Artistas “Amarelos” expõem na galeria da Consolação

Mostra abre dia 1 de dezembro na Capital

qua, 28/11/2007 - 20h24 | Do Portal do Governo

A Galeria da Consolação, que funciona no túnel de passagem sob a rua, na altura da Avenida Paulista, vai receber a partir de sábado, dia 1 de dezembro, gravuras, objetos, vídeos e instalações de nove artistas do Atelier Amarelo – programa de residência artística da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.

A coletiva, que fica em cartaz até dia 10 de dezembro, reúne o resultado do trabalho e da pesquisa empreendida dos artistas durante os quatro meses em que residiram no prédio amarelo de três andares, no centro de São Paulo.

Segundo Mauricio Moraes, curador da mostra, a liberdade criativa é o que faz do Atelier Amarelo um espaço diferenciado e propulsor no circuito das Artes. “Os artistas são inquiridos pelos curadores, mas não têm nenhuma obrigação em fazer o que falamos. Devem ser apenas artistas – escutar, pensar, filtrar e, principalmente, criar”, diz.

Sobre o Atelier Amarelo

O Atelier Amarelo é o programa de residência artística da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Em sua terceira edição, o projeto acolhe anualmente nove artistas residentes de todo o estado. A seleção é feita pela comissão curadora, chefiada pela artista Maria Bonomi, idealizadora do programa. O anúncio é feito em edital e os artistas fazem a inscrição de projetos, identificados com codinomes. São escolhidas as melhores propostas, de acordo com o tema de cada edição – neste ano, o tema é São Paulo: Cidade Radial.

Os nove bolsistas recebem um estúdio próprio, onde podem desenvolver seus projetos e, inclusive, morar, ao longo da residência artística. O programa funciona num casarão de três andares, no Largo General Osório. Além do fomento às artes contemporâneas, o Atelier Amarelo também ajuda no processo de revitalização do bairro da Luz.

Em 2007, o programa tem duração de quatro meses, nos quais os residentes recebem o acompanhamento dos curadores e a visita e a palestra de artistas e críticos de arte. O Atelier Amarelo destaca-se por não oferecer um programa de educação formal, acadêmico, aos artistas. Nas palavras de Maria Bonomi, o projeto funciona como um “acelerador de partículas”, já que os artistas são incitados a experimentar e a pesquisar, com a devida assistência da curadoria. A comissão curadora é ainda composta pelo artista Cildo Oliveira, pelo historiador de arte João Spinelli, pelo professor e arquiteto Silvio Dworecki e pelo jornalista Maurício Moraes.

Os bolsistas da edição 2007

Giancarlo Ragonese, 43 anos, é graduado em Educação Física pela Unesp. Iniciou sua carreira artística estudando pintura e gravura em São José dos Campos, onde vive. Depois, freqüentou o atelier de gravura em metal no Sesc Pompéia, com Evandro Carlos Jardim, e participou de vários salões de arte, no exterior e no Brasil, sendo premiado na 3ª Bienal de Gravura de Santo André. No Atelier Amarelo, desenvolve o projeto “Figuras de uma cidade e seus percursos”, para o qual grava (em xilogravura) retratos dos transeuntes da região, que são convidados a fazer um desenho do seu percurso até o ponto onde estão sendo retratados. Ele usa uma ferramenta pontiaguda sobre uma placa de gesso enegrecida. Com estas imagens, novos desdobramentos surgirão, tendo sempre em foco a figura humana, os percursos (memórias topográficas) e o processo da gravura em relevo.

Mauricio Adinolfi, 29 anos, é graduado em Filosofia pela Unesp de Marília. Pintor autodidata, o artista está atualmente em exposição no Espaço Funarte Artes Visuais, em São Paulo/SP. Em 2005, foi premiado no Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba. Para o Atelier Amarelo, apresentou o projeto “Racional e Instintivo”, onde recolhe madeiras pelas ruas do entorno e as acumula. As peças, antes descartadas, ganham tratamento para serem usadas na construção de um ambiente que também leva na sua constituição água, terra e luz. Embora físico, o espaço é uma metáfora de um espaço existencial, explicado pela natureza de seu projeto, que tem um caráter altamente construtivo e outro filosófico (daí a dualidade do título).

Adriana Aranha, 34 anos, é paraibana e graduada em Direito em Pernambuco, onde se radicou. Em São Paulo há três anos, é pós-graduada em História da Arte pela FAAP e foi aluna especial do prof. Carlos Fajardo, no mestrado da ECA-USP. Em 2005, foi bolsista da Semana de Artes Visuais com o Projeto Delegações, expondo, na ocasião, na Semana de Artes Visuais do Recife e em São Paulo. Em Recife, também participou como artista convidada no Carlton Encontro com Arte (2003). No Atelier Amarelo, desenvolve o projeto “Não conduzo, sou conduzida”, inversão do lema da cidade de São Paulo (Non dvcor, dvco), no qual pretende se deixar levar pelo fluxo da cidade. O trabalho resultará em ações para vídeo e fotografias, além uma instalação composta por um objeto tramado em crochê dentro do próprio atelier. Como um corpo vivo, à medida que a trama cresce, o objeto expande-se, acomoda-se e ultrapassa o espaço físico circundante. É composto por elementos que remetem a mesas, cadeiras, escadas e órgãos humanos.

