Agência de Tecnologia dos Agronegócios cria sistema para gerir patrimônio genético

Agência também colocou à disposição de pesquisadores e técnicos 110 coleções biológicas

dom, 19/12/2010 - 15h00 | Do Portal do Governo

A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, decidiu tornar disponíveis informações essenciais sobre 110 coleções biológicas de valor científico, de interesse de pesquisadores e técnicos que atuam na área de recursos genéticos. Para “efetuar a gestão desse patrimônio nacional, com a necessária urgência e seriedade”, a agência criou o Sistema de Curadoria de Coleções Biológicas, que nos próximos cinco anos vai possibilitar a divulgação e o apoio a esse grande grupo de coleções biológicas paulista, diz o pesquisador Renato Ferraz de Arruda Veiga, presidente da Comissão de Coordenação das Curadorias da Apta.     

Este patrimônio genético está distribuído pelo Estado de São Paulo, em áreas mantidas pelas instituições da Apta: Instituto Agronômico (IAC), Instituto de Pesca (IP), Instituto Biológico (IB), Instituto de Tecnologia Agrícola (Ital), Instituto de Zootecnia (IZ) e Departamento de Descentralização do Desenvolvimento (DDD) que reúne os Polos Regionais.

A Comissão de Coordenação das Curadorias, composta por pesquisadores das instituições de pesquisa da Apta, tem atribuições como realização de inventário anual; efetivação de base de dados; sugestão de novas curadorias e curadores; criação ou proposição de normas para o intercâmbio, a venda e doações de material pertencente às curadorias da Agência.

Já as atribuições dos curadores são as de zelar pelo incremento, identificação taxonômica, catalogação, conservação e preservação (a curto, médio e longo prazos) da coleção biológica; opinar sobre a doação ou venda dos acessos da coleção biológica; multiplicar, regenerar e disponibilizar o material necessário à conservação da coleção e ao desenvolvimento de pesquisas científicas; elaborar ou participar de projetos para a busca de recursos financeiros para a manutenção da coleção; informatizar e integrar a coleção biológica a redes nacionais e internacionais, entre outras.

A Apta considera coleções biológicas os recursos biológicos organizados (que tenham representação numérica de espécie, gênero ou família animal, vegetal e microrganismos); os recursos biológicos que tenham comprovada relevância científica; e as coleções botânicas, zoológicas, de microrganismos (bactérias, fungos, vírus e viróides), sorotecas, tecidos e células, material genético na forma de DNA, material inerte (herbários, sementecas, capotecas e entomológicas).        

“Numa época em que a sociedade está preocupada com o meio ambiente, a biodiversidade tem destaque na priorização dos trabalhos científicos, em especial com o tema recursos genéticos”, explica Veiga. Esses recursos são parte essencial desta biodiversidade – termo que significa a variabilidade total dos organismos vivos em interação com o meio ambiente – “que engloba os materiais genéticos funcionais de plantas, animais e outros organismos que possuem valor como recurso para as gerações presentes e futuras”.

No mundo, existem aproximadamente 500 mil espécies de plantas superiores, porém apenas 300 são cultivadas e, destas, somente 15 são responsáveis por mais de 90% da alimentação mundial, explica o pesquisador. “Este quadro não é diferente para os animais e microrganismos, o que justifica o incremento das coleções e bancos de germoplasma, pensando na sua grande importância atual e para as gerações futuras.”

Segundo Veiga, o Estado de São Paulo destaca-se neste contexto pela conservação de recursos fitogenéticos, bem como de recursos genéticos animais e de microrganismos. Além disso, as Instituições de Pesquisa, vinculadas à APTA, são grandes mantenedoras de museus, herbários de plantas e coleções de insetos, para estudos científicos na agricultura.

A Apta, uma das Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (OEPAs), tem grande responsabilidade na conservação desta biodiversidade, observa Veiga. É que “estão sob a sua égide materiais nativos e exóticos, em grande parte, conservados por mais de um século. Tal material pode ser considerado como de segurança nacional, tanto pela sua preciosidade para valoração da biodiversidade como pela raridade na natureza”.

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento