Arquivo Público adere à tecnologia de reconhecimento óptico de caracteres

Novo software facilita a busca de dossiês produzidos pela Secretaria de Segurança durante o fim da ditadura militar e início do regime democrático

qua, 20/07/2011 - 18h00 | Do Portal do Governo

O Arquivo Público do Estado de São Paulo acaba de colocar na internet novo banco de dados para consulta a antigos arquivos do Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Para facilitar a vida dos pesquisadores, foi utilizado nas fichas remissivas um software de reconhecimento óptico de caracteres (OCR). É a primeira vez que o Arquivo Público adere essa tecnologia em documentos de seu acervo histórico.

O OCR permite reconhecer caracteres a partir de um arquivo de imagem. Dessa maneira, é possível digitalizar um documento com um texto impresso e obter um arquivo de texto editável. Esse recurso facilita a busca por informações nas 52.194 fichas remissivas que foram digitalizadas e integram o novo banco de dados para consulta aos arquivos do Departamento de Comunicação Social. A pesquisa, que antes ficava restrita a palavras-chave e era feita manualmente, agora pode ser realizada em todo o conteúdo da ficha.

De acordo com o Arquivo Público, o acervo do DCS é formado por dossiês produzidos pela Secretaria de Segurança Pública durante a investigação de movimentos sociais e líderes políticos no fim da ditadura militar e início do regime democrático.

Disponível nos terminais de consulta da sede do Arquivo Público, a nova base de dados traz informações das fichas remissivas – nominais ou temáticas – que foram produzidas pelo Departamento de Comunicação da Polícia entre 1983 e 1999. A busca pode ser feita por palavra-chave ou período e, uma vez localizado o registro, o pesquisador terá acesso à imagem da ficha digitalizada.

Arquivo secreto

O acervo foi aberto ao público em março de 2010, por meio da Resolução CC-12. Com a assinatura dessa resolução, o Arquivo Público do Estado pôde permitir o acesso da população a documentos até então mantidos sob sigilo. Os interessados em consultar o banco de dados deverão fazer um cadastro prévio e assinar um documento, por meio do qual assumem responsabilidade pelo uso que farão das informações adquiridas neste acervo.

A documentação é composta por relatórios de eventos públicos – que incluem fotos feitas por policiais à paisana – e dossiês produzidos pela Polícia Civil de São Paulo, durante investigações, principalmente de movimentos sociais e líderes políticos, entre os quais os ex-governadores Mário Covas e José Serra e os atuais senadores Aloysio Nunes Ferreira Filho e Eduardo Suplicy.

A Divisão Policial de Informações Sociais foi um setor do Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil do Estado de São Paulo que funcionou de 1983 a 1999. Entre outros, foram alvos das investigações do órgão os movimentos sociais, sindicatos, entidades religiosas, partidos políticos e autoridades públicas.

Seu acervo é composto por 1.220 pastas de dossiês pessoais e temáticos organizados por códigos alfanuméricos; 316 caixas de dossiês organizadas por assunto e 52.194 fichas remissivas, contendo resumo de informações sobre documentos expedidos por diferentes órgãos, relatórios de ações investigativas, materiais apreendidos e grande quantidade de recortes de jornais.

A documentação, quando foi descoberta, ficava abrigada num arquivo secreto, de acesso restrito, localizado no próprio DCS. A notícia dessa atividade, tornada pública em 1999, levou o então governador Mário Covas a ordenar a imediata transferência da documentação acumulada para o Arquivo Público do Estado, onde permaneceu lacrada até o início de 2010, quando teve início seu tratamento técnico.

O acervo passou então por diversas intervenções de conservação, com higienização, desmetalização e reacondicionamento da documentação. Em seguida, os técnicos identificaram a lógica de organização dos documentos, que demonstrou ser semelhante àquela adotada pelo antigo Departamento de Ordem Política e Social Deops, órgão central da repressão política no Brasil durante a ditadura militar, extinto em 1983.

Os pesquisadores têm acesso ao acervo do Deops no salão de consultas do Arquivo Público do Estado de São Paulo. O atendimento é realizado de terça a sexta-feira, das 9 às 17 horas, sendo 16 horas o horário-limite para solicitação de material.

Serviço

Mais informações, acesse o site do Arquivo Público ou ligue (11) 2089-8100

Da Agência Imprensa Oficial e do Arquivo Público do Estado