Makoto Habu, 27 anos, é engenheiro agrônomo, formado pela Unesp de Botucatu. Em 2004, passou dois anos no Japão, estudando o cultivo de orquídeas. Atualmente, cursa artes visuais no Unicentro Belas Artes de São Paulo. Suas obras sempre incluem a figura do “outro” no processo criador. No Atelier Amarelo, Makoto desenvolve o projeto “E.L.O: Experimentação Livre para Outroria”, no qual propõe aos participantes (como co-autores) a experimentação de uma ferramenta que possibilita a ação de desenhar a partir da falta do controle do movimento corporal. Para tanto, usa uma bola com tinta. A partir dos desenhos, são feitas composições com recortes e colagens, buscando uma integração entre o ato de desenhar do “outro” e as percepções do artista.

Andrea Boller, 27 anos, é formada em Arquitetura pela FAU-USP. Freqüenta o atelier de gravura em metal do Sesc Pompéia, sob orientação de Evandro Carlos Jardim, e o atelier do artista plástico Luiz Paulo Baravelli. Fez cursos de desenho durante o período em que viveu na cidade do Porto, em Portugal. Também estudou com o artista Felipe Cohen, em São Paulo. Atualmente, desenvolve o projeto “In Visível” na residência artística Atelier Amarelo, que consiste em uma intervenção urbana efêmera: o traçado de uma linha durante um percurso e a construção de possíveis significados e imagens a partir desta ação. Trabalha também a representação de um imaginário e da realidade através do desenho, gravura em metal e pintura.

Jaime Lauriano, 22 anos, é paulista, estudante de Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes.  Seu trabalho é focado no estudo dos limites e do trânsito entre as linguagens audiovisuais. No Atelier Amarelo, desenvolve “Alegoria de um Povo”, projeto no qual busca mostrar, através de fotografias, as modificações que as pessoas operam na cidade, metáfora de um povo em busca de uma cidade inalcançável e irreal. Lauriano também participa da mostra Motomix 2007, Festival Dispositivo e de um coletivo na Galeria Cohab, onde discute a convivência entre o sujeito e a tecnologia através das novas mídias.

Solange Ardila, 33 anos, é artista plástica, graduada pela Unesp. Viveu em Bogotá, onde cursou artes na Universidad Nacional de Colômbia, e freqüentou o curso de “História da Arte Latino-Americana”, com Ivonne Pini, e “Conceito e Meio”, com José Hernan Aguilar. Lecionou, como professora convidada, na Pontifícia Universidad Javeriana, em 2001, e trabalhou com arte-educação no MAM-Bogotá e no Museu Nacional de Colômbia. Em São Paulo, atuou no Instituto Moreira Salles, Fundação Bienal, Sesc, Itaú Cultural e Museu AfroBrasil, onde trabalha atualmente. Entre suas coletivas estão: “A síntese do olho e 1.100º”, na Galeria León de Greiff, em Bogotá; “Cotadaterra”, na Funarte em São Paulo e “Gravura em metal”, no Instituto de Artes Unesp, onde apresentou sua individual “Organismo”. No Atelier Amarelo, desenvolve o projeto “Refluxo ou como Choutear, passar, cair e correr”, que consiste na apropriação dos mecanismos da urbe – calcada em tópicos como Cidade Imaginada e Cidade Recorrida. Para tanto, traça poeticamente conexões cartográficas e topográficas para potencializar discursos, adota a construção de situações que visam o deslocamento do olhar no cotidiano dos transeuntes e, para concretizar a idéia de tatuagem na pele da cidade, há a produção de cartazes com poesia visual, elaboração de imagens digitais e criação de uma página web.

Juny kp!, 31 anos, é artista visual há 17, com passagens pelo grafite, produção gráfica, performances, intervenções e instalações. Tradutor graduado pela Unesp, é também arte-educador, produtor e pesquisador da cultura Hip-Hop. Bolsista do Atelier Amarelo, ele foi selecionado com o projeto de intervenção urbana “VOCÊ TEM CERTEZA?”. Sua intenção é estabelecer um diálogo entre o homem e a cidade e do homem consigo mesmo, questionando a certeza das atitudes cotidianas, nas esferas micro e macro. Para tanto, ele trabalha com cartazes lambe-lambe, adesivos e máscaras estêncil, grafadas com a pergunta-título de seu projeto. O artista já realizou produções na Alemanha e Coréia do Sul, em conjunto com BBoys brasileiros, e atualmente escreve para o portal realhiphop.com.br.

Walmur Florêncio de Moura, 33 anos, é arquiteto, graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo, em 2001. Desde então, foi premiado por três vezes pelo IAB-ES, categorias Projeto de Urbanismo, na Requalificação do Pólo da Glória, e Projeto, na Casa Pedra Azul, em 2004. Em 2005, foi finalista do concurso nacional para a sede da Petrobrás em Vitória.

Da Secretaria da Cultura