Alunos do Projeto Guri rio-pretense se apresentam nos EUA

Grupo de referência de cordas tocará no campeonato musical dos estudantes da Sphinx, em Detroit

seg, 06/02/2012 - 18h00 | Do Portal do Governo

Se depender dos 18 alunos do grupo de referência de cordas da regional de São José do Rio Preto todos farão bonito durante a apresentação no campeonato musical dos estudantes da Sphinx, para o qual foram convidados. A Sphinx é uma ONG norte americana, com sede em Detroit, no Estado de Michigan, que tem como missão promover a música clássica a grupos de jovens.

De malas prontas, o grupo, que congrega alunos dos polos de Catanduva, Nova Granada, Votuporanga, Novo Horizonte, Guapiaçu, José Bonifácio e São José do Rio Preto, afina os instrumentos e ensaia sem parar (até 8 horas por dia), em casa e na sede do Guri do município. Muitos deles já integram Orquestras Sinfônicas da região, entre elas a Orquestra Sinfônica e a Orquestra Jovem, ambas de São José do Rio Preto, e a Orquestra do Conservatório Belas Artes.

Adriel Rodrigues Ferraz, 15 anos, de Nova Granada, toca violino e é vencedor, na categoria solista, do Mapa Cultural Paulista, edição regional. Em breve, participará, em São Paulo, da gravação de um CD e de um DVD, em homenagem ao compositor paulista Oswaldo Lacerda. De família de músicos, pai violinista e mãe tecladista, diz que o Guri provocou uma mudança radical na sua vida, em termos de disciplina e gosto pela música. “A ida a Detroit tem sabor especial, de vitória mesmo”, diz Adriel que sonha em cursar faculdade de música, mestrado e doutorado. “Nada mal para quem só conhece São Paulo”, brinca.

Intercâmbio

Em Detroit, o grupo ficará até o dia 12 para participar de diversas atividades com os alunos da instituição americana. O intercâmbio cultural entre o Guri e a Sphinx começou em setembro do ano passado, quando quatro musicistas da Sphinx estiveram em São José do Rio Preto e desenvolveram várias ações com educadores e guris, encontro que foi finalizado com uma aula-espetáculo gratuita e aberta ao público, no Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto. A proposta do intercâmbio nasceu de um encontro entre a Sphinx e a Amigos do Guri no Ispa – International Society for the Performing Arts, um dos mais importantes congressos internacionais de música.

Segundo Alessandra Costa, diretora-executiva da organização gestora Amigos do Guri, a experiência desenvolvida pela Sphnix é referência para projetos sociais que trabalham com música. “A organização realiza um trabalho de ensino musical com aulas coletivas e individuais, voltado para jovens de escolas de comunidades de baixa renda. E já conseguiu resultados expressivos em 15 anos de atuação”.

Clima festivo

Na sede do Guri de São José do Rio Preto, o clima é de festa, expectativa e muito trabalho. Nos três dias que antecederam a viagem, cumpriram rotina puxada, comenta o violinista Felipe Carvalho, 15 anos, que terá a missão de preparar, em conjunto com a Bárbara Fava da Costa e o Adriel, o diário de bordo. “A cada momento experimentamos uma novidade, não só nos ensaios, mas também na escolha das roupas que vamos usar lá, que é gelado, pois a gente aqui só tem roupa de calor. Também pesquisamos na internet para saber mais sobre a cidade, que não é só a capital do automóvel, como dizem, mas é um baita centro de cultura”, diz Felipe.

De família de músicos, pais e tios, ele conta “que tem primo na faculdade de música e outro, bem novinho, entrou recentemente no Guri, como flautista”. Agora, todo mundo quer fazer Guri na família”, brinca. O convite para Detroit foi impactante, diz. Vão tocar três concertos, num deles, em traje de gala, depois com o uniforme do Guri. O repertório inclui Villa-Lobos, Leroy Anderson, Mozart e George Philipp Telemann.

A violoncelista Bárbara, de Catanduva, 17 anos, gosta da maratona dos ensaios, de escolher roupas de frio em pleno verão rio-pretense, de trocar ideias com os colegas e da missão do diário de bordo. Como os outros colegas, a garota tem tudo sobre Detroit na cabeça, graças ao Google, e está eufórica com o momento. “Se eu não estivesse no Guri, dificilmente teria essa oportunidade, ainda mais que já tenho dois irmãos mais novos no projeto: um de 15 e outro de 12 anos, no violoncelo e na viola erudita. Eles e a família inteira estão torcendo pelo nosso bom desempenho lá”.

Os 36 polos

O polo do Guri na cidade iniciou suas atividades em 2006, mas a proposta de referência de cordas começou no ano passado. João Ramalho, técnico em instrumento e coordenador do grupo, explica que a proposta é reunir os alunos mais avançados, com conhecimento aprofundado em música. “Esses jovens, assim como os do grupo que irá a Detroit, chegam com alguma formação musical, adquirida no meio familiar, em coro de igrejas e no próprio Guri”. Só na região de São José do Preto estão instalados 36 polos.

“Na verdade, tocar em outro país era um sonho de todos eles. Fomos surpreendidos com a visita e o convite. Imaginávamos que isso ocorreria somente mais tarde”, afirma Ramalho.

Da Agência Imprensa Oficial