Ampliação da jornada de fisioterapia reduz tempo na UTI

Atendimento 24 horas por dia traz benefícios para o paciente e para o hospital

ter, 13/03/2007 - 16h42 | Do Portal do Governo

A ampliação do horário destinado às sessões de fisioterapia em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), de 12 para 24 horas por dia, reduz em até 40% o tempo de permanência do paciente na UTI. Isso é o que indica pesquisa realizada pelo Serviço de Fisioterapia do Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O estudo teve início em setembro numa UTI do HC e avaliou 500 doentes.

A responsável pelo levantamento, professora Clarice Tanaka, do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP, diz que, quando o turno de fisioterapia era de 12 horas, a média de internação na UTI era de dez dias. Após a adoção da jornada de 24 horas, a média de permanência caiu para seis dias. “Isso traz benefícios clínicos para o paciente, pois ele fica menos tempo na UTI e corre menos risco de infecção hospitalar”, explica Clarice.

A professora aponta também benefícios administrativos para o hospital, já que a liberação mais rápida e segura dos leitos aumenta o número de vagas disponíveis. “Além disso, há economia de recursos financeiros que seriam usados na compra de antibióticos e medicamentos de alto custo”, esclarece. Um leito de UTI custa, em média, entre R$ 1.000 e R$ 1.200 por dia.

Qualidade de vida – A fisioterapia garante a “limpeza” contínua dos pulmões, permite a extubação (retirada do tubo traqueal) no período noturno, diminui a agressão mecânica ao organismo e propicia recuperação pulmonar mais rápida do paciente. O estudo revelou também que a ausência de trabalho intensivo dos profissionais, 24 horas por dia, aumenta o risco de piora do quadro respiratório do paciente, com a necessidade de reintubação e a possibilidade de que contraia pneumonia pelo uso da ventilação mecânica. “A redução de complicações, com melhora significativa do doente, deve-se ao tratamento noturno”, avalia Clarice.

Embora o enfoque respiratório seja importante para o interno da UTI, a equipe de fisioterapia proporciona atendimento integral a ele. “Cuidamos também da questão da mobilização. Quando está em condições, fazemos exercícios e a retirada do leito para evitar transtornos causados pela imobilidade”, informa a pesquisadora, reforçando a importância do monitoramento continuado do paciente feito pelo fisioterapeuta.

A partir dos resultados da pesquisa, o HC tem gradativamente estabelecido a fisioterapia em período integral em outras UTIs, inicialmente nas cirúrgicas. São três unidades com turnos de 24 horas, e há a expectativa de ampliar esse tipo de atendimento. “Por enquanto, não temos profissionais em quantidade suficiente para atender à demanda noturna em todas as UTIs do HC”, diz Clarice.

Atendimento ambulatorial – O Instituto Central está criando uma Unidade de Atendimento Ambulatorial em Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional de alta complexidade, que deve iniciar suas atividades em dois meses. A estrutura física –  seis consultórios, três boxes individuais, três salas de atendimento para fisioterapia em grupo, recepção e sala de espera – está pronta. Falta concluir os processos de compra de alguns equipamentos, como eletromiógrafo, plataforma de força e um sistema especializado de câmeras, instrumentos que fazem avaliação funcional dos movimentos.

A professora estima que a nova unidade tenha capacidade de 40 atendimentos por hora, 12 horas por dia, nas três especialidades. “O atendimento ambulatorial é essencial porque garante a continuidade do tratamento e previne disfunções e seqüelas em pacientes com distúrbios neurológicos, músculo-esqueléticos e respiratórios”, enfatiza Clarice. “As sessões podem evitar a limitação funcional de movimentos que, na maioria das vezes, afasta o indivíduo do convívio social.”

Sirlaine Aiala

Da Agência Imprensa Oficial

(R.A.)