Apta promove evento em homenagem aos imigrantes japoneses

Evento acontece nesta terça, 16, no campus da Unesp de Presidente Prudente

dom, 14/09/2008 - 12h58 | Do Portal do Governo

O Pólo Alta Sorocabana da Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, promove, nesta terça-feira, 16, a partir das 8h, o evento “Contribuições da Imigração Japonesa para o Desenvolvimento da Agricultura Brasileira”, como parte das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa. O evento será realizado no campus da Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”) de Presidente Prudente, na Rua Roberto Simonsen, 305.

A pesquisadora do Pólo e coordenadora do evento, Andreia Luciane Moreira, explica que haverá palestras abordando as culturas agrícolas para as quais a sociedade nipo-brasileira deu a sua contribuição. Entre elas, destacam-se a fruticultura, a olericultura, cereais, sanidade vegetal e nutrição de plantas. Participam professores da Unesp e pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC/Apta/SAA), entre outros profissionais.

O centenário tem como marco a chegada do navio Kasato Maru ao Porto de Santos, em 18 de junho de 1908, trazendo as primeiras 165 famílias do Japão para trabalhar nos cafezais do oeste paulista.

Estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta/SAA) mostra que os imigrantes e seus descendentes passaram de uma única atividade agrícola, o café, para um amplo leque de atividades nas quais eles têm know-how em seu país de origem, como cultivos de frutas, flores, hortaliças, produção de ovos, sericicultura e piscicultura.

Alfredo Tsunechiro e Francisco Alberto Pino, autores do estudo “Proprietários rurais nikkei no Estado de São Paulo”, dizem que o percentual da área agrícola total ocupada por culturas anuais é bem maior entre os produtores japoneses (15%) do que a média estadual (8%). Já em relação às culturas perenes, o percentual dos nikkei é de 9%, contra 7% da média estadual. Os percentuais das áreas ocupadas com reflorestamento e culturas semiperenes são menores (2% ante 4% no primeiro caso e 7% ante 15% para as semiperenes). Aqui incluem-se as plantações de cana-de-açúcar, normalmente não cultivadas por imigrantes japoneses.

Segundo o estudo, os nikkei são grandes produtores (com mais de 50% das propriedades ou da área cultivada) de frutas, flores e plantas ornamentais, hortaliças e chá. Entre os produtos mais cultivados por eles no Estado destacam-se cravo, nêspera, alcachofra, manjerona, catalonha, kinkan, lírio, crisântemo, agrião, outras flores e plantas ornamentais, acelga, chá, espinafre-da-nova-zelândia e rosa. Outra característica dos nikkei é que os produtores tendem a fazer parte de sindicatos, cooperativas e associações em níveis acima da média estadual.

Comemorações

Foram abertas em fevereiro as comemorações em homenagem ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, com a apresentação do calendário de ações programadas pelo Governo do Estado de São Paulo para 2008, para todos os órgãos a ele vinculados. À Secretaria de Agricultura coube mostrar a influência dos imigrantes no desenvolvimento da agricultura paulista e no fomento às novas tecnologias do setor, com ações diversas.

Destaque, também, para a Missão Empresarial Brasil – Japão, realizada em abril, que teve a participação do secretário de Agricultura, João Sampaio, e outros representantes do Governo do Estado, entidades, empresários e Prefeitura de São Paulo. O objetivo foi ampliar as relações comerciais, que envolve o mercado para carnes e frutas, além da abertura para o etanol produzido em São Paulo. O comércio do agronegócio entre os dois países ainda é pequeno devido às dificuldades dentro de acordos bilaterais sanitários e fitossanitários.

Um pouco da história

Quando chegaram ao Brasil, no Estado de São Paulo, os japoneses foram para as cidades de Iguape, Presidente Venceslau, Presidente Prudente, Álvares Machado e, aos poucos, se espalhando por outras localidades, que ajudaram a povoar. É o que mostra a tese de mestrado “Raízes de um Povo: A Colônia Japonesa de Álvares Machado – SP”, de Edilene Mayumi Murashita Takenaka.

Segundo o trabalho, esse povo tinha expectativa de trabalhar em lavouras, ganhar salários justos, ter condições dignas de trabalho e voltar para o Japão, o que foi apenas uma ilusão decorrente de propagandas enganosas usadas para atrair colonos. “A remuneração baixa gerava descontentamento, pois era muito inferior àquela divulgada em propagandas e as dívidas acumuladas nos armazéns da fazenda restringiam ainda mais os seus ganhos”.

Os imigrantes não se contentaram e encontraram formas de cultivar seus próprios alimentos. Queriam ser autônomos. À medida que conseguiam terras, começaram a plantar arroz, feijão, milho, hortaliças (muito presentes na alimentação japonesa). (Com informações da Assessoria de Comunicação da Apta. Leia mais a respeito no site da Apta – www.apta.sp.gov.br)

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento

(L.F.)