Agronegócio de SP fatura R$ 27 a cada R$ 1 investido em pesquisa

Levantamento realizado pela USP analisou contribuição de instituições que financiam e disseminam conhecimento na área

sex, 28/09/2018 - 11h34 | Do Portal do Governo

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conduziram uma pesquisa que aponta os efeitos dos investimentos em capital humano na agropecuária do território paulista. O levantamento indicou que cada R$ 1 aplicado em pesquisa e desenvolvimento (P&D), educação superior e extensão rural resultou em um retorno de R$ 12 para a economia paulista, por meio de um crescimento da produtividade.

O trabalho analisou a contribuição de instituições que financiam, geram e disseminam conhecimento de interesse desse setor produtivo. No caso dos investimentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa mostrou que os recursos destinados pela fundação a bolsas, projetos de pesquisa e infraestrutura nos campos da agronomia e agricultura produziram um retorno de R$ 27 para cada R$ 1 aplicado.

Conclusões

O desempenho só é superado pelas universidades públicas que formam mão de obra especializada para a agricultura, com R$ 30 restituídos para cada R$ 1 gasto. Os dados foram divulgados no livro recém-lançado “Contribuição da Fapesp ao Desenvolvimento da Agricultura do Estado de São Paulo”. Vale destacar que a obra reúne as conclusões de um projeto de pesquisa em curso entre 2013 e 2018.

“Hoje, se diz com frequência que o agronegócio sustenta a economia brasileira em meio à crise. Isso é resultado de investimentos em pesquisa e de políticas públicas de longo prazo, mantidas pelas instituições públicas do Estado de São Paulo nos últimos 60 anos”, avalia o economista Alexandre Chibebe Nicolella, pesquisador da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.

Ele coordenou a pesquisa com o agrônomo e economista Paulo Cidade de Araújo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, falecido em 2016. Em relação aos recursos aplicados pelos institutos estaduais dedicados à pesquisa em agricultura, como o Agronômico (IAC) e o de Tecnologia de Alimentos (Ital), e as unidades paulistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o retorno econômico foi de R$ 20 por real investido.

Técnicas

Para investimentos em extensão rural, que levam assistência e informações técnicas aos produtores, o retorno por real executado foi de R$ 11. Em 2017, o agronegócio paulista movimentou R$ 267,9 bilhões, o equivalente a 13,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

Nos últimos anos, foi registrada uma expansão do setor sucroalcooleiro em São Paulo. Em 2013, os canaviais ocupavam 23% dos 24 milhões de hectares do Estado, ante 12% de dez anos antes.

A produtividade da cultura cresceu de 80 mil para 90 mil quilos por hectare ao longo da primeira década deste século. São Paulo também concentra 72% da produção de laranja do Brasil. O suco da fruta, no entanto, representa apenas cerca de 3% do PIB agroindustrial paulista, ressalta o agrônomo e economista Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, professor da Esalq, que também participou do estudo.

“No caso da laranja, há uma pequena agregação de valor à matéria-prima. A indústria transforma um valor de R$ 1,66 bilhão da produção da laranja em R$ 1,97 bilhão de suco, o que representa uma agregação de 18,7%. Já a indústria sucroalcooleira transforma R$ 4,8 bilhões de cana em R$ 13,6 bilhões de açúcar e etanol, quase triplicando o valor da matéria-prima”, explica o agrônomo à Agência Fapesp.

Produção

São Paulo é responsável por 25% da produção de madeira e celulose do País, 17% da de aves e 9% da de café. Das 25 culturas mais importantes do Estado, São Paulo é um dos três maiores produtores do Brasil em 16 delas.

“Participando com 11,7% da área plantada total das lavouras brasileiras, o Estado contribuiu com 18% do valor da produção agrícola brasileira no triênio de 2010 a 2012”, escreveu Maria Auxiliadora de Carvalho, pesquisadora aposentada do Instituto de Economia Agrícola, em um capítulo do livro sobre o projeto que narra a evolução recente da agricultura paulista.