Acidentes causam 40% das mortes de crianças em SP

Pesquisa inédita da Secretaria da Saúde mostra que maioria das internações é decorrente de ocorrências dentro de casa

qua, 29/08/2007 - 16h43 | Do Portal do Governo

Uma pesquisa inédita realizada pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde aponta que os acidentes são a principal causa externa de morte entre crianças de 1 a 14 anos, representando quase 40% dos óbitos. Foram analisados 10.351 casos de morte e outros 184.240 prontuários de internações de crianças nesta faixa etária ocorridos em 2005. 

Quedas, queimaduras e intoxicações acidentais também são os maiores responsáveis pelas internações entre jovens entre 10 e 14 anos, com cerca de 38% dos atendimentos.

O levantamento aponta que grande parte do risco a que as crianças estão expostas está dentro de casa, nos brinquedos e pequenos objetos, além do manuseio de líquidos quentes e produtos tóxicos, principalmente os utilizados na limpeza doméstica.

“É difícil imaginar que, apesar de todos os avanços alcançados pela medicina e pela saúde pública nos últimos anos, muitas crianças e adolescentes no Brasil ainda morram por causas completamente evitáveis. Pequenos cuidados e medidas simples resolveriam grande parte deste problema”, afirma Ricardo Tardelli, diretor estadual de Saúde.

Entre as principais causas externas de morte infantil os afogamentos ocupam o primeiro lugar, com 27,6% dos casos, seguidos por atropelamentos (25,7%), outros acidentes de transportes (18,5%) e sufocamentos acidentais (16,8%).

Quando o assunto são as internações, os pais devem tomar cuidado com as quedas, responsáveis por 74,6% das ocorrências. Em segundo lugar na lista de preocupações estão os atropelamentos, com 8,4% dos casos, seguidos pelas queimaduras, que levaram 5,7% das crianças e adolescentes ao hospital. 

“A atenção dos pais e responsáveis é primordial quando o assunto é evitar que as crianças e jovens se machuquem. É preciso pensar a casa como um local onde tudo pode acontecer e, diante disso, tentar se antecipar aos possíveis riscos”, afirma Tardelli.

Segundo ele, não se trata de perseguir os pequenos ou de impedir que eles circulem por aí. “Espera-se, apenas, que algumas medidas sejam tomadas com o objetivo de diminuir as chances de algo de ruim que aconteça.”

Seguem algumas dicas que devem ser adotadas para transformar as casas em lugares mais seguros:

Quedas

1. Recolher brinquedos e outros objetos do piso.

2. Os tapetes devem ser fixados com fita adesiva dupla-face ou forro de borracha antiderrapante.

3. Se qualquer substância líquida for derramada no chão, deve-se secá-la imediatamente.

4. Não deixar objetos na escada.

5. Colocar portão de segurança no topo e em baixo da escada se houver criança pequena em casa.

6. Deve-se evitar brincadeiras de risco na cama.

7. Crianças menores de 6 anos não devem dormir na parte de cima do beliche.

8. Colocar dispositivos de segurança nas janelas.

9. Próximo à janela, não se deve colocar berço ou outro móvel.

10. Brincadeiras de criança em escadas salva-vidas, telhados varandas não devem ser permitidas.

Queimaduras

1. As crianças não devem ter acesso a eletrodomésticos, fósforos e isqueiros; somente adultos devem usá-los.

2. As crianças pequenas não devem entrar na cozinha; se houver necessidade, precisam ser continuamente supervisionadas.

3. Não é seguro lidar com líquidos quentes e, ao mesmo tempo, cuidar de lactentes.

4. Cozinhar e transportar líquidos quentes são atividades que devem ser executadas por adultos e nunca por crianças.

5. No banheiro, a água quente, no balde ou na banheira, representa risco para a criança, que nunca pode ficar desacompanhada. Deve-se conferir a temperatura da água antes do banho.

Intoxicações

1. Os medicamentos que não estejam  em uso e também os desnecessários devem ser descartados de modo seguro.

2. Os frascos de medicamentos devem ser fechados com a tampa de segurança logo após o uso.

3. Nunca se deve falar para a criança que o remédio é doce.

4. As substâncias tóxicas e medicamentos devem ser mantidos em suas embalagens originais e nunca passados para outras.

5. Os produtos com possibilidade de causar intoxicações não devem ficar à vista e ao alcance das crianças.

6. Os profissionais de saúde que cuidam de crianças devem dar orientação aos pais e responsáveis a respeito da prevenção de intoxicações.

7. Diante da possibilidade de a criança ter ingerido substâncias tóxicas, a primeira atitude a ser tomada pelos responsáveis é entrar em contato com o centro de assistência toxicológica para receber orientação. Dessa forma, o número do centro deve estar sempre disponível perto do telefone.

Da Secretaria Estadual da Saúde

(I.P.)