Análise da raiz pode melhorar produção de eucalipto

Com análise, cientistas da Esalq entendem mecanismos fisiológicos da planta

ter, 16/10/2007 - 15h37 | Do Portal do Governo

Por um período de cerca de quatro anos, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, realizaram estudos sobre raízes de Eucalyptus grandis. O objetivo, segundo o professor Leonardo de Moraes Gonçalves, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq, “foi avaliar o crescimento radicular de plantações de eucaliptos, antes e após a colheita, para melhor entender os mecanismos fisiológicos de adaptação da planta ao solo e ao clima em diferentes estágios de desenvolvimento”.

O Eucalyptus grandis é uma espécie comercial usada na produção de celulose, papéis, carvão, serrarias e indústria de móveis. “Trata-se de uma planta bastante versátil”, como diz o professor. Os experimentos foram conduzidos num tipo de solo representativo de mais de 100 mil hectares, na região de Itatinga, próxima à Estação Experimental de Ciências Florestais da Esalq, distante cerca de 30 quilômetros da cidade de Botucatu.

Gonçalves conta que o crescimento radicular foi avaliado durante dois anos e meio, antes e após a colheita das árvores, aos sete anos de idade. Os cientistas colheram amostras da raiz fina da árvore, nos diferentes horizontes do solo até um metro e meio de profundidade, e as análises foram feitas em laboratórios da Esalq.

O professor destaca que a análise radicular forneceu importantes subsídios de comportamento da espécie após o corte. “As raízes finas são as que absorvem água e nutrientes, tendo uma relação direta com os índices de crescimento das árvores. Assim, pode-se entender os mecanismos de adaptação do eucalipto sob diferentes condições de estresses hídrico e nutricional durante as estações climáticas do ano.”

Sistema dinâmico

Gonçalves explica que os estudos contribuem com subsídios científicos para a seleção e adaptação genética de espécies florestais, possibilitando melhor adequação da planta ao ambiente (zoneamento edafoclimático). Ou seja, recomendação de espécies florestais em zonas edafoclimáticas onde elas melhor se adaptam, o que resulta em índices mais elevados de produtividade florestal.

De acordo com o pesquisador, estudos desse tema nunca são definitivos, pois há sempre introdução de novos genótipos florestais, que precisam ser caracterizados quanto ao seu comportamento fisiológico e nutricional. Esse estudo, que faz parte da tese de doutorado do engenheiro florestal Sérgio Luís de Miranda Mello, defendida em 2007, e que foi publicada recentemente na revista científica internacional, Forest Ecology and Management – vol. 246. Segundo alguns pesquisadores nacionais e internacionais, as pesquisas realizadas são de alta relevância científico-metodológica, pois se mostraram eficientes para estudos sobre a adaptação radicular de espécies florestais às condições adversas do meio ambiente.

Antonio Carlos Quinto

Agência USP de Notícias

(I.P.)