Alberto Goldman faz pronunciamento de posse no Palácio dos Bandeirantes

Governador Alberto Goldman: Boa tarde a todos vocês. Eu estou vendo aqui muita gente, muitos amigos aqui, evidentemente. Os que estão aqui são amigos, companheiros. Muitos vêm comigo desde o […]

ter, 06/04/2010 - 17h17 | Do Portal do Governo

Governador Alberto Goldman: Boa tarde a todos vocês. Eu estou vendo aqui muita gente, muitos amigos aqui, evidentemente. Os que estão aqui são amigos, companheiros. Muitos vêm comigo desde o primeiro momento da minha vida política, que começou lá em 1970, porque eu já era militante político desde os 18 anos de idade, militante daqueles de universidade, de fazer barulho, parar a rua, parar o trânsito, brigar com a PM – que hoje é minha aliada – jogar bolinha de gude embaixo dos cavalos. Eu cometi muitas dessas coisas que a gente fazia naquele tempo. Depois de todo aquele período de vida de militância eu passei um tempo afastado, só sendo um profissional, engenheiro, ganhando dinheiro. Afinal de contas, a finalidade de todos nesta vida é um pouco essa, não é? Até um certo momento em que, instado pelos companheiros, na época muitos companheiros, eu acabei me candidatando pela primeira vez, em 1970 – e me elegi pela primeira vez deputado estadual em 1970. Muitos do que estão aqui ainda são companheiros daquela época – muitos, evidentemente, já morreram, e muitos se afastaram, por uma razão ou por outra. Estão em outra.

Eu até citei hoje, eu fiz uma citação de uma pessoa que talvez, um ou outro aqui conheça, Amaro Cavalcanti de Albuquerque, que é um pernambucano, um mulato, um homem até forte, que trabalhava na Sociedade Amigos do Bairro, coordenava a minha campanha. Eu contei um episódio no meu discurso agora (na Assembléia Legislativa do Estado), que durante a campanha ele foi preso – e eles queriam que ele me delatasse: “Você precisa dizer para aquele sujeito lá, para aquele candidato, aquele lá é um comunista”. E ele resistiu. Ele não queria contar. Então, o que ele disse? “Olha, gente, eu nem sei quem é. Ele me contratou para ajudar nessa campanha, para coordenar a campanha. Ele me contratou e me deu um dinheirinho. O judeuzinho me deu um dinheirinho”. Foi essa expressão que ele usou – e ele me contava como é que ele comentou lá com as pessoas que estavam batendo nele.

Então, são muitas pessoas com que eu convivi. Muitos eu vejo aqui. Alguns moços que estão desde as primeiras campanhas eleitorais, alguns de (19)70, muitos de (19)74, (19)78 – 74 e 78 foram campanhas aonde eu tinha uma base universitária muito grande, tinha essa base universitária porque durante os dois mandatos de deputado estadual eu fui um combatente. O movimento universitário… havia uma reação contra a ditadura na época muito forte, e eu acabei simbolizando essa reação, aglutinando em torno de mim essas forças todas, que eram muito amplas, eram desde comunistas até liberais. Depois veio o AI-5 (Ato Institucional nº 5), aí a coisa ficou mais dura, aí muita gente saiu, alguns foram para a luta armada. Eu não tomei essa direção, minha direção foi outra. Eu entendi que agente devia aglutinar no MDB (Movimento Democrático Brasileiro), na época, e depois no PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), todas as forças políticas democráticas que estavam lutando pela vitória da Democracia. E aí eu ajudei a construir o MDB naquela época, participei da organização dos diretórios. Na realidade, eu passei quase toda a minha vida como dirigente partidário. Só ultimamente, nestes últimos anos, eu me afastei da direção partidária por razões óbvias. Mas normalmente eu participei a vida inteira da organização do partido, que acredito que é a forma que você tem de poder chegar a alguma coisa mais consistente em termos de democracia, em termos de regime democrático.

E eu devo dizer a vocês que, à medida em que fui avançando, fui amadurecendo – e para mim essa questão da democracia tornou-se a coisa mais importante, do que qualquer coisa. A partir da democracia nós podemos conquistar muita coisa, e sem a democracia nós não chegamos a lugar nenhum, não conquistamos absolutamente nada. Então, eu estou muito consciente disso. Tudo aonde eu pude chegar foi através de mandatos populares, através de eleição, através de pedir votos. A maioria dos que estão aqui… eu estou vendo quantos e quantos prefeitos aqui, deputados, ex-prefeitos, ex-deputados, gente que assumiu cargos sempre em função da disputa eleitoral, muitos e muitos companheiros que nunca foram para a disputa, mas sempre na campanha eleitoral estavam presentes. Eu, então, me sinto muito satisfeito em estar em meio a tantos amigos, tantos companheiros, tanta gente de luta. Infelizmente nem todos podem estar aqui – alguns morreram de morte natural, outros morreram torturados, foram presos, foram torturados, foram assassinados. São pessoas que desapareceram. As famílias às vezes podem estar por aqui, no meio de vocês.

