Agricultura: Cancro cítrico agora tem seguro agrícola

Doença é a mais grave enfrentada pela citricultura paulista e responsável pela erradicação de mais de um milhão de pés no ano passado

ter, 30/01/2001 - 16h35 | Do Portal do Governo

Doença é a mais grave enfrentada pela citricultura paulista e responsável pela erradicação de mais de um milhão de pés no ano passado

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e a Companhia de Seguros do Estado de São Paulo (Cosesp) lançaram nesta segunda-feira, dia 30, uma modalidade de seguro agrícola com cobertura contra o cancro cítrico, doença causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv Citri, que provoca lesões nas folhas, frutos e ramos. O novo seguro é uma alternativa para reduzir o risco dos produtores no Estado de São Paulo, que no ano passado tiveram um prejuízo de R$50 milhões com a erradicação de um milhão de plantas citrícolas.
O secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, João Carlos de Souza Meirelles, disse, durante o lançamento, que a criação desta modalidade de seguro é fruto de uma nova consciência em mecanismos de securitização rural. Destacou que o Brasil é o maior produtor e também o maior exportador de suco de laranja do mundo. O agronegócio citrícola movimenta mais de R$ 5 bilhões por ano no Brasil, sendo R$ 1,5 bilhão em exportações. Nesse caso, o seguro vem como um instrumento de prevenção contra as barreiras fitossanitárias impostas pelo mercado mundial, acrescentou o secretário. O presidente da Cosesp, Edson Tomaz de Lima Filho, presente ao evento, disse que a empresa aprendeu muito com as geadas e a seca do ano passado, o que resultou na criação do seguro contra o cancro. Lembrou que o seguro deve entrar na consciência do produtor como um investimento e não um custo.

Seguro impõe condições de contratação

Os citricultores interessados em fazer o seguro devem estar de acordo com algumas condições de contratação, formuladas após estudos técnicos realizados pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA). As cláusulas contratuais impõem que o pomar deve ser comercial (acima de 200 pés); o segurado deve possuir material próprio de colheita (sacola de colheita) e sistema de desinfestação de mãos e/ou luvas e calçados dos colhedores; a propriedade deve ser declarada livre de cancro cítrico, através de laudo da CDA ou do Fundecitrus; deve ser feita inspeção prévia pela CATI para aceitação do risco; e o seguro deve ser feito para toda a área plantada na propriedade. A Cosesp abriu mão da corretagem deste seguro, por ter uma grande amplitude social e ser eminentemente técnico. As Casas de Agricultura instaladas em cada município paulista são a única porta de entrada para o agricultor adquirir o seguro. Após ter sua proposta aprovada, ele poderá pagar as parcelas diretamente em bancos credenciados. O valor segurado de um pé de citro é variável de acordo com a idade: 1 ano, até R$ 4,00; 2 anos, até R$ 6,00; 3 anos, até R$ 8,00 e acima de 4 anos, até R$ 10,00. A taxa básica para o segurado é de 0,8%, podendo ser concedidos descontos de até 37%, conforme pontuação conferida pelo laudo de inspeção prévia elaborado pela Secretaria de Agricultura ou pelo Fundecitrus. Quanto mais protegido estiver o pomar maior o desconto sobre o valor da taxa básica. No Estado de São Paulo, a citricultura é a segunda maior atividade agrícola, perdendo apenas para a cana-de-açúcar. Segundo dados do Instituto de Economia Agrícola, a previsão da safra paulista para o ano agrícola 1999/2000 é de 347 milhões de caixas de 40,8 Kg colhidas de um total de quase 198 milhões de pés em produção.