Acessa Escola começa a funcionar na rede estadual

Programa vai levar equipamento a todas unidades de ensino médio até março de 2010

sex, 05/09/2008 - 8h43 | Do Portal do Governo

Nadiele, Sarah, Victória e Victor aproveitam o horário alternativo ao dos estudos para usar os computadores do laboratório de informática da própria escola. Também estão ali, a postos para ajudá-los, os alunos Erick, João Rodrigo e Robson. A cena se passa numa manhã, na Escola Estadual Raul Cardoso de Almeida, localizada na Vila das Mercês, zona sul da capital, e retrata uma novidade integrada ao dia-a-dia da rede estadual: o programa Acessa Escola.

A iniciativa abrange o funcionamento ininterrupto dos laboratórios de informática das 8 às 20 horas – para uso livre (salvo algumas restrições) pelos alunos, funcionários e professores – e a contratação e capacitação de estudantes para atuar como monitores. “É muito bom ter esse espaço, já que nem todo mundo possui a ferramenta em casa”, diz o monitor Erick Baseto de Mello, de 16 anos, selecionado em concurso para exercer a função. Dois mil e cem estudantes das próprias escolas da rede de ensino foram aprovados inicialmente na prova que definiu a ocupação das vagas de estagiário para o trabalho de quatro horas por dia, com remuneração mensal de R$ 340,00.

“Essa experiência me dá uma responsabilidade maior com a escola, pois, além de estudar, tenho de cuidar dela também. A gente vê como funciona, fica dos dois lados ao mesmo tempo: o dos alunos e o dos diretores. É uma oportunidade única”, conta o jovem estudante do 1º ano do ensino médio da mesma unidade em que trabalha. Ele relata que, com a atuação de pouco mais de um mês, pôde observar que a maioria do pessoal da escola não tem computador e que muitos nunca usaram um. “É impressionante”, diz surpreendido. “Fico muito gratificado em ensinar a garotada, principalmente quando mexe na máquina pela primeira vez”, afirma.

É o caso de Nadiele Batista da Silva, de 12 anos, que nesse dia teve suas lições iniciais de informática com os monitores. A garota pediu orientação sobre como usar o site de relacionamentos Orkut. “Tinha vontade de me comunicar com os meus amigos por intermédio desse portal. Gostei da novidade”, assegura a aluna do 6º ano do ensino fundamental que nunca havia teclado. Sua irmã, Sarah Lourenço Batista da Silva, 11 anos, já havia ido a uma lan house, e sentia falta de mais aprendizado para usar o computador. “Outras escolas tinham e a nossa não. Agora tem”, comemora a menina. Sara pretende usar o equipamento para acessar sites de relacionamento, de joguinhos e pesquisar o que a professora pede.

Lazer e aprendizado – João Rodrigo Viana, 18 anos, aprendeu a mexer sozinho na máquina, quando tinha entre 14 e 15 anos. Foi descobrindo aos poucos novas possibilidades e desenvolveu um interesse especial pela matéria. Ao saber da seleção para o estágio, correu para aproveitar o que chama de “grande oportunidade”. Diz que agora trabalha com o que gosta e pode aprender cada vez mais. Nos planos, a idéia de fazer um curso de aprimoramento na área, a ser pago com o salário do estágio. Segundo ele, as principais solicitações dos usuários são orientações sobre o uso de sites de relacionamento, como o Orkut, de jogos e de como pesquisar na rede virtual.

A vice-diretora da Raul Cardoso de Almeida, Sônia Aparecida Tonet Moreno, informa que a nova condição do laboratório de informática gerou animação entre professores e alunos. Ela destaca a importância dessa alternativa de lazer e aprendizado para os jovens num bairro de baixo poder aquisitivo, como aquele em que situa a escola. “A maioria dos estudantes daqui não pode pagar uma lan house”, informa. “Além do mais, o laboratório disponível durante todo o dia possibilita a realização de aulas diferenciadas, mais ricas”, completa.

A vice-diretora da Escola Estadual Padre Antonio Vieira, Ana Maria Galegale, aprova a opinião da colega. Na unidade, localizada em Santana, todos se interessaram pela novidade, que ela julga ter o poder de aumentar a integração dos alunos com a escola. Freqüentando o 2º ano do ensino médio, Aline Pereira dos Santos Cubíssimo (16), é uma das monitoras. A estudante aprendeu com o pai, técnico em informática, muito do que sabe sobre a atividade. No primeiro emprego, já tem a chance de compartilhar o seu conhecimento. “Sempre tive vontade de trabalhar, é bem melhor assim, ensinando o que eu sei aos outros”.

Geografia ilustrada

A professora de Geografia, Madalena Giannella, é uma das docentes da Escola Estadual Raul Cardoso de Almeida mais entusiasmadas com a possibilidade de uso do laboratório de informática. “É a que mais deu aulas aqui até agora”, conta Robson Morais, de 16 anos, também monitor no local. Para isso, os professores devem agendar antecipadamente. “Desde que o programa Acessa Escola entrou em funcionamento, usei o laboratório três vezes e tenho mais duas marcadas”, conta Madalena.

A professora considera ótimo complemento o recurso da Internet para as aulas teóricas. “Acho que fica mais fácil para os alunos assimilarem o que estão aprendendo quando têm condições de vivenciar no computador o que ouviram na classe”. E cita como exemplo as aulas sobre os biomas, enriquecidas com as paisagens visualizadas no site do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). “O pessoal se anima e entende melhor”, conta.

Em todas as escolas até 2010

O programa Acessa Escola vai chegar a todas as escolas estaduais de ensino médio até março de 2010. Isso acontecerá em três fases: até o fim de 2008, estará ativo em 600 unidades da capital. No ano que vem, a mais 4 mil, sendo mil até março (capital, cidades da Grande São Paulo, Campinas e Campo Limpo Paulista) e 3 mil até dezembro (outras cidades da Grande São Paulo e interior). Em 2010, às demais 3.527 instituições de ensino, com 12.242 alunos de 16 anos ou mais, como monitores. Até o momento, 5 mil deles foram selecionados. O contrato de estágio é de até 12 meses, com mínimo de seis, podendo ser prorrogado por mais um ano, a critério do aluno e da escola. Eles cumprem jornada de quatro horas diárias de trabalho, em três turnos diferentes: manhã (das 8 às 12 horas), tarde (12 às 16 horas) e noite (16 às 20 horas). São supervisionados por assistentes pedagógicos das Diretorias de Ensino.

Além de dar assistência aos colegas para uso dos computadores, agendar as atividades e controlar o acesso ao laboratório com carteirinhas distribuídas aos usuários, os estagiários observam o cumprimento de algumas regras, como a proibição de navegação em sites de pornografia, jogos de azar e que contenham conteúdo discriminatório, como de incitação ao racismo, por exemplo.

Eles contam com um instrumento de auxílio ao seu trabalho na Internet. Trata-se do site do Acessa Escola, que contém notícias sobre a rotina da rede de ensino, vídeos interativos para esclarecimento de dúvidas sobre a monitoria da sala de informática e fórum de troca de idéias para que os estagiários de todo o Estado possam se comunicar. O endereço é www.acessaescola.sp.gov.br.

Simone de Marco, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)