Aumenta o volume de cargas na Hidrovia Tietê-Paraná

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qua, 16/08/2000 - 17h52 | Do Portal do Governo


Crescimento do transporte esperado para este ano é
de 15% em relação a 1999. Acidentes diminuíram 74%

Um dos meios de transporte de cargas mais econômico começa a despertar a atenção de muitos empresários: o fluvial. A Hidrovia Tietê-Paraná, que corre ao longo de 2.400 quilômetros dos rios Paraná, Tietê, Piracicaba, Grande e Paranaíba, já apresenta crescimento no volume de cargas transportas em relação ao ano passado. De janeiro a julho de 2000, a hidrovia movimentou 16,5 mil toneladas a mais do que em 1999. Até dezembro, deve ser transportado um total de 2,5 milhões de toneladas, um aumento da ordem de 15% em relação ao último ano. Essa ampliação só foi possível após os investimentos feitos no Governo Covas, que concluiu a Usina e a Eclusa de Jupiá, permitindo que o Rio Tietê se tornasse navegável até a divisa com a Argentina, se interligando ao Rio Paraná. A Eclusa de Jupiá foi inaugurada em 15 de janeiro de 1998.
Estudos apontam que o preço do frete hidroviário é cerca de 30% a 40% mais baixo do que o rodoviário, o que torna esse transporte bastante atraente, sobretudo em médias e longas distâncias. Hoje, os principais produtos transportados pela Hidrovia Tietê-Paraná são: soja, farelo, cana-de-açúcar, álcool, óleo vegetal, óleo diesel, xarope de cana e adubo, além de cascalho e areia, normalmente transportados em curtas distâncias. A intenção, segundo Oswaldo Rosseto Júnior, diretor do Departamento Hidroviário (DH) da Secretaria dos Transportes, é que o número de produtos cresça ainda mais e para isso uma série de obras de ampliação da capacidade operacional da hidrovia estão sendo realizadas.
O DH está implementando o Programa de Recuperação da Capacidade Operacional com obras de ampliação dos vãos livres e de proteção dos pilares das pontes ferro e rodoviárias que cruzam a Hidrovia, além de aprofundar e alargar os canais de navegação, aumentando a segurança e a capacidade de transporte. Os resultados em relação à segurança já são bastante significativos. A Hidrovia Tietê-Paraná apresentou uma queda de 74% no índice de acidentes entre janeiro e julho deste ano, quando foram registradas apenas cinco ocorrências, contra 18 ocorridas no mesmo período de 1999. Com a privatização do setor energético, o Governo do Estado aumentou a parceria com a iniciativa privada, incluindo nos editais de privatização das geradoras elétricas diversas obras e serviços integrantes do Plano de Investimento da Hidrovia. “Até 2003, serão investidos R$ 95 milhões em obras”, informa Rosseto.
Está sendo implantado também o Programa de Modernização Tecnológica na Hidrovia Tietê-Paraná que inclui monitoramento e controle de tráfego, controle do nível de água e de vazão, controle e gestão ambiental, digitalização de cartas em convênio com a Marinha e comunicações via satélite, entre outros, com o objetivo de proporcionar economia de tempo e custo para os usuários.
Este ano, segundo dados da Secretaria dos Transportes, 93% das cargas no Estado de São Paulo serão transportadas por rodovias, enquanto 5,2% por ferrovia e apenas 0,3% pela hidrovia. Por isso, um dos principais fatores para o desenvolvimento hidroviário é sua integração com as rodovias e as ferrovias. Nesse sentido, foi muito importante a gestão da Hidrovia Tietê-Paraná passar para a Secretaria dos Transportes, que poderá planejar ações integradas estimulando a intermodalidade no setor.
A Hidrovia Tietê-Paraná recebeu investimentos de R$ 2 bilhões, desde 1950. Sua operação efetiva só começou em 1978 e conta hoje com oito barragens e dez eclusas. Mas foi só no Governo Covas que a principal obra para viabilizar a operação plena da hidrovia foi concluída, que foi a barragem de Jupiá, que tornou possível a navegação entre os rios Tietê e Paraná abrindo as portas do Mercosul. “Jupiá foi o último grande investimento de infra-estrutura necessário na hidrovia”, explica Rosseto. A hidrovia interliga cinco Estados brasileiros – Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Groso do Sul e Paraná – e cinco países do Cone Sul: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

Desenvolvimento regional

Para o diretor-executivo da Agência de Desenvolvimento Tietê-Paraná (ADTP), Carlos Silvestrin, a Hidrovia está em processo de amadurecimento. A Agência é uma entidade privada que trabalha na identificação de oportunidades de negócios e investimentos na macro região Tietê-Paraná, que inclui São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande e Curitiba. “A Tietê-Paraná revitalizou a cultura do transporte por rios no Brasil”, afirma. Segundo ele, a hidrovia é um dos fatores de atração de novas empresas para as regiões situadas ao longo de seu percurso citando como exemplos cidades como Pederneiras e Araçatuba.
Em Pederneiras, onde há um terminal multimodal interligando hidrovia e ferrovia, já foi instalada uma indústria metalúrgica, outra de fertilizantes e mais uma de fermento alimentício, além de existir um projeto para a construção de uma termelétrica. Em Araçatuba, há um terminal integrado para escoamento de grãos de soja, milho e derivados da cana-de-açúcar. “A hidrovia já atraiu investimentos de cerca de R$ 1 bilhão e esse valor pode dobrar em cinco anos”, prevê Silvestrin.
A Usina Diamante, da cidade de Jaú, recebe 50% de sua matéria-prima por meio da Hidrovia Tietê-Paraná, cerca de 800 mil toneladas de cana-de-açúcar por safra. “Nossa economia é de cerca de 20%”, destaca Plínio Lara, gerente agrícola da Usina. “Sem a hidrovia, nosso transporte seroa quase que impraticável”, comenta. Segundo Lara, há planos de intensificar ainda mais o uso da hidrovia, pois ainda existe uma capacidade de produção ociosa de 20% a 25% da Usina.
Atualmente, seis empresas fazem o transporte de cargas na Hidrovia Tietê-Paraná. Segundo Túlio Resnitzky, da Comercial Quintela, que opera com quatro empurradores e 16 barcaças, o volume transportado por sua empresa este ano deve ser entre 25% e 30% maior do que no ano passado. Ele diz que as obras em execução para aumentar a capacidade de operação da hidrovia são fundamentais para crescer ainda mais o transporte. “Quanto maior quantidade de carga pudermos transportar no menor tempo possível, mais barato ficará o frete e vamos poder atrair cargas de regiões cada vez mais distantes”.