Alckmin retira grades da carceragem de mais um distrito policial na Capital

Governo paulista já derrubou grades de 15 dos 21 DPs que tiveram suas carceragens desativadas

sex, 25/05/2001 - 16h11 | Do Portal do Governo


Governo paulista já derrubou grades de 15 dos
21 DPs que tiveram suas carceragens desativadas

Os policiais civis que trabalham no 90º Distrito Policial, no Parque Novo Mundo, Zona Norte da Capital, tiveram um aumento de 80% do tempo disponível para investigações e esclarecimento de crimes. Isso aconteceu porque os 90 presos que ocupavam a carceragem do DP foram transferidos para o Centro de Detenção Provisória II do Belém ou para penitenciárias, em dezembro do ano passado.

Na manhã desta sexta-feira, dia 25, o governador Geraldo Alckmin esteve no local para a cerimônia simbólica de derrubada das grades do 90º DP. “Esse é o 15º Distrito Policial que tem sua carceragem desativada e a grade retirada para não correr o risco de, daqui há algum tempo, voltar a ter presos”, afirmou.

O município de São Paulo tem, ao todo, 93 Distritos Policiais, dos quais, 21 já não abrigam mais detentos. Trata-se de um esforço do Governo paulista para a retirada de presos de Cadeias Públicas e Distritos Policiais em todo o Estado. “A cadeia não oferece segurança porque é um local de visitação, não tem revista, não tem muralha, não tem guarda de muralha. Então, a medida que você desativa essas carceragens e constrói os Centros de Detenção Provisória, com todos os sistemas de segurança, você está tomando medidas efetivas no sentido de fortalecer a segurança”, destacou Alckmin.

De acordo com o delegado titular da unidade, Mário Gomes Pereira Filho, a retirada dos presos contribuiu muito para aumentar as condições de trabalho no Distrito Policial. “Para se ter uma idéia, tenho 32 policiais trabalhando nessa delegacia. Hoje, quatro estão escoltando um detento que está num hospital público da região aguardando vaga em hospital penitenciário”, exemplificou. “Quanto tínhamos presos aqui, isso acontecia o tempo todo, além dos policiais ocuparem quase todo o tempo cuidando dos detentos”.

Para o investigador Cláudio Roberto Rinaldi Júnior, a eficiência do Distrito pode ser verificada pelos números. “Nos últimos dois meses apreendemos mais de R$ 1 milhão em cargas roubadas. Esse crime é muito comum na região porque há muitas empresas de transporte por aqui”, afirmou. “Também temos mais tempo para ter contato com os comerciantes e com a população local. Isso ajuda bastante”.

Já o carcereiro Pedro Roberto Zorzi que, além da entrada e saída das pessoas que eram presas em flagrante também precisava fazer a vigilância dos detentos, observou que cuidar de presos era “um trabalho muito árduo”. Ele lembrou que em três anos combateram mais de 30 tentativas de fuga e trocaram tiros com uma quadrilha que tentou resgatar presos. Hoje, Zorzi é responsável pela transferência das pessoas presas em flagrante para os CDPs e também ajuda a equipe de investigação. “A retirada dos presos significou um aumento na eficiência das investigações, que em alguns casos chegou a aumentar 400%. A qualidade dos inquéritos policiais, ou seja, a produção de provas também aumentou. Os policiais têm condições de colher a prova sem contaminá-la e a investigação se aproxima mais da perícia. Isso permite identificação mais rápida dos criminosos“, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antonio Desgualdo. “Com isso, a repressão passa a funcionar como prevenção, porque você tem condições de desativar quadrilhas e identificar com mais facilidade onde e como os marginais operam”, afirmou.

CDPs

Para retirar os presos dos distritos e Cadeias Públicas o Governo do Estado construiu cinco Centros de Detenção Provisória (CDPs) na Região Metropolitana. Três na Capital, sendo um no bairro de Vila Independência e dois no bairro do Belém, e dois no município de Osasco. Além disso, outros três estão sendo construídos na Grande São Paulo (dois em Guarulhos e um em São Bernardo do Campo) e a Prefeitura de Mogi das Cruzes cedeu terreno para mais uma unidade. “Também estamos localizando alguns terrenos, do próprio Governo, próximos do Rodoanel para poder construir mais rapidamente novos CDPs”, afirmou Alckmin. Cada unidade tem capacidade para receber 768 detentos que ainda não foram julgados. “Esse Distrito Policial, o 90º, tinha 95 presos em quatro celas pequenas”, lembrou o governador. “Cada CDP permite a desativação de cinco ou seis distritos como esse”.

O Interior do Estado também tem Centros de Detenção Provisória em construção (um em Capinas, um em São Vicente e um em Taubaté) e um em Campinas, já construído, além de dez Centros de Ressocialização de Presos. De acordo com o secretário-adjunto da Segurança Pública, Mário Papaterra Limongi, tratam-se de pequenas cadeias com capacidade para cerca de 200 detentos, em cidades de médio porte e que contam com a participação ativa da comunidade local na ressocialização dos presos, a exemplo do que já acontece na Cadeia de Bragança Paulista. “Isso vai dar um reflexo muito positivo em médio prazo, porque essas cidades não mandarão mais seus presos para o sistema penitenciário. Só mandarão os muito perigosos”, afirmou Papaterra.

Quanto a questão do deslocamento de presos para interrogatório nos Fóruns, Alckmin afirmou que está sendo estudada junto ao Poder Judiciário a possibilidade do interrogatório ser feito de maneira ‘virtual’, numa espécie de teleconferência. Além disso, os CDPs já contam com local onde os presos podem ser ouvidos sem necessidade de deslocamento. “Fazemos perto de 40 escoltas por dia. Cada deslocamento de presos para os Fóruns demanda um grande número de policiais militares, além do risco de resgate. Os presos de alta periculosidade tem uma escolta maior”, explicou o governador. “Esses avanços tecnológicos precisam ser colocados em prática porque quanto mais presos você tem, mais presos você tem que levar para o Fórum e mais imobiliza a Polícia”.

Alckmin lembrou que a Polícia atualmente está mais bem armada e bem equipada e que melhorou muito sua eficiência. “Há seis anos, tínhamos 55 mil presos. Hoje chegamos a 96 mil e, antes do final do ano, teremos 100 mil”.

Cíntia Cury