Anunciados vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura

Cada um dos autores levou R$ 200 mil, a maior premiação literária do Brasil

ter, 02/12/2008 - 17h08 | Do Portal do Governo

Na noite da última segunda-feira, 1, no Museu da Língua Portuguesa, foram anunciados os dois vencedores da primeira edição do Prêmio São Paulo de Literatura, da Secretaria da Cultura. Cristóvão Tezza foi o vencedor da categoria Melhor Livro do Ano por Filho Eterno (Record).  Já A Chave de Casa (Record), de Tatiana Salem Levy, foi escolhido o Melhor Livro – Autor Estreante. Cada um dos autores levou R$ 200 mil, a maior premiação literária do Brasil.

O anúncio reuniu representantes do governo e nomes importantes do meio literário. Antes de divulgarem os nomes dos vencedores, o Secretário de Estado da Cultura, João Sayad e o coordenador da Unidade de Fomento e Difusão de Produção Cultural, André Sturm, comentaram que a iniciativa tem o objetivo de estimular a prática da leitura e a produção literária no Brasil.

Em trecho do discurso, Sayad exaltou a necessidade de falar dos livros, oportunidade gerada pelo Prêmio como forma de incentivo à cultura e à produção literária. “Eu quero um escândalo com a literatura”. Já Sturm adiantou os planos para 2009. “No ano que vem, estamos de volta com mais impacto e premiando livros de qualidade”, disse.

Ao receber o prêmio Tezza, o grande vencedor da noite disse que às vezes se sente como uma personagem de uma fábula de Eça de Queiroz ou de Machado de Assis. “O sentido de tudo eu ainda preciso decifrar”. Tatiana, muito emocionada, agradeceu e encerrou “Falar não é comigo”. Agora pelo jeito escrever é, já que a jovem escritora de 29 anos convenceu com sua obra.

Concorreram ao Prêmio somente romances escritos originalmente em língua portuguesa e de autoria única. Na categoria Melhor Livro do Ano – Autor Estreante o inscrito não pode ter nenhum outro livro de ficção romance publicado.

Conheça os vencedores

Melhor Livro do Ano: Cristovão Tezza por O filho eterno, Editora: Record

Texto desconcertante de um pai-narrador cujo filho nasceu com a Síndrome de Dawn. Romance todo ele provido de momentos verdadeiramente sóbrios, sinceros, sem comportar ilusões. Autor esbarra jamais no exagero sentimental. Ao criar o narrador do livro e fazendo do pai personagem, o autor, ele mesmo progenitor de filho excepcional, conquista uma independência ímpar.

“Talvez ele, como algumas mulheres no choque do parto, não queira o filho que tem, mas a idéia é apenas uma sombra”. O filho eterno é uma reflexão sobre a paternidade. Literatura arrebatadora. “Comecei a projetar mentalmente esse livro como ensaio, mas bastou escrever a primeira página para sentir que seria impossível. Tinha de ser uma ficção” – diz Cristovão Tezza, o autor.

Cristovão Tezza, 56 anos, escritor e professor, nasceu em Lages-PR. É autor de 13 livros, entre romances e contos. Recebeu, pelo livro “O fotógrafo” (Rocco, 2004), o Prêmio da Academia Brasileira de Letras, em 2005. “O filho eterno” (Record, 2007) venceu este ano os prêmios Jabuti (Melhor Romance), APCA, Portugal Telecom e Bravo!.

Melhor Livro – Autor Estreante: Tatiana Salem Levy por A chave de casa, Editora: Record

Competência narrativa, apelo sensorial, alto sentido de humanidade. Autora entretece todas essas qualidades para criar histórias que se complementam num tom de densa estranheza. “Escrevo com as mãos atadas. Na concretude imóvel do meu quarto, de onde não saio há longo tempo. Escrevo sem poder escrever e: por isso escrevo”. Assim começa este romance fortíssimo belo brutal cujas dores são exploradas nos extremos do lirismo e da crueldade. Nada aqui é incoerente ou indispensável.

“Salem Levy concebeu um painel que sintetiza na voz da narradora e nas vozes que ela cria e torna suas, confundindo-se com ela: um recurso hábil, que lhe permite lidar de modo desenvolto com as diferentes personagens e camadas de espaço e tempo” – diz o poeta Moacir Amâncio.

Tatiana Salem Levy, 29 anos, escritora, nasceu em Lisboa, Portugal. “A chave de casa” (Record, 2007), inaugurou a Coleção Sabiá dos Livros Cotovia, editora Portuguesa, para divulgação de autores brasileiros da contemporaneidade. Em 2008 ficou entre os 10 finalistas do Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa.

Da Secretaria da Cultura