desenvolvimento de acervos dos sistemas de bibliotecas. O formato digital, afirma a especialista, impulsionará outras iniciativas conjuntas.

Na opinião de Adriana, a aquisição de e-books, por exemplo, complementa uma etapa iniciada com a compra conjunta de bases de dados bibliográficas e textuais de periódicos de forma consorciada, tanto para a obtenção de melhores preços como também para atender o núcleo comum das três universidades. “Havia um gap. Não tínhamos nada relacionado a livro eletrônico. Conseguimos, com o projeto, tornar disponíveis obras de todas as áreas do conhecimento, 365 dias por ano, transcendendo as barreiras físicas”, afirma.

Adriana destaca ainda que o portal de busca, o Unibibliweb, adicionará as coleções de livros eletrônicos às várias bases de dados e recursos existentes. “Será possível, inclusive, entrar diretamente nos sites dos editores, a partir dos computadores instalados em quaisquer locais das universidades ou remotamente, utilizando o serviço de vpn”.

Na opinião da Adriana, a biblioteca está cada vez mais se transformando num espaço diferente, e o portal de e-books se insere nessa nova configuração. “Caminhamos em direção às facilidades domundo digital. A biblioteca deve ser um espaço agradável de pesquisa, no qual o pesquisador encontrará novidades, além de poder interagir com outras pessoas. Será um espaço de vivência”, prevê.

Segundo a bibliotecária, o projeto só concretizado em razão de investimentos feitos pelo Cruesp, os quais garantem a infra-estrutura necessária às bibliotecas. “Esses investimentos são regulares, o que dá a sustentação ao projeto. Sem o aporte de recursos, inclusive para a capacitação de profissionais, não estaríamos nesse patamar a que chegamos”.

Unesp – Margaret Antunes, coordenadora da Coordenadoria Geral de Bibliotecas da Unesp, cujo sistema congrega 30 unidades, ressalta a possibilidade de o e-book poder ser consultado simultaneamente. “Trata-se de material atualizado e que está disponível para o usuário de forma imediata. Ao contrário do material impresso, que demanda um maior tempo de aquisição e posterior catalogação até ser colocado nas estantes das bibliotecas”.

Segundo Margaret, no caso da Unesp, o portal compartilhado ganha mais importância em razão da descentralização dos campi da universidade, que conta atualmente com 30 bibliotecas, em 23 cidades do Estado de São Paulo. “Temos, por exemplo, três faculdades de engenharia em cidades muito distantes entre si – Bauru, Ilha Solteira e Guaratinguetá. Para atender um sistema com essas características, seria necessária a aquisição de pelo menos três exemplares do mesmo título”.

Produtos e serviços do Consórcio Cruesp

Foi criado em 1994 um grupo de trabalho para discutir ações integradas entre os sistemas de bibliotecas das três universidades estaduais paulistas. Dez anos depois, em janeiro de 2004, foi firmado o convênio instituindo o Consórcio Cruesp Bibliotecas, cujas premissas são a cooperação, o compartilhamento e a racionalização de recursos.

O consórcio é composto por 93 bibliotecas, contando com um acervo de mais de 8 milhões de itens bibliográficos e uma freqüência anual de 7 milhões de usuários. O Portal Cruesp/Bibliotecas [www.cruesp.sp.gov.br/bibliotecas] está disponível desde 2002, possibilitando o acesso da comunidade aos seguintes produtos e serviços:

– Unibibliweb – Proporciona o acesso simultâneo, via internet, com interface de busca unificada, aos bancos de dados bibliográficos Dedalus/USP, Acervus/Unicamp e Athena/Unesp, além de contar com lista unificada de títulos de periódicos eletrônicos e acesso a outros recursos.

– Bases de dados referenciais – Adquiridas pelo Consórcio, permitem o acesso a obras de várias áreas do conhecimento, na web, a partir dos equipamentos conectados à USP, Unicamp e Unesp.

– Biblioteca Eletrônica do Cruesp – Formada pelo arquivamento de conteúdos digitais provenientes de parcerias com editores comerciais e institucionais.

– Livros eletrônicos – Títulos de todas as áreas do conhecimento, voltados para o ensino e pesquisa nas três universidades.

Do Jornal da Unicamp