Acidente em Congonhas: Após cinco dias IML já identificou mais de 60 vítimas

IML de São Paulo mobiliza profissionais em força-tarefa para a identificação das vítimas do desastre aéreo

seg, 23/07/2007 - 7h23 | Do Portal do Governo

Atualizada às 12h05

Passados cinco dias do acidente, o Instituto Médico Legal de São Paulo já identificou 63 corpos de vítimas do desastre aéreo. É um número expressivo, frente às dificuldades de identificação. No IML paulista, não existem barreiras técnicas e profissionais, já que está capacitado e tem em seu currículo o atendimento em massa a vítimas carbonizadas de outras catástrofes. Está adequadamente equipado para a realização das perícias necessárias visando à identificação dos corpos.

Embora saibamos que os números ainda não são suficientes para aplacar a dor das famílias, os trabalhos avançam na velocidade possível e com toda a responsabilidade necessária visando resultados corretos e confiáveis. Devido às altas temperaturas, o impacto físico do acidente, e o tempo de exposição ao calor, o trabalho de identificação de corpos segue uma classificação de casos. Primeiro, os mais fáceis, depois os difíceis e, finalmente, os mais difíceis. Este tem sido o critério adotado, de cunho absolutamente profissional, repelindo-se qualquer insinuação ou afirmativa de privilégio a situações particulares na identificação dos corpos. Tem sido possível acelerar a identificação com a ajuda de documentos apresentados pelos familiares e informações pessoais das vítimas.

Minutos após o acidente com o avião da TAM, a Sala de Situação da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, já estava interligada com as polícias de São Paulo e o Corpo de Bombeiros e em contato direto e permanente com a coordenadoria da Polícia Técnico-Científica e o Instituto Médico Legal. Todas as unidades do Corpo de Bombeiros da capital e da Grande São Paulo foram acionadas, ao mesmo tempo em que as polícias se organizavam para o atendimento ao maior desastre aéreo do país.

Na mesma noite do acidente, o Secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, decidiu tornar o Instituto Médico Legal Central, em Pinheiros, zona oeste da capital, uma unidade exclusiva de atendimento das vítimas do maior desastre aéreo da história do Brasil. O IML Central é o mais bem aparelhado do Estado.

Estão envolvidos no trabalho equipes de médicos legistas, odontolegistas, peritos criminais, papiloscopistas, auxiliares de necropsia, fotógrafos, assistentes sociais, técnicos em raio-X, atendentes de necrotério e policiais civis e militares, que foram mobilizados para a força-tarefa.

O trabalho de identificação é coordenado pelo diretor técnico do Núcleo de Antropologia Forense do Instituto Médico-Legal, médico legista Mário Jorge Tsuchya, que estabeleceu com sua equipe um planejamento estratégico, definindo tarefas para todos os profissionais mobilizados.

Os trabalhos desenvolveram-se em várias frentes:

1. Identificação e triagem dos corpos por equipe avançada no local do acidente.

2. Orientação das famílias para coleta de informações úteis e documentação para identificação dos corpos.

3. Triagem e início dos trabalhos de necropsia no IML Central.

4. Criação de Banco de Dados para cruzamento de informações relativas às vítimas. O Banco de Dados foi alimentado tanto pelas informações trazidas pelas famílias, como pelas observações recolhidas pelos legistas após o exame dos corpos.

5. Coleta de material biológico das vítimas e dos familiares para futuro confronto de identificação pelo método de DNA.

O Trabalho dos Bombeiros

O Corpo de Bombeiros chegou ao local antes mesmo do primeiro chamado com pedido de socorro. Ao ouvirem o estrondo, bombeiros que atendiam uma ocorrência no bairro do Campo Belo se dirigiram imediatamente ao local, na Avenida Washington Luiz.

232 bombeiros e 76 viaturas impediram que pessoas, desesperadas com o fogo, se jogassem das janelas. Viaturas com escadas chegaram ao local, a tempo de salvar a vida de uma dezena de pessoas. Outras quatro conseguiram escapar do incêndio nas mesmas circunstâncias, foram levadas para hospitais da região, mas não sobreviveram.

Policiais militares imediatamente isolaram a área incendiada, evitando o envolvimento no acidente de outras pessoas e de veículos que normalmente passam pela região.

Trabalhando em condições de risco controlado, em quatro dias os bombeiros retiraram do local 217 sacolas com corpos e fragmentos.

Nos últimos dias, o trabalho dos bombeiros entrou em uma nova etapa. A remoção de corpos íntegros e fragmentos foi substituída pela busca cuidadosa e criteriosa de materiais e pertences que tenham resistido às altas temperaturas.

Para melhorar ainda mais os resultados desses trabalhos, assim que conseguiram reduzir a temperatura do local, os bombeiros lançaram mão das cadelas (Anne e Dara), responsáveis pela localização de vítimas do acidente na cratera do Metrô Pinheiros, em janeiro deste ano. Quatro sacolas de fragmentos foram recolhidas ontem e hoje.

As Investigações da Polícia Civil

No dia seguinte ao desastre, na quarta, 18/7, peritos e fotógrafos do Núcleo de Engenharia do Instituto de Criminalística já haviam percorrido a pista do Aeroporto de Congonhas, iniciando o laudo que servirá de base ao inquérito policial instaurado, no mesmo dia, na 2º Delegacia Seccional da Capital, para apurar homicídios culposos e lesões corporais culposas.

O delegado Antonio Carlos Menezes Barbosa, titular do 27º Distrito Policial, que preside o inquérito, já obteve imagens da aterrissagem do avião da TAM na pista de Congonhas, fez diligências no local, colheu sete depoimentos que podem ajudar a indicar as responsabilidades pela tragédia e pediu a degravação da Caixa Preta à TAM.

A Secretaria da Segurança Pública mais uma vez se solidariza com os parentes e amigos das vítimas do acidente e continuará envidando o melhor dos seus esforços para devolver os corpos às famílias no prazo mais breve possível.

Leia também:

Da Secretaria da Segurança Pública