Ambulatório da Unicamp é referência em tratamento de obesidade infantil

Principal ferramenta para tratar criança e adolescente obesos é a modificação de hábitos e da rotina alimentar de toda a família

sex, 11/11/2011 - 20h00 | Do Portal do Governo

A obesidade infantil e adolescente é um problema de saúde pública tão grave que levou a Unicamp a criar ambulatório especializado na assistência. “Desde abril de 2005, quando foi inaugurado, cerca de 200 crianças acima do peso já passaram pela unidade. Mas o sucesso do tratamento é tímido (apenas de 10% a 15% delas tiveram alta) porque o ambiente social e a família estimulam a obesidade. A principal consequência é a antecipação de doenças do adulto, como hipertensão e diabetes”, lamenta o médico Antônio de Azevedo Barros Filho, idealizador do serviço.

O Ambulatório de Obesidade da Criança e Adolescente funciona toda quarta-feira, das 13 horas às 17h30 no Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp. Oferece dez vagas por mês, que chegam por encaminhamento das unidades básicas de saúde (UBSs) da região de Campinas e dos próprios ambulatórios do HC. Quando há vagas, atende também pacientes de outras cidades.

A equipe formada por quatro docentes de pediatria e alunos da pós-graduação em Psicologia, Educação Física, Nutrição e Fisioterapia atende crianças e adolescentes entre 3 e 20 anos, com peso inapropriado para idade, estatura e sexo (diagnóstico de obesidade).

Gente de peso

O doutor Barros, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, informa que a unidade recebe crianças e adolescentes que pesam de até 160 quilos. Os profissionais solicitam exames diversos e tratam hipertensão, diabetes e dislipidemia. Se detectarem outros problemas de saúde, como ortopédicos e respiratórios, o paciente recebe orientação e é encaminhado ao serviço especializado do próprio HC. A assistência no ambulatório prevê retorno trimestral e acompanhamento dos casos mais graves.

O paciente passa por consulta de fisioterapeuta, que avalia a postura, orienta a posição correta e alerta sobre as consequências dos maus hábitos. Enquanto a nutricionista aborda a mudança de hábitos familiares e inclusão de alimentos saudáveis – frutas, verduras, legumes e carne magra. “A principal ferramenta para tratar criança e adolescentes obesos é a modificação dos hábitos e da rotina alimentar de toda a família. A conscientização e a adesão ao tratamento ainda representam o desafio dos nutricionistas”, afirma a nutricionista da unidade Helen Rose Camargo Pereira, doutoranda em Saúde da Criança e do Adolescente na FCM.

De acordo com idade, peso, condição de saúde e realidade social da criança e adolescente, a educadora física Silene Montoro avalia e orienta qual esporte é mais apropriado. Dependendo do caso, incentiva-os a caminhar ou a andar de bicicleta em parques públicos ou clubes de entidades de classe. Se tiver condição financeira, a sugestão é frequentar uma academia. A especialista frisa que como a criança não tem autonomia, precisa da ajuda dos pais para conduzi-la aos locais de atividade física.

Responsabilidade familiar

Como criança de três a cinco anos gosta de atividade lúdica, Silene ensina que os pais devem brincar com o filho. A partir dos setes anos, a garotada aprecia recreação esportiva de acordo com a aptidão de cada um. Já o adolescente, prefere academia. A profissional envia carta de recomendação ao educador físico e indica a atividade mais apropriada.

“No mestrado, entrevistei pacientes do ambulatório e constatei que, após essa consulta, 81% deles passaram a praticar alguma atividade física. Os pais aceitam a orientação. Os filhos realizam esportes, melhoram o desempenho e condição física, mas não emagrecem porque continuam comendo errado”, analisa Silene. “A partir da orientação no ambulatório, há jovens que se destacam em grupos de dança da cidade e no judô”, diz.

“Pesquisas indicam que 30% dos brasileiros têm sobrepeso ou são obesos. Nos Estados Unidos, a estatística chega a 65%. A obesidade é um problema mundial que aumenta a cada dia”, alerta o professor Barros. Segundo a educadora física, existem 1 bilhão e 200 milhões de pessoas com sobrepeso no mundo, ao passo que os desnutridos chegam perto de 800 milhões: “Isso ocorre porque a comida hoje é mais barata, principalmente os produtos industrializados à base de farinha com sabor (frituras, doces e bolachas). Além disso, a família precisa assumir a responsabilidade da alimentação saudável dos filhos e incentivá-los a praticarem atividade física”.

Da Agência Imprensa Oficial