Anticoncepcional gratuito é uma das ações do Programa Saúde da Mulher

O projeto prevê ações de planejamento familiar, controle de câncer e assistência durante a gestação, entre outros

qua, 11/07/2007 - 14h56 | Do Portal do Governo

Lançado no início de março pelo governador José Serra, o Programa Saúde da Mulher tem por objetivo beneficiar cerca de 12 milhões de mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS).  O projeto prevê ações de planejamento familiar, controle de câncer, assistência durante a gestação e parto, além de atendimento às vítimas de violência.

Segundo a coordenadora do programa, Tânia Lago, várias iniciativas estão sendo desenvolvidas simultaneamente. E o primeiro passo de uma dessas frentes começa a ser nesta quarta-feira, 11, com a distribuição gratuita de anticoncepcionais em estações do metrô, trem e ônibus, além de unidades de saúde.

O medicamento poderá ser retirado em qualquer uma das 20 Farmácias Dose Certa, basta apresentar receita médica da rede pública com os princípios ativos da pílula: etinilestradiol 0,03 mg e levonorgestrel 0,15 mg. Apenas com a especificação destes dois nomes será possível retirar o anticoncepcional.

Planejamento familiar

Para abordar esse primeiro ponto do programa, Tânia Lago explica que três estratégias foram traçadas. “A primeira, que começa hoje, é justamente ampliar a oferta dos contraceptivos para complementarmos os enviados pelo Ministério da Saúde”, explica.  

Segundo ela, em 2006, o Ministério da Saúde enviou contraceptivos para atender a 850 mil mulheres. A proposta da Secretaria é ampliar esse número em mais 900 mil mulheres atendidas.

Além do anticoncepcional, a Secretaria prepara-se para oferecer, em agosto, os contraceptivos de hormônios injetáveis (mensal e trimestral), o DIU e a distribuição de Pílulas do Dia Seguinte nas Farmácias Dose Certa, todos gratuitos e sempre com receita médica.

A terceira estratégia é a de dobrar os serviços de laqueadura e vasectomia no Estado. São realizadas, por ano, cerca de 20 mil cirurgias de esterilização. “O governo do Estado propôs uma parceria com os municípios para que haja a ampliação desses atendimentos. Existe um limite de internações pagas pelo SUS e a nossa proposta é a de aumentarmos esse teto. O que pretendemos é diminuir o tempo de espera por esse tipo de cirurgia”, explica Tânia.

Mortalidade materna

Essa é mais uma frente que o Programa Saúde da Mulher deve atacar. Foram identificados no Estado 79 municípios com altas taxas da mortalidade durante a gestação ou no parto (mais de 50 óbitos por 100 mil atendimentos).

De uma reunião com os secretários municipais de saúde desses municípios resultou o compromisso de que eles investigariam e identificariam os principais gargalos na assistência obstétrica em suas cidades. “Acredito que, até a metade do próximo semestre, eles nos apresentem esses levantamentos”, diz Tânia.

A idéia é diminuir a desigualdade de atendimento em todo o Estado. Apesar de ainda aguardar os dados, a coordenadora aponta um aspecto que considera crucial: “É preciso garantir que as mulheres sejam assistidas, tanto no parto quanto nas intercorrências, em hospitais que tenham médicos ou enfermeiras obstétricas 24 horas por dia”, entende ela. Mas, segundo ressalta, em muitos casos isso fica difícil porque um único médico chega a atender vários municípios.

Exames preventivos 

A Fundação Oncocentro está promovendo junto aos municípios do Estado ações para informar e conscientizar as mulheres que não realizaram o exame papanicolau nos últimos três anos para a importância desse acompanhamento. Cerca de 25% das paulistas não fazem o exame. Isso significa que, de um total de 4,6 milhões de mulheres na faixa de 25 a 60 anos, cerca de 1,1 milhão não está atenta à prevenção.

Tânia explica que não só no Estado de São Paulo, mas em todo o País, existe um quadro que precisa ser esclarecido: “Temos um contingente de mulheres que realiza o exame anualmente e outro que não faz isso”. Segundo ela, e imprescindível que este último grupo tome consciência da importância desses exames preventivos e passem a adotá-los como um hábito.

Ela lembra que a Organização Mundial de Saúde recomenda a realização do papanicolau a cada três anos. “A comunidade européia também indica esse período. Temos estudos que apontam que não há diferença no impacto de mortalidade nos países em que o intervalo de três anos é adotado”.

O programa inclui ainda a implantação de serviços de diagnóstico para atendimento às mulheres em Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) a serem instalados pelo governo paulista no interior e litoral. A primeira unidade foi inaugurada em junho, em Itaquera, bairro da zona leste da Capital. “Hoje as mulheres ainda encontram dificuldade para realizar exames de média complexidade, como a ultrassonografia. Essa é uma importante medida preventiva”, diz Tânia. 

A prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs),  que permite o diagnóstico precoce do câncer do colo de útero, também está entre as metas do programa. A prevenção contra o câncer de mama também está entre as prioridades do programa. O primeiro mutirão de mamografia foi realizado em maio e o próximo está previsto para o segundo semestre. Haverá, ainda, a capacitação de profissionais de saúde em todo o Estado para atendimento às mulheres, com ênfase no pré-natal.

Bem-Me-Quer

O atendimento às mulheres vítimas de violência será expandido. Unidades do Projeto Bem-Me-Quer, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, irão para o interior paulista, com tratamento médico e apoio psicológico. Atualmente o projeto funciona no Hospital Pérola Byington, na Capital, e no Conjunto Hospitalar de Sorocaba.

Sobre as farmácias Dose Certa

As Farmácias Dose Certa são um auxílio do governo do Estado à distribuição de remédios na Capital. Oferecem todos os 41 medicamentos do programa Dose Certa, produzidos pela Fundação para o Remédio Popular (Furp), que cobrem 80% das doenças mais comuns. A Furp é considerada o maior laboratório público do Brasil.

As unidades da Dose Certa estão localizadas em locais de fácil acesso, por onde circulam diariamente milhões de pessoas. Algumas delas foram instaladas internamente nas estações – outras ficam localizadas para fora da catraca, visando auxiliar quem já circula, ou não, pelo transporte público.

Joice Henrique