Para mim é um momento muito grato poder dizer que eu ascendi, agora, a esse cargo de governador do Estado. Não foi só porque fui candidatado do partido, não foi só porque o (ex-governador José) Serra confiou em mim e me chamou para ser o vice dele, o vice na disputa. Não foi só por isso, mas foi principalmente porque milhares e milhares de pessoas dedicaram parte de sua vida a que eu pudesse estar aqui e ajudasse a construir a Democracia. Eu não me sinto absolutamente cansado disso. Eu até citei no discurso que eu fiz agora na Assembléia. Me perguntavam: “Ah, você vai ser o governador. Por que você não é candidato a reeleição? Você tem o direito à reeleição. Você talvez seja um nome natural. É um nome natural porque sempre o candidato, sempre o governador que está em exercício pode ser candidato à reeleição. É candidato a reeleição.” Eu não sei se existe outro no Brasil, hoje, que tem o direito de ser candidato à reeleição e não é candidato a reeleição. E acho que talvez não tenha outro neste momento no Brasil, em algum Estado. E eu disse, desde o começo: “Eu acho que não. Eu acho que eu posso exercer tantos e tantos papéis, posso continuar exercendo papéis. Eu entrei para fazer vida política, para servir na vida política”. E não era só um discurso esse não. Foi uma realidade, foi o que eu fiz na vida, foi o que eu participei na vida.

Agora, tem outros tão competentes, ou melhor do que eu, que podem fazer a mesma coisa, que eu posso exercer 9 meses, entendeu? Por que eu tenho que ficar 9 meses sendo governador do Estado e candidato ao mesmo tempo? Eu acho que não dá para exercer isso. Ou você é bem governador ou você bem é candidato. As duas coisas ao mesmo tempo não dá para fazer – eu acho que não dá. E não é só isso. É uma decisão de vida, minha também. Eu passei 40 anos, eu vou completar este ano, eu completo 40 anos de vida política profissional, desde o meu primeiro mandato – 40 anos! Eu tenho uma série de coisas na vida que eu quis fazer e não fiz. Quem sabe eu tenho alguma chance de fazer agora, como alguém que não tenha tanta responsabilidade. Eu não quero me eximir das minhas responsabilidades a partir do ano que vem. E eu não quero eliminar, se for chamado, quem quer que seja para contribuir de alguma forma para trabalhar, continuar trabalhando, dada a minha experiência, o meu conhecimento. Eu vou fazer isso, porque isso também é parte da minha vida – eu me realizo também. Mas não é só isso. Tem muita coisa que eu quero fazer na vida, eu não vou contar tudo para vocês agora não, mas tem muita coisa que, provavelmente, não vai ser tudo que eu vou poder fazer.

Mas o que eu quero dizer a vocês aqui… Achei que era melhor fazer desta forma… Quero agradecer a presença, mas quero agradecer principalmente tudo isso que vocês me possibilitaram, companheiros de tantas e tantas jornadas, deputados, secretários, deputados estaduais, deputados federais, quantos que eu estou vendo aqui. Quantos companheiros desta equipe maravilhosa de secretários de Estado, que o Serra montou e que eu estou mantendo. Por quê? Porque são programas que estão dando resultados, programas que precisam ir adiante. Então, eu quero continuar com essa equipe. Mudou o líder da equipe, mudou o cobrador… porque, como vocês bem sabem, o Serra é um cobrador terrível, não é? Ele aperta, ele cobra. Aquele telefone toca para qualquer secretário 10 vezes ao dia, ele é chamado a reuniões a qualquer momento, tem que ir. E eu vou fazer exatamente a mesma coisa. Que ninguém imagine que vai ser diferente. Vou continuar cobrando, porque se ele é obsessivo, eu sou tão obsessivo quanto ele; se ele é cobrador, eu sou tão cobrador quanto ele. Então, as coisas vão ser exatamente da mesma forma.

É claro que eu posso, durante este ano – que é uma coisa que nem sempre se faz – eu posso ajudar a deixar plantada muita coisa para o próximo governador, quem quer que seja ele, porque o próximo governador o povo vai decidir. É preciso que ele pegue esse avião andando em velocidade máxima, e não precise passar um ano para começar a pensar: “O que eu vou fazer, que programa eu vou fazer? Onde eu vou tocar? Onde é que tem um projeto pronto? Onde é que tem uma licitação pronta?” Não. Eu quero, o máximo possível que eu puder, deixar tudo prontinho para o próximo governador continuar na mesma velocidade que a gente deixar. E, mais do que isso: eu acho que nós podemos até – o Serra pensou em fazer isso daqui na fase final do Governo dele, mas acabou achando que não valia a pena, estava muito em cima da hora e podia ser confundido, em outras áreas governamentais, que estava lançando grandes e grandes planos no final de Governo…

Eu não vou lançar grande planos no final de Governo para mim. Não vou Governar. Mas eu posso pensar no Estado de São Paulo, na próxima década. Tem muita coisa que você tem que começar agora, para ter resultados daqui 10 anos, para amadurecer 20 anos… É muita coisa que se deve fazer a partir de agora. Então, se eu puder ajudar em tudo isso, puder fazer tudo isso, eu vou ficar muito feliz. Mas, repito, eu vou precisar ainda mais uma vez de todos vocês, de todos os lugares onde vocês estiverem cada um pode dar a sua contribuição, cada um pode dar a sua sugestão. A gente ouve muita coisa e acaba aprendendo, e muitas coisas acaba absorvendo do que se ouve das pessoas. Às vezes a gente, dentro de uma sala, com o trabalho do dia-a-dia, não percebe uma coisa que está na cara da gente – e alguém chama a atenção e diz: “Olha, tem um problema aqui, tem uma coisa que pode ser feita ali, pode ser mudada assim, pode ser mudada assim.” Ninguém tem o dom da totalidade, da perfeição, da virtude. O tempo me mostrou uma outra compreensão disso.

Então, eu preciso de todos vocês. E agradeço muito a presença e espero que a gente continue lutando para construir melhor este Estado. E construindo melhor este Estado, nós estamos construindo melhor o Brasil, para o nosso povo.

Muito obrigado a vocês.