Agricultura: Planejamento agrícola ajuda cidades do interior a melhorar qualidade de vida

Sistema criado pela Unicamp será testado nos 34 municípios paulistas com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) inferior a 0,5

seg, 22/05/2006 - 13h05 | Do Portal do Governo

O Estado de São Paulo abriga 34 municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) inferior a 0,5, resultado semelhante ao dos países mais pobres da África. O índice é instrumento empregado pela Organização das Nações Unidas para medir o grau de bem-estar da população. De acordo com os pesquisadores do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp), a saída para essas comunidades pode estar no campo. A pedido do governo estadual está sendo elaborado um sistema de planejamento e monitoramento agrícola para essas regiões. A proposta é elevar o desempenho do setor por meio de práticas mais adequadas e da substituição de culturas tradicionais por opcionais.

Na opinião do professor Hilton Silveira Pinto é possível gerar renda e subsidiar o desenvolvimento social, econômico e cultural nesses locais. O trabalho faz parte de projeto mais amplo, denominado Governança, adotado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico. Tem como meta estabelecer um sistema informatizado que contenha informações detalhadas sobre educação, saúde, transporte, trabalho e agricultura de cada município paulista. Os dados devem servir de base para a execução de políticas públicas que promovam o desenvolvimento econômico e social das cidades e, conseqüentemente, do Estado. Os municípios de Rincão e Jaboticabal são os primeiros a participar do projeto. Depois de aprovado, será estendido à demais localidades.

Na área da agricultura, o trabalho está em andamento em Taquarituba e Itaporanga, ambas na região de Sorocaba, escolhidas para validarem o modelo. O mesmo trabalho será executado, posteriormente, nos outros 32 municípios. As ações aproveitaram elementos de dois projetos existentes, elaborados pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) e Embrapa Informática. As duas instituições participam do planejamento agrícola coordenado pelo Cepagri.

Novas práticas 

Os pesquisadores devem, inicialmente, estabelecer os indicadores agrícolas e socioeconômicos que definirão as práticas a serem adotadas nas 34 localidades, distribuídas por cinco regiões do Estado. Em seguida, será feito diagnóstico da produção agrícola de cada cidade, para selecionar as estratégias de desenvolvimento. Por último, será promovido o levantamento detalhado da variação microclimática e pedológica do solo. Silveira Pinto explica que essas informações são importantes porque ajudam a definir a aptidão agrícola e os riscos climáticos em cada município.

Uma das possibilidades é a substituição de culturas tradicionais, como milho e mandioca, por outras que possam gerar maiores ganhos aos produtores. Uma opção seria o plantio do mirtilo (pequena e saborosa fruta com características próximas às da blueberry), cultivada nos Estados Unidos e na Europa. Quando madura, fica da cor da jabuticaba. Conforme alguns estudos científicos, os pigmentos responsáveis por essa coloração agem de maneira benéfica no organismo humano, combatendo os radicais livres e retardando o envelhecimento das células. Outros produtos alternativos devem ser analisados como forma de identificar quais se adaptam melhor às condições climáticas e de solo dos municípios.

Linguagem acessível na rede 

O projeto prevê que as informações criadas pelo sistema de planejamento agrícola devem estar em linguagem acessível e na Internet. Prefeituras, cooperativas e serviços de extensão rural terão acesso livre aos dados e poderão utilizá-los da maneira que considerarem mais conveniente. Do mesmo modo, o agricultor, por menor que seja, poderá tomar conhecimento das alternativas para incrementar a sua produção e ampliar os lucros. O professor afirma que o planejamento agrícola não se restringe ao levantamento e à interpretação das informações relativas ao setor. Compreende a orientação aos agricultores em relação ao plantio e colheita. A introdução de novas culturas ou mesmo a mudança de práticas ligadas ao manejo dos cultivares requer a prestação de bom serviço de assistência técnica, oferecido por agrônomos da Cati. Além disso, lideranças locais, representativas de variados segmentos, serão treinadas para difundir esses métodos. A etapa-piloto poderá estar concluída até novembro.

Da Assessoria de Imprensa da Unicamp