Agricultura orgânica amplia área cultivada em São Paulo

Câmara Setorial, criada pelo governo paulista, apóia produção e expansão de 10% ao ano no setor

dom, 25/02/2001 - 11h43 | Do Portal do Governo

Câmara Setorial, criada pelo governo paulista, apóia
produção e expansão de 10% ao ano no setor

A Secretaria da Agricultura de São Paulo decidiu investir pesado num importante filão do mercado agrícola, os produtos orgânicos, desenvolvidos sem agrotóxicos. Criou recentemente a Câmara Setorial de Agricultura Ecológica, com a proposta de desenvolver um fórum de discussões para organizar o setor, dando-lhe suporte administrativo. A instalação da Câmara representa o apoio do Governo do Estado de São Paulo à expansão que vem ocorrendo na produção e consumo de alimentos ecológicos, ou orgânicos, tanto no mercado externo como no mercado interno.

“O pequeno produtor rural brasileiro praticamente é uma espécie em extinção e a alternativa é tornar-se produtor orgânico”, lembra José Pedro Santiago, membro da Câmara Setorial e diretor técnico da Associação Brasileira de Agricultura Orgânica. Santiago salienta que até os grandes produtores de café, açúcar e gado de corte estão optando por esse tipo de tecnologia ecológica. A medida vai ao encontro dos anseios de parcela da população que passa a exigir padrão de qualidade para os produtos alimentares, preocupada com a saúde do consumidor. No Brasil a área cultivada com produtos orgânicos cresceu muito nos últimos dez anos. De mil hectares em 1990, pulou para 100 mil neste ano. A maior produção concentra-se nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul. Em São Paulo a Secretaria da Agricultura já vem dando apoio ao setor desde 1992, por meio da Comissão Técnica de Agricultura Ecológica.

A expectativa no Brasil nos próximos anos é que muitos produtores migrem para o cultivo orgânico. Tudo começou com o setor de hortaliças, destinado ao mercado interno, mas os principais produtos cultivados organicamente são para exportação, destacando-se o café, o açúcar e a soja. Dados do Instituto de Biodinâmica de Desenvolvimento Rural indicam que o mercado brasileiro de alimentos naturais tem crescido em torno de 10% ao ano, no mesmo ritmo da expansão da área cultivada sem agrotóxicos no país. Dessa produção, 70% são destinados à exportação, com receita em torno de US$ 10 milhões de dólares.

Estima-se que a produção de alimentos orgânicos movimenta hoje no mundo cerca de 10 bilhões de dólares por ano. Este crescimento demonstra a mudança nos hábitos alimentares da população que passou a exigir alimentos mais saudáveis. A rapidez com que as informações percorrem o globo terrestre, faz com que as pessoas dinamizem o processo de consumo, tornando-se cada vez mais exigentes no que diz respeito à aquisição de alimentos. A massificação das informações pela mídia tem estimulado o consumo de carnes brancas, frutas, verduras e legumes, desprovidos de agrotóxicos. Outro componente importante é a defesa do meio ambiente. Os consumidores passam a preferir alimentos produzidos sem danos à natureza. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que anualmente são despejados três milhões de toneladas de agrotóxicos nas lavouras, expondo ao perigo mais de 500 milhões de produtores e trabalhadores rurais, além de consumidores de alimentos. A entidade cita que o problema atinge o mundo inteiro mas é maior nos países subdesenvolvidos.

A Câmara Setorial de Agricultura Ecológica instituída pelo Governo do Estado de São Paulo pretende dar sua contribuição para ampliar o mercado ecológico em fase de crescimento no Estado. Em conseqüência, dará representação aos diversos integrantes da cadeia produtiva. Iara de Carvalho, pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola e presidente da Comissão Técnica de Agricultura Ecológica, salienta .a relevância social do movimento de agricultura alternativa em São Paulo, em boa hora implantado pela Secretaria Estadual de Agricultura. Ela lembra que o fórum de debates instituído pela Câmara Setorial, abre diálogo com todos os segmentos dessa cadeia produtiva para a expansão de um mercado em crescimento.

Alcindo Garcia