Alunos da Unesp de Araraquara conquistam 2º e 4º lugares em concurso de nanoarte em Nova York

Obra que não pode ser vista a olho nu é realizada em centro especializado em tecnologia industrial

dom, 18/04/2010 - 13h00 | Do Portal do Governo

As imagens “Net-like”, de Ricardo Tranquilin, e “Bees at Home”, de Daniela Caceta, alunos da Unesp de Araraquara, conquistaram o segundo e quarto lugares, respectivamente, na IV Mostra Internacional On-line de Nanoarte 2009-2010. A disputa é organizada pela Universidade de Nova York e nesta edição contou com a participação de artistas de 16 países. Os dois brasileiros são técnicos em microscopia do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (Inctmn), com sede no Instituto de Química (IQ), câmpus de Araraquara. Tranquilin é também doutorando pela Faculdade de Ciências, câmpus de Bauru.

No total, a equipe brasileira enviou 15 imagens, sob a orientação do técnico em microscopia do Inctmn, Rorivaldo Camargo. O primeiro lugar ficou com a dupla italiana Simone Battiston e Andrea Leto, pela obra “Strelitzia-like titanium oxide”. A terceira posição foi para Linda Alterwitz, dos Estados Unidos pelo trabalho “Downtown Pano”. Todas as obras podem ser vistas no site do evento. As dez melhores serão dispostas em telas para exposições na Alemanha e na Finlândia, onde poderão ser comercializadas.

A nanoarte é uma forma recente de artes plásticas que utiliza a ciência e a tecnologia para produzir imagens de impacto estético. O olhar do artista, que quase sempre também é um pesquisador da área de química, física ou biologia, foca as paisagens em dimensões nanométricas. Isso significa que a obra é produzida a partir de um milionésimo de milímetro ou um bilionésimo de metro.

Para chegar aos resultados, os autores manipulam a matéria em níveis moleculares, usando processos físicos e químicos. Essas estruturas são visualizadas apenas com ferramentas específicas, como um microscópio eletrônico de varredura de alta resolução ou de força atômica, também chamado de microscópio de tunelamento. Essas máquinas conseguem produzir imagens de qualidade e com aparência tridimensional.

A microfotografia não deve ser confundida com nanoarte por se limitar apenas a capturar imagens em níveis microscópicos. Os nanoartistas vão além, modificando as moléculas para criar esculturas, gráficos, pinturas, um verdadeiro acervo cultural invisível a olho nu.

O interesse do público pode ser uma forma de divulgar a ciência, acredita o professor Elson Longo, coordenador do Inctmn. Algumas dessas obras chegam a custar 15 mil dólares. “A junção de ciência e arte é capaz de transformar sistemas extremamente complexos em formas simples e proporcionar um melhor entendimento das origens dos materiais”, afirma.

Cerâmicas eletrônicas 

O Inctmn promove, com instituições parceiras, a pesquisa básica e aplicada sobre a caracterização e o processamento de materiais cerâmicos nanométricos. Os estudos buscam utilizar tal conhecimento no desenvolvimento de cerâmicas eletrônicas de alto desempenho. Esse material tem aplicação na indústria aeroespacial, automotiva, médica, de telecomunicações e de eletrodomésticos.

A atuação do órgão se estende por 12 estados brasileiros, incluindo São Paulo. Além do IQ, a presença paulista do Inctmn se estende aos câmpus da Unesp em Bauru, Presidente Prudente e Ilha Solteira, as unidades da USP de São Carlos e na capital, além da Universidade Federal de São Carlos, (Ufscar) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).

O instituto forma uma rede de pesquisa com o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (Cmdmc), com sede também no IQ. Juntos, já publicaram, em oito anos, 774 trabalhos em revistas internacionais e sessenta em nacionais.

Da Unesp