Aparelho em teste no HC é capaz de detectar câncer de mama

Exame pode detectar pacientes com propensão à doença, sem considerar o historio familiar

qui, 17/09/2009 - 13h00 | Do Portal do Governo

As mulheres ganharam um importante aliado na prevenção contra o câncer de mama. O Hospital das Clínicas está testando um novo equipamento que, em apenas cinco minutos, massageia as mamas e retira uma eventual secreção para diagnóstico de células que indicam a possibilidade de câncer mamário. O Halo foi testado em 120 pacientes tratadas no HC, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e mostrou-se ser mais eficiente que os métodos anteriormente empregados. 

Ele é usado nos Estados Unidos há dois anos. No Brasil, as pesquisas do Hospital das Clínicas começaram em outubro de 2008. O equipamento está sendo testado também em alguns laboratórios particulares. Os primeiros resultados no HC revelam que das 120 pacientes pesquisadas, 40,8% apresentam algum tipo de secreção, colhida das mamas. “O exame é vantajoso porque pode detectar pacientes com propensão ao câncer, sem considerar histórico familiar. É realizado antes mesmo da biópsia”, informa o ginecologista e mastologista José Roberto Filassi, responsável pelo setor de Mastologia do hospital. 

Alerta  

O equipamento é composto de dois cones descartáveis, revestidos de silicone, que coletam o material da mama. Em apenas cinco minutos, o aparelho realiza movimentos vibratórios em metade do seio que facilitam a pressão e aspiração do possível líquido (presente em algumas mulheres). Já os métodos aplicados anteriormente, com equipamentos com seringa adaptada à mama, que aspira a possível secreção – ato semelhante à sucção de um líquido por bomba ou canudinho plástico – não é tão eficaz na retirada do líquido porque a pressão pode ser insuficiente e variável, explica o mastologista. 

Pesquisas médicas internacionais comprovam que mulheres que não possuem secreção têm menor risco de vir a desenvolver câncer de mama. As que têm secreção com células normais correm risco maior; e as que apresentam células atípicas no líquido extraído são sérias candidatas a desenvolver a doença. Do total de pacientes analisadas, em 1,25% foram encontradas células anormais e cerca de 30%, normais. Filassi explica que a presença do líquido no organismo não é certeza de câncer, apenas um sinal de alerta. 

Nos casos pesquisados, as mulheres com células atípicas têm alguma possibilidade de desenvolver câncer. Por isso, fizeram exames de mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. “Às vezes, o tumor pode estar escondido e não aparecer no exame clínico. Se após esses exames, fosse detectada uma lesão, a paciente seria encaminhada à biópsia e tratamento rotineiro do setor de mastologia”, explica Filassi. Como não houve caso de lesão, a mulher é considerada paciente com maior risco para câncer de mama, faz acompanhamento médico preventivo e repetirá a aspiração do líquido do mamilo após seis meses e um ano. 

Nos casos em que o equipamento detectou líquido com células normais, o médico informa que a mulher segue tratamento preventivo rotineiro como aquelas que não apresentaram secreção na mama. 

Novo teste  

Estudos preliminares indicaram que a mulher que produz o líquido mamário tem entre 30 e 50 anos, provavelmente porque os hormônios atuam com mais vigor nessa faixa de idade. 

Filassi informa que haverá outro teste para verificar a eficácia do equipamento no diagnóstico de câncer. “Realizaremos a sucção em mulheres com tumores suspeitos, antes de serem submetidas à biópsia. Então, vamos comparar os resultados das biópsias com a análise do líquido coletado e ver se o aparelho também é capaz de apontar a presença de câncer no organismo”, anuncia. Essa segunda etapa de estudos envolverá 200 pacientes e deve estar concluída até outubro. 

Da Agência Imprensa Oficial