Alunos da Poli participam de projeto internacional de criação de veículo

Iniciativa da GM reúne 200 estudantes do Brasil, Alemanha e EUA, entre outros países

ter, 07/08/2007 - 15h48 | Do Portal do Governo

Alunos da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo participam de projeto internacional com outros 200 estudantes de dez países. O objetivo é desenvolver um veículo movido a álcool. A experiência do Brasil com esse tipo de combustível fez com que os brasileiros fossem escolhidos para a tarefa de modificar o motor modelo Ecotec 2.2L, da General Motors americana. Desde o fim de 2006, Caio Cavalcante Dimov, do 4o ano de Engenharia Mecânica, e Rodrigo Thiago Vioto Cunha, do 4o ano de Engenharia Mecatrônica, estão envolvidos no projeto Fórmula, do Partners for the Advancement of Collaborative Engineering Education (Pace). Esse programa é organizado pela GM mundial, com o apoio das empresas UGS, EDS, Sun Microsystems, Siemens e HP, entre outras.

O projeto é um verdadeiro desafio tecnológico a ser solucionado pelos estudantes de design e de engenharia provenientes do Brasil, Alemanha, Austrália, Canadá, China, Coréia do Sul, EUA, Índia, México e Suécia. A comunicação entre os participantes é feita por e-mail, chats e videoconferência.

No ano passado, a Poli foi premiada por sua participação em outra atividade do Pace, na qual 150 universitários criaram um veículo virtual. Agora, a situação é outra. “As dificuldades cresceram muito, pois se trata de um carro real, bem diferente do projeto anterior”, comenta o professor Marcelo Augusto Leal Alves, coordenador da iniciativa. O desenvolvimento deverá levar cerca de dois anos e os alunos encontram-se na fase de pesquisa e conhecimento do motor. A parte que cabe aos brasileiros é aumentar a potência do Ecotec 2.2L e fazê-lo rodar com 100% de álcool (etanol). “Para isso precisamos conhecer bem o motor, definir especificações e propor alterações. Planejamos também passar a potência inicial de 150 cv para 350 cv”, afirma o estudante Caio.Em pé de igualdade – Nas primeiras semanas de julho, Caio e Thiago estiveram na Brigham Young University (BYU), nos Estados Unidos. “Nosso primeiro contato com o motor foi durante a visita, mas já conhecíamos alguns parâmetros de projetos, que serviram de base para o início de nossa pesquisa”, diz Caio. Souberam mais, também, sobre o veículo. “Nesta etapa do projeto, ao menos um estudante de cada equipe participou da montagem, não necessariamente de sua parte do carro. Eu e o Thiago ajudamos a montar os freios e a direção, por exemplo”, explica Caio.

Depois dos EUA, os dois alunos brasileiros e o professor Alves foram para a Alemanha, onde participaram, entre os dias 23 e 28 de julho, do Fórum Mundial do Pace, realizado na Technische Universität Darmstadt (TUD). O trabalho realizado até agora pelos estudantes dos vários países foi apresentado aos membros da indústria e aos demais participantes. Caio avalia como muito positiva essa ida ao fórum: “Realizamos atividades que nunca faríamos em sala de aula ou em laboratório. Foi importante também a convivência com profissionais e alunos de outros países”.

“A nossa participação indica que o nível dos alunos da Poli é o mesmo dos das demais universidades. O projeto foi feito por estudantes de graduação de forma colaborativa, de maneira semelhante ao que ocorre nas empresas de atuação global. Além de desenvolver o veículo em si, o importante é aperfeiçoar a maneira de trabalhar em conjunto com pessoas de culturas diversas, separadas por grandes diferenças de fusos horários e com distintas formações”, explica o professor Alves.Internacionalização – O custo de desenvolvimento e construção do carro é estimado em US$ 200 mil, e as equipes esperam contar com o patrocínio de outras empresas para dar o suporte necessário ao projeto. O Pace pretende contribuir na formação de mão-de-obra mais qualificada e atualizada para o setor automotivo. Os quatro laboratórios da Poli equipados pelo programa possibilitam aos alunos da faculdade usufruírem dos mesmos recursos de que dispõem importantes centros universitários de outros países.

Na USP, o projeto será desenvolvido paralelamente às aulas, no tempo livre dos alunos. “As pesquisas não têm carga horária fixa, já que em dados momentos é necessário o aprendizado de certas ferramentas de projeto”, explica Caio. O estudante avalia que o tempo médio reservado por ele e seu colega Thiago a esse trabalho será de 40 horas mensais.

“A participação no projeto global é importante para mais uma vez marcar o compromisso da Poli com sua internacionalização”, avalia o professor Alves. “Além do intercâmbio de alunos, é importante que a escola possa mostrar que a nossa formação é de alto nível. Como docente, vejo que é relevante discutir com os colegas de outros países como tornar nossas disciplinas mais adequadas a todo o processo de internacionalização”, completa.

Cláudio Soares

Da Agência Imprensa Oficial