Agricultura: Instituto de Pesca desenvolve tecnologia para reprodução de garoupas em cativeiro

Técnica pode se transformar em ferramenta para a conservação e produção comercial dessa espécie

ter, 09/01/2007 - 10h16 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do Instituto de Pesca, órgão de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, concluíram no último mês de novembro, de forma inédita no país, a obtenção e a crioconservação com sucesso o sêmen de um exemplar de garoupa-verdadeira (Epinephelus Marginattus).

A técnica, que consiste na manutenção do sêmen a baixíssima temperatura, pode se transformar, de acordo com os pesquisadores, em uma importante ferramenta para a conservação e produção comercial dessas espécies.

Para o pesquisador Eduardo Gomes Sanches, coordenador do Projeto Serranídeos, a técnica irá evitar a indução freqüente de inversão sexual dos indivíduos para a obtenção de sêmen. “A reprodução dos serranídeos, particularmente dos pertencentes à subfamília Epinephelinae, popularmente conhecidos como garoupas, badejos, meros e chernes, reveste-se de uma maior complexidade em razão de uma curiosa característica desta subfamília: as espécies são hermafroditas protogínicas, ou seja, num primeiro período de sua vida reprodutiva maturam como fêmeas e, com o passar dos anos, em dado momento de seu desenvolvimento, como resultado de complexas interações sociodemográficas (relacionadas principalmente ao tamanho da população desovante e ao adequado equilíbrio entre os sexos), sofrem inversão sexual, transformando-se em machos”, explica.

Segundo Sanches, os indivíduos, quando machos, são bem maiores e passam a viver em maiores profundidades, dificultando a coleta de reprodutores para se obter a produção de alevinos em laboratório. Para contornar esse problema no cultivo de serranídeos, técnicas de inversão sexual têm sido utilizadas, com resultados positivos, ou seja, fêmeas são induzidas a maturar como machos, disponibilizando os espermatozóides necessários à fecundação “in vitro”.

Com a técnica da crioconservação obtida pelo Instituto de Pesca, espera-se reduzir a indução da inversão sexual e ampliar a reprodução desse serranídeo em cativeiro.

Para os pesquisadores envolvidos no projeto, esse resultado, considerado histórico para a piscicultura marinha brasileira. Isso ocorre tanto pelo valor ambiental da garoupa-verdadeira como por seu potencial econômico em futuros cultivos. Assim há a possibilidade da primeira produção de alevinos da espécie em laboratório no Brasil.

A equipe espera realizar os primeiros ensaios de reprodução induzida, já utilizando o sêmen crioconservado, no início de 2007 e acredita que obterá os primeiros alevinos ainda no primeiro trimestre do ano.

Assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento

J.C.