Agronegócio: Instituto de Pesca incentiva o crescimento da tilapicultura

Órgão é vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento

qua, 30/05/2001 - 11h03 | Do Portal do Governo

Aproveitamento integral de todas as partes, facilidade de reprodução e boa aceitação no mercado são características que fazem da tilápia um peixe atraente para o agronegócio do pescado, segundo Maria Aparecida Guimarães Ribeiro, pesquisadora do Instituto de Pesca (IP) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento. Ela ressalta que há dois anos os produtores paulistas vêm se engajando na atividade. Porém, o Estado ainda não é auto-suficiente.

No atual contexto econômico e ambiental, a tilápia é um segmento promissor. “O setor foi incentivado recentemente com a regulamentação do decreto sobre a utilização de águas públicas que permite um incremento na produção de peixes. Além disso, uma linha de financiamento do Banco do Brasil dará mais condições de investimentos aos produtores de tilápia”, explica Maria Aparecida.

Por ser muito precoce, o animal atinge a maturidade com 14 cm. Assim, o produtor precisa estabelecer estratégias de criação para que o produto final, o peixe adulto, alcance peso e tamanho ideais para o mercado. Nos locais de criação, os machos devem ser separados das fêmeas, já que eles crescem o dobro em tamanho. A pesquisadora explica que isso ocorre pelas características maternais da espécie, pois ela fecunda os ovos na boca e consome menos alimento que os machos.

Devido ao maior interesse econômico pelo macho, procede-se a reversão de sexo. Aos 11 dias, os alevinos começam a se alimentar e recebem, durante 45 dias, uma ração com hormônios masculinos.

“Depois do período de reversão de sexo, separamos uma amostra, analisamos e verificamos se efetivamente obtivemos sucesso. Em nossos resultados, há 98% de masculinização”, explica a pesquisadora. O hormônio dado ao peixe na época da reversão não apresenta perigo ao consumidor, já que os animais, quando são tratados, têm em média 5 g e seu peso na hora do abate é de 600 g, não havendo resíduos do tratamento.

Todas as partes da tilápia são aproveitadas pelos produtores. Os peixes podem ser usados em pesque-pagues, a carne é vendida em filés, a carcaça do peixe é aproveitada como adubo ou ração e a pele para fabricação de artesanato, roupas e adornos. Maria Aparecida conta que o produtor precisa aproveitar a tecnologia conhecida para racionalizar sua produção. Assim, ele vai ter um produto de qualidade em todas as épocas do ano, o que significa melhor retorno financeiro.

A aqüicultura é um setor em expansão no Brasil. Dados do Ministério da Agricultura revelam que o país deve ter superávit neste ano na balança comercial do pescado. Em 1998, o déficit foi de US$ 300 milhões e no último ano caiu para US$ 47 milhões. Somente no primeiro bimestre deste ano o país teve aumento de 100% na balança comercial do pescado em relação ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e fevereiro, o Brasil exportou US$ 36 milhões, contra US$ 16 milhões dos primeiros dois meses de 2000.

Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – maio de 2001 – nº 3 – ano 1
www.apta.sp.gov.br