Adolfo Lutz desenvolve pesquisas voltadas à saúde pública

Novo estudo mostra que bactéria da meningite está mais resistente a antibióticos

seg, 29/06/2009 - 20h00 | Do Portal do Governo

O Instituto Adolfo Lutz, órgão vinculado à Secretaria da Saúde, é reconhecido mundialmente por sua competência no desenvolvimento de pesquisas e trabalhos voltados para a saúde pública. O instituto foi credenciado pelo Ministério da Saúde como Laboratório Nacional em Saúde Pública e Laboratório de Referência Macroregional.

Recentemente os cientistas do Adolfo Lutz ganharam as manchetes dos principais veículos de comunicação do País ao isolar o vírus A H1N1, popularmente conhecida como gripe suína.

Novo estudo

O Instituto Adolfo Lutz divulga agora o resultado de outro estudo. Ele revela que a Neisseria Meninigitidis, principal agente causador de meningites bacterianas, ficou 12,6% mais resistente aos antibióticos penicilina e ampicilina em um período de dois anos.

Eles examinaram 1.096 cepas, isoladas de casos de meningite de todo o Brasil entre os anos de 2006 e 2008. Essas cepas foram submetidas a testes e os resultados mostraram que a resistência intermediária da bactéria à penicilina passou de 13,5% em 2006 para 15,1% no ano passado. No caso da ampicilina, a variação foi similar, de 13,4% para 15,1%.

O aumento da resistência mostra que, embora os dois antibióticos possam ser usados para o tratamento de meningites bacterianas, seriam necessárias doses maiores para combater a doença. A sensibilidade diminuída à penicilina também vem sendo registrada em outros países. Nos Estados Unidos, a resistência intermediária é de 4%, mas na França chega a 30%.

O resultado do estudo pode estar ligado a fatores como a prescrição indiscriminada de antibióticos, à auto-medicação e em, alguns casos, à utilização inadequada de fármacos mais novos e de maior espectro. “O uso desnecessário ou incorreto de medicamentos pode favorecer esse quadro, porque o medicamento mata as cepas sensíveis e seleciona as resistentes”, afirma a pesquisadora do Adolfo Lutz e uma das responsáveis pelo trabalho, Maria Cecília Outeiro Gorla.

No trabalho desenvolvido pelo instituto não foi observada resistência das cepas às cefalosporinas de terceira geração – elas são derivadas sintéticas da penicilina e também usadas no tratamento de meningites bacterianas. Mas a pesquisadora alerta que o aumento da resistência intermediária verificado no estudo pode representar uma tendência, o que exige constante monitoramento.

O Adolfo Lutz realiza a vigilância contínua da resistência do meningococo aos antibióticos. Esse acompanhamento é necessário para detectar o mais rápido possível qualquer mudanças no perfil de suscetibilidade das cepas – isso pode auxiliar na tomada de decisões quanto às recomendações para o tratamento e prevenção da doença.

Em 2008 foram registrados no Estado, 3.138 casos de meningite bacteriana, o que representa diminuição de 22,3% em relação às 4.035 ocorrências registradas em 2006.