Catia Jonas, empresária
“Foi em 2013. Eu tinha 45 anos. Após o banho, fui passar creme no corpo e senti um nódulo no seio direito. Assustei. Minha mãe já teve três nódulos. E minha irmã morreu por causa de um câncer de mama. Ela também recebeu o diagnóstico aos 45 anos e foi uma coincidência muito macabra, difícil para a minha família. Foi desesperador.
Eu estava sem convênio médico e não sabia muito bem como funcionava o atendimento no sistema público de saúde. Busquei informações, fiz todos os procedimentos e vim parar aqui no Icesp. O tumor já estava no grau 3 e crescia muito rápido. Em um mês ele passou de 2 para 6 centímetros. Comecei a fazer quimioterapia, depois mastectomia, reconstrução e ainda precisei fazer radioterapia. Tudo isso durou um ano e meio, em que eu não fiz nada da minha vida a não ser ficar no hospital.
Nesse processo, o mais difícil foi o medo de o tratamento não der certo. Mas, por outro lado, foi importante descobrir o quanto sou amada. Recebi o apoio de pessoas que nem imaginava. Grande parte dessas amizades é de mulheres do ‘Meninas de Peito’, um grupo que hoje faço parte. Nosso intuito é trocar experiências entre mulheres que estão na mesma situação e fazer ações efetivas, como levar carretas de mamografia para estádios de futebol, por exemplo.
Minha maior motivação nesse grupo e na vida é aconselhar as mulheres. Antes de ter câncer, eu me achava indispensável. Tinha mil compromissos, não podia faltar em nada relacionado ao meu trabalho e família porque tinha de manter minha palavra. Faltar uma tarde no trabalho para fazer uma bateria de exames ginecológicos? Não fazia isso. A vida corrida nos faz sentir insubstituíveis. Então, meu conselho é ir ao médico. Se foi em algum e achou que ele não deu muita atenção, vá em outro. Mas vá, faça os exames. Quando a gente descobre uma doença, vemos como nossos compromissos são pequenos, como tudo perde o valor diante da importância de estar vivo.”
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Catia Jonas é empresária. Desde 2013 é mediadora do ‘Meninas de Peito’, um grupo de autoajuda – criado no Rio de Janeiro – que reúne quase 4 mil mulheres em todo Brasil e até em outros países. Ela atualmente está em tratamento contra o câncer de mama no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
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