Alunos da rede estadual dizem não à pirataria

Secretaria de Estado da Educação promove projeto contra mercado ilegal. O objetivo é atingir mais de 170 mil estudantes

sex, 12/10/2007 - 13h15 | Do Portal do Governo

Olhos e ouvidos atentos. Cotovelos sobre a mesa, cabeça apoiada nos braços e a resposta na ponta da língua: “Pirataria não vale a pena”. São aproximadamente 500 alunos de 1ª a 4ª série que, contrariando a pouca idade, pilotam um projeto experimental que visa o combate à pirataria e sonegação fiscal. Temas complexos que ganharam eco entre os pequenos estudantes da Escola Estadual Josefina Maria Barbosa, onde há cerca de cinco meses alunos e professores desenvolvem um trabalho de conscientização acerca do comércio ilegal: “Não compro mais nada pirata e também falo para a minha mãe não comprar. Ela já diminuiu bastante”, orgulha-se José Ribamar da Silva Neto, 10 anos.

A escola foi escolhida entre as mais de cinco mil da rede estadual de ensino para desenvolver o programa. Os resultados, garante a diretora Márcia Mariko Paredes, já são evidentes entre os fiscais mirins. “Eles aprenderam e agora querem ensinar isso em casa. O melhor é que eles entenderam que mudar isso só depende deles. São eles que escolhem se vão comprar ou não um produto pirata.”

Transformar a prática ilegal em conceito de cidadania transformou-se em desafio para os 40 professores da escola. O pontapé inicial foi dado por meio de uma pesquisa realizada junto aos pais dos alunos. “Precisávamos entender como a comunidade lidava com esse assunto e se consumiam ou não produtos no mercado paralelo”, conta a professora-coordenadora Adriana Cândida Colini. O resultado, entretanto, revelou-se preocupante: 75% deles afirmaram que consumiam produtos piratas e 31% deles trabalhavam no mercado informal.

“Tomamos muito cuidado para abordar o tema com os alunos. Não impusemos nada, foi um processo lento”, ressalta a professora Sônia Maria Almeida. Entre as tarefas propostas aos pequenos fiscais, os prejuízos causados por produtos falsificados foram aqueles que mais chamaram a atenção dos alunos. O rol de malefícios, como eles próprios destacam, transita entre a falta de qualidade dos produtos e os riscos que eles podem causar, inclusive, para a saúde dos consumidores desavisados.

Entre os exemplos: câncer de pele causado pelo uso de cosméticos não-originais, problemas de visão, fruto de óculos de sol falsificados, além dos danos que cds e dvds pitaras geram aos aparelhos eletrônicos. “Um dia comprei um óculos e ele rachou só de eu usar. Nem chegou a cair no chão”, reclama Renata Soares Vilela, da 4ª série do ensino fundamental. “Também comprei um dvd e quando fui assistir não aparecia nada. Fui tentar trocar, mas o vendedor não deixou”, queixa-se o colega de sala José Ribamar.

Para deixar claro que aprenderam de fato a lição, os alunos criaram uma paródia sobre o tema e agora ensaiam a apresentação de uma peça teatral, ainda sem data definida. A feira de ciências também será ilustrada pela temática do mercado ilegal. “Os alunos vão ensinar aos pais e outras pessoas que estiverem visitando a feira, a diferença entre um produto ilegal e um pirata. Eles também vão explicar todos os problemas fiscais que causam aqueles que compram mercadorias nos camelôs”, afirma a coordenadora Adriana.

Os valores se inverteram e agora são os filhos que pretendem dar o bom exemplo dentro de casa: orgulhosos pelos conhecimentos adquiridos nos últimos meses, os pequenos cidadãos almejam convencer os pais da importância de pagar mais caro por um produto melhor. “Mesmo com a diferença de preço, vale a pena comprar o original. O outro nem tem garantia”, ressalta Renata. Como resultado da súbita conscientização, até os piratas de ‘olho de vidro’ acabaram levando a pior. “Eles roubavam os navios. Eram maus”, resume José.

Da Secretaria da Educação

(L.M.)