Alunos de doutorado da Esalq realizam intercâmbio nos Estados Unidos

Estudantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, analisam desenvolvimento do milho tropical

ter, 11/02/2020 - 14h34 | Do Portal do Governo
DownloadDivulgação/Esalq/Filipe Inácio Matias

Doutorandos no programa de Genética e Melhoramento de Plantas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), Júlia Silva Morosini e Fernando Garcia Espolador realizam intercâmbio na University of Wisconsin-Madison, dos Estados Unidos. Sob orientação da professora Natalia de Leon, as teses dos alunos envolvem o estudo de milho tropical. Na Esalq, as teses têm orientação do professor Roberto Fritsche Neto, do departamento de Genética.

Júlia Silva Morosini desenvolve trabalhos relacionados à genética quantitativa, ou seja, analisa os componentes da herança das características sob uma abordagem estatística. Fernando Garcia Espolador está focado no estudo de diversidade do milho tropical, buscando entender como o item se caracteriza do ponto de vista fenotípico (o que vemos da planta) e genotípico (a informação contida no DNA).

Os estudantes foram selecionados para apresentarem oralmente os trabalhos na Corn Breeding Research Meeting, evento que ocorre anualmente nos Estados Unidos e reúne pesquisadores de melhoramento de milho de instituições públicas e privadas. “Foi uma experiência muito gratificante. Pudemos ver o que há mais de novo na área e ainda tivemos o privilégio de apresentar nosso trabalho. Todas as discussões decorrentes foram muito prolíficas”, destaca Fernando Garcia Espolador.

Desenvolvimento

Conforme explicam os pesquisadores, o milho plantado nas regiões tropicais é derivado de materiais temperados, isto é, plantas de milho que foram crescidas e adaptadas ao hemisfério norte. “Apesar do desenvolvimento razoável e dos bons índices de produtividade alcançados no Brasil, ainda há muito a ser explorado geneticamente no milho, o que representa potencial para elevação substancial da produtividade e adaptabilidade às regiões tropicais, como o Brasil e o continente africano”, explicam.

Os programas de melhoramento de milho estão baseados na exploração de um fenômeno chamado heterose ou vigor híbrido, que ocorre quando a progênie apresenta performance superior à média dos pais. Por exemplo: para a produtividade, que é o caráter de maior interesse agronômico, a heterose ocorre quando a progênie produz mais que a média de produção dos pais.

Para maximizar a manifestação desse efeito, os pais precisam ter baixo grau de parentesco, ou seja, serem geneticamente distantes um do outro. Segundo Júlia Silva Morosini, é fundamental dividir o conjunto de linhagens/pais em grupos, denominados grupos heteróticos. O trabalho tange especificamente como o germoplasma tropical ainda está em construção e não apresenta esses grupos bem definidos.

“Estudamos modelos que forneçam os melhores agrupamentos do ponto de vista genético”, salienta a pesquisadora. Já Fernando Garcia Espolador identifica a caracterização do germoplasma tropical com base nas informações de marcadores moleculares.

Produtividade

A deficiência de nitrogênio, uma grande restrição para a produtividade do milho especialmente em regiões tropicais, está inserida no contexto do trabalho. Os doutorandos identificaram que o agrupamento de pais feito em condição de estresse por nitrogênio não é o ideal para ser usado em condição sem estresse, pois leva a uma subexploração da heterose. Por esse trabalho, Júlia ganhou o prêmio de 2º lugar no ASTA’s CSS Poster Presentation Contest 2019, a maior congregação de profissionais de melhoramento nos Estados Unidos.

O evento ocorreu em Chicago, entre 9 e 12 de dezembro de 2019. “Receber o prêmio foi uma enorme satisfação e um momento marcante em minha carreira. O intercâmbio tem nos possibilitado trabalhar intensamente diversas habilidades, e esse trabalho é fruto disso”, comenta Júlia Silva Morosini.

O trabalho conduzido pela pesquisadora tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Fernando Garcia Espolador tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).