Artista, apesar dos riscos

Segundo a psicanalista Giovanna Bartucci, a motivação dos baloeiros apesar de tantos riscos está em primeiro lugar relacionada à própria idéia de que se trata de uma arte. Ela explica […]

qui, 07/06/2007 - 11h02 | Do Portal do Governo

Segundo a psicanalista Giovanna Bartucci, a motivação dos baloeiros apesar de tantos riscos está em primeiro lugar relacionada à própria idéia de que se trata de uma arte. Ela explica que a transgressão é uma atitude incorporada à realização artística. “O fato de ser considerada uma arte que está acima dos riscos da lei corresponde a essa característica”, diz. “O que o baloeiro vê, ao soltar o seu balão, é o fruto da sua criatividade cruzando os céus, e é por isso que a transmissão da prática de pai para filho é significativa. Por outro lado, o prazer que ele sente ao soltar o seu balão reafirma a sua condição de “artista” e o envaidece.”

Trata-se de mais um representante da parcela da sociedade que não abre mão de realizar uma atividade criminosa, mesmo com as evidências de que causa problemas a outras pessoas, explica a psicanalista, colocando-os na mesma esfera psicológica de um político corrupto. “Caso entendamos que a ‘lei de gerson’ é um vício da sociedade brasileira, que a corrupção, tão entranhada em nossa sociedade a ponto de atrasar o crescimento do País também o é, então, a prática de soltar balões pode ser considerada um vício. Mas não me parece que é disto que se trata”, avalia.

Para ela o problema está ligado a uma cultura baseada na falta de respeito, no individualismo, em que a ação irresponsável, por não representar um grande risco de perdas pessoais, é facilitada.

Simone de Marco

Agência Imprensa Oficial