Ações éticas do Dia da Internet Segura serão mantidas durante o ano

Em 2007, foram abertos 620 procedimentos no MPF em SP para investigar crimes cibernéticos

sáb, 14/02/2009 - 8h30 | Do Portal do Governo

Em 10 de fevereiro comemorou-se o Dia Mundial da Internet Segura. O Brasil participou pela primeira vez das comemorações, com mais 65 países. A rede InSafe, da comunidade europeia, convidou o Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP)  e a ONG Safernet Brasil para organizarem o evento.

Diversas atividades foram realizadas durante o dia, como o lançamento do site www.saferinternetday.org.br, a oficina Navegar (com segurança) é preciso! A educação no uso ético das novas tecnologias para cerca de 100 professores e a assinatura de um termo de cooperação entre MPF-SP, Fundação Padre Anchieta e Comitê Gestor da Internet (CGI), em que as três instituições se comprometem a cooperar no desenvolvimento de ações de educação e informação dirigidas ao uso ético, seguro e responsável da rede mundial.

Entre outras ações, o termo prevê que a TV Cultura e o CGI produzam e veiculem conteúdos cujo tema seja o uso da Internet segura. “Os meios de comunicação são os canais de informação e prevenção usados para deixar a população atenta”, explica o procurador da República Sérgio Suiama.

Para Fernando José de Almeida, vice-presidente da Fundação Padre Anchieta, “essas ações são importantes porque, segundo levantamento da CulturaData, o Brasil tem mais de 10 milhões de usuários da Internet. Precisamos ter cuidado com o conteúdo que as crianças e jovens veem na tela do computador”.

O MPF-SP e a ONG Safernet Brasil continuarão a realizar atividades de prevenção durante este ano. O site que iria ao ar somente por um dia vai continuar acessível. Na terça-feira (10) foram realizadas duas atividades: a primeira foi uma oficina, na sede da Secretaria da Educação, com grupos de combate a crimes cibernéticos do MPF-SP e a Safernet e cerca de 100 professores da rede estadual e privada de ensino. A outra foi uma conferência para a imprensa na qual foram realizados balanço das atividades e projetos para os próximos meses.

Cyber-bullying – Assédio, aliciamento, pornografia infantil e violação da intimidade são alguns dos problemas que podem aparecer com o uso irrestrito das tecnologias de informação. “A Internet é uma rede de pessoas. Nós navegamos na Web como vamos a um parque. Muitos dos riscos são adaptação daqueles que estamos acostumados a enfrentar na rua”, alerta Priscila. 

Suiama recomenda que para existir mais segurança na rede é necessário que os educadores divulguem a ideia de que a Internet é um espaço público dotado de regras e não ‘terra de ninguém’. “Mais do que uma rede de computadores, a Web é uma rede de pessoas interligadas por máquinas, que utilizam serviços, como uma sala de bate-papo, por exemplo”, afirma.

Segundo pesquisa da SaferNet, de outubro de 2008, muitas pessoas têm entrado na Internet para expor a sua intimidade. O número de crianças e jovens que publica fotos, insere nome e sobrenome, além de endereço, surpreende. São informações preocupantes que, em outros países, provavelmente não seriam divulgadas em espaços públicos”, ressaltou. 

De acordo com Priscila, a responsabilidade deve ser compartilhada entre Estado, educadores, pais, indústria de Internet, mídia, usuários e ONGs. Para enfrentar o problema, os educadores precisam se familiarizar com as tecnologias usadas pelos jovens e discutir comportamentos ético e antiético na rede, fazendo com que os alunos cheguem às suas próprias conclusões. Outra dificuldade destacada, por ocorrer principalmente no ambiente escolar, é o cyber-bullying, prática que consiste em ameaçar ou humilhar alguém por meio de redes sociais, mensagens de celular, e-mails, entre outras ferramentas. O relativo anonimato e a sensação de impunidade tornam a prática especialmente comum entre os jovens.

Novidades – Durante o ano, a Safernet percorrerá 250 escolas (150 públicas e 100 privadas) em todo o Brasil para difundir conceitos preventivos em eventos semelhantes ao realizado na terça-feira passada. Para isso, contará com o apoio de integrantes do Ministério Público Federal. “Pretendemos continuar atuando com a SaferNet. Prevenir é melhor do que remediar”, diz a procuradora da República Priscila Costa Schreiner, integrante do Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos do Ministério Público Federal em São Paulo.

Além do site, há a cartilha Saferdicas. Links com materiais de prevenção, inclusive cartilhas e campanhas públicas estão disponíveis. Os organizadores criaram também um canal específico no site Youtube, com vídeos sobre o tema. Também estão disponíveis materiais didáticos, especialmente produzidos para educadores utilizarem em sala de aula. Há ainda informações e dicas sobre como usufruir dos benefícios da Internet com segurança.

Parceiros marcam presença no Dia da Internet Segura

Google Brasil . Uol . Yahoo! . MySpace . Microsoft . TV Globo . Canal Futura . TV Record . RedeTV . Habbo . TV Cultura . MTV . Secretaria da Educação de São Paulo . Departamento da Polícia Federal . Abranet . TIM . World Childhood Foundation (WCF) . Comitê Gestor da Internet (CGI) . Educacional Positivo . PUC-SP . Viração e Portal Voz Adolescentes

Crimes cibernéticos

Entre 2007 e 2008, o número de procedimentos abertos no Ministério Público Federal em São Paulo para investigar crimes cibernéticos aumentou 318%. Em 2007, foram abertas 620 investigações, menos de um terço dos 1,9 mil procedimentos abertos em 2008. Suiama explica que o crescimento é fruto do acordo celebrado com o site Google em julho de 2008. A empresa de serviços de Internet passou a encaminhar ao MPF regularmente casos de páginas do site de relacionamento Orkut, que continham pornografia infantil, denunciadas por seus próprios usuários.

“Pelo acordo, o Google criou um canal pelo qual o usuário do Orkut faz a denúncia de pornografia infantil à empresa e esta encaminha o material ao MPF”, destaca Suiama. “Os números mostram ampliação das atividades repressoras do Estado, mas temos certeza de que a repressão não é a única solução. Para nós é importante ressaltar a prevenção”, finaliza.

Maria Lúcia Zanelli – Da Agência Imprensa Oficial