Atividade física é aliada no combate ao câncer e doenças cardiovasculares

Ter uma alternativa aos tratamentos agressivos ao paciente, é desafio para muitos pesquisadores

qua, 26/09/2018 - 17h06 | Do Portal do Governo

Ter uma alternativa aos tratamentos medicamentosos contra o câncer, quase sempre bastante agressivos ao paciente, é desafio para muitos pesquisadores da área. O assunto é um interesse de Carlos Eduardo Negrão, responsável pela Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do InCor.

Negrão acredita que a prática regular de exercícios aeróbicos de 30 a 40 minutos, três vezes por semana, associada a exercícios de resistência muscular localizada, é aliada na melhora da pressão arterial, do diabetes e do perfil lipídico.

“O paciente que tem câncer pode evoluir para uma doença cardiovascular por causa do tratamento e da própria doença. E o exercício, como forma adjuvante do tratamento oncológico, pode melhorar a qualidade de vida desse paciente”.

A falta de exercícios pode acarretar na obesidade, o que, por sua vez, pode evoluir para um câncer. É o que confirma um estudo inédito feito no Brasil a respeito da associação da obesidade e o excesso de peso com 14 tipos de câncer: mama na pós-menopausa, o de cólon e reto, de útero, da vesícula biliar, do rim, fígado, ovário, próstata, mieloma múltiplo (células plasmáticas da medula óssea), esôfago, pâncreas, estômago e tireoide.

A pesquisa foi realizada pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em parceria com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS).

O estudo da USP mostrou que no período de 2002 a 2013 houve um aumento importante na prevalência de excesso de peso no Brasil, explica Leandro Fórnias Machado de Rezende, um dos pesquisadores envolvidos no trabalho. Utilizando essas informações, “estimamos que aproximadamente 29 mil novos casos de câncer que ocorrerão em 2025 (5% do total de casos) estarão associados ao excesso de peso e à obesidade”, relata.

Segundo Rezende, “já se sabia que o excesso de peso e a obesidade vinham aumentando no Brasil, no entanto, a magnitude de casos de câncer relacionados a esse aumento se mostrou alarmante”, explica. Em breve, caso esse problema não seja enfrentado com a seriedade necessária (como o controle do tabagismo), o excesso de peso será a principal causa de câncer no Brasil, relata. Um IMC maior que 22 já está associado a um risco aumentado para neoplasias malignas.

Prevenção

Rezende afirma que é necessário se investir em ações como construções de ciclovias, calçadas largas e parques de forma a estimular a população a se engajar em atividades físicas, substituindo, por exemplo, o transporte individual motorizado por deslocamentos a pé ou de bicicleta nos percursos de casa para o trabalho ou para a escola.

“Com a prática do esporte, a reincidência da doença é minimizada em virtude do aumento da resistência física, que influencia na melhora do sistema imunológico para trabalhar no combate ao desenvolvimento de doenças”, explica Christina May Moran de Brito, Coordenadora Médica do Serviço de Reabilitação do Icesp.

Um dica aos sedentários é investir pelo menos 30 minutos diários em exercícios físicos. Para Victor Matsudo, coordenador do Programa Agita São Paulo e diretor-científico do CELAFICS (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul), “essa dedicação diária reduz em 50% o risco de morte por câncer de mama, por exemplo”.

O resultado desta pesquisa foi publicado na revista científica Cancer Epidemiology em março de 2018 e pode ser acessada através do link Confira também o Guia Alimentar para a População Brasileira, site com informações detalhadas e relevantes sobre alimentação saudável.