Alunos da Escola Municipal Leão Machado descobrem o prazer da leitura

Em sala de aula, o programa aprimora metodologia de ensino e já mostra bons resultados

dom, 22/04/2007 - 12h47 | Do Portal do Governo

Há cerca de dois meses João Pedro Silva Anchieta é aluno da 1ª série da Escola Municipal Leão Machado, localizada na Vila Livieiro (entre os municípios de São Paulo, São Bernardo e Diadema). Completará sete anos em outubro e lamenta não saber escrever seu nome em letra cursiva.”Sei fazer letra de fôrma”, desculpa-se, explicando o que é uma letra cursiva. Entretido com seu caderno, colava figuras de animais, identificando cada um deles, em caprichada caligrafia. E concluía orgulhoso: “É, estamos estudando a evolução dos animais”.

Mesmo sem saber, João Pedro e seus colegas de classe têm seu processo de alfabetização orientado pelo Programa Ler e Escrever, que trouxe mudanças à rotina escolar. A desenvoltura de João Pedro, em tão pouco tempo em sala de aula, pode ser um interessante retrato dessa nova realidade.

Quem atesta a evolução dos alunos e a rapidez no processo de alfabetização a partir do Programa é a professora de João Pedro, Daniella Bizzutti. “Os resultados são muito rápidos. As aulas começaram no dia 6 de fevereiro e acredito que até julho, 90% dos alunos estarão alfabetizados, o que significa ler e escrever pequenos textos. Antes levávamos um ano para conseguir esse resultado e nem sempre conseguíamos”, avalia. Para ela, o Programa traz um método mais trabalhoso para o professor, porque cada aluno recebe atenção praticamente individualizada, mas os resultados compensam.

Daniella explica que a metodologia estimula a utilização de diversos materiais como gibis e revistas e que o aluno não fica restrito apenas ao uso do lápis e da borracha. Ela dá como exemplo as canções infantis. Enquanto as crianças cantam e acompanham as letras, elas estão fazendo associações, estão aprendendo.

Nas turmas de 4ª série, algumas diferenças são trabalhadas. No ano passado, Vera Nóbrega da Costa Magno ministrou aulas para a turma PIC (Projeto Intensivo no Ciclo I ). Como prevê o Programa, essa turma reúne os alunos de 4ª série que apresentam dificuldades de escrita e leitura. Além de algumas disciplinas regulares da grade, eles freqüentam sala de leitura e de informática e participam de educação física.

“O que observei é que eles tinham medo de escrever e de ouvir o que o outro contava”, afirma Vera. Ela explica que, para reverter esse quadro, o primeiro passo foi trabalhar a auto-estima e a disciplina dessas 26 crianças, além de buscar o apoio e a parceria dos pais. Criatividade na utilização de recursos para estimular o aprendizado também esteve na pauta durante o período letivo. E os resultados foram bastante satisfatórios, avalia a professora: “Ao longo do ano vimos que esses alunos passaram a ler e, o mais importante, fizeram uma maravilhosa descoberta: o prazer da leitura”.

Informações e parceria

Segundo a coordenadora pedagógica do Ciclo I, Denise Conti Bigal Catelli, no ano passado, a escola Leão Machado alfabetizou 86% de seus alunos de primeira série. Por falta de dados de acompanhamento ela explica que é bastante difícil estabelecer comparações com os anos anteriores, mas por experiência, acredita que antes da implantação do Programa, a alfabetização dos alunos de primeira série oscilava entre 60% e 70%.

Outro importante avanço é a sistematização dos processos e dos registros escolares que o Ler e Escrever leva às escolas. É o que acredita a diretora da Divisão de Orientação Técnico-Pedagógica da Coordenadoria de Ensino do Ipiranga, Denise Bullara Martins da Silva, que complementa: “O acompanhamento das crianças é feito desde a fase pré-silábica até a alfabetização o que permite intervenções pontuais e mais eficientes”.

Para a coordenadora pedagógica do Ciclo II (alunos de 5ª a 8ª séries) da escola, Carmen Silva Lopes, além da criação de um banco de dados, essas informações são discutidas de maneira qualitativa. Carmen destaca ainda que esse modelo de alfabetização traz uma nova realidade para as salas de aula: “Tínhamos um aluno que não pensava, apenas seguia o professor. Hoje esse professor troca experiências com seu aluno, todos aprendem muito mais e estabelecemos práticas de leitura que antes estavam esquecidas pela escola.”

Joice Henrique

(R.A.)