Culinária como meio de vida

Cursos gratuitos de confeitaria, panii cação, cafeteria e chocolateria certii cados pelo Senai permitem geração de renda e inclusão

qua, 26/09/2012 - 10h41 | Do Portal do Governo

Duas vezes por semana, a dona de casa Elizabeth Genicolo sai de sua residência no Jardim das Acácias, próximo do Morumbi, pega quatro conduções para chegar ao Centro de Esportes, Cultura e Lazer, do Governo do Estado de São Paulo, na Rodovia dos Imigrantes. A maratona já dura dois meses e ela garante que vale a pena cada minuto perdido no trânsito. Elizabeth é uma entre os 40 alunos do curso de auxiliar de confeitaria, oferecido gratuitamente pela instituição. Lá, ela tem aprendido a preparar muitas das iguarias que pretende oferecer em breve para docerias e confeitarias do seu bairro. “Aprendi a calcular a pesagem por porcentagem, e dessa forma a receita sai perfeita, não tem erro. A empadinha que fizemos é maravilhosa”, elogia.

Esse curso e o de auxiliar de panificação estão com inscrições abertas até o dia 27. São 40 vagas para cada modalidade, com turmas de manhã e à tarde. Para se inscrever, basta ter 14 anos ou mais e cursado no mínimo a sexta série do ensino fundamental. As aulas começam em outubro e vão até o dia 12 de dezembro.

Os dois cursos, além do de cafeteria e de chocolateria, são ministrados pela ONG Mamãe (Associação de Assistência à criança Santamarense) e certificados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O único investimento do aluno é com um avental, uma touca descartável, caneta e caderno.

Noções de higiene (limpeza das mãos, unhas, cabelo e vestimenta), manipulação de alimentos, medidas para evitar contaminação, cálculo de porcentagem e de custos compõem a parte teórica. Na parte prática, no curso de confeitaria aprende-se a preparar bolo de fubá, bolo inglês, croissant, tortas diversas, suspiro, coxinha, petit four, esfiha, pão de mel, rocambole, goiabinha, sonho, entre outros. No curso de auxiliar de padaria, os alunos saem habilitados a preparar diversos tipos de pães, como pão de leite, de forma, de hot dog, de hambúrguer, de batata, francês, baguete, integral, caseiro, além de ciabatta, broa, pizza e colomba.

Ao final de cada curso, todos passam por avaliação teórica e prática, na qual precisam desenvolver sozinhos uma receita. A certificação do Senai leva em consideração 75% de presença mais as notas das avaliações. Quem não conseguir atingir a pontuação necessária para receber o certificado pode se inscrever novamente para o próximo curso.

A coordenadora de nutrição da ONG Mamãe, Camila Magalhães Paz, afirma que o perfil dos alunos é bastante diversificado, assim como os objetivos de cada um, já que a faixa etária varia dos 14 aos 70 anos. “Normalmente, o objetivo predominante é a geração de renda e a inserção no mercado de trabalho formal. Mas, dependendo da faixa etária, isso pode mudar. Geralmente os muito jovens – por ainda não terem idade para trabalhar – e os mais idosos, por estarem em busca de aprender algo novo para manter a mente ativa, optam por ficar no mercado informal”.

Janaína Alves de Jesus, 34 anos, por exemplo, procurou o curso de auxiliar de confeitaria em busca de aperfeiçoamento. Casada e mãe de uma menina de 4 anos, há tempos ganha a vida vendendo trufas, pão de mel, bolos e coxinhas para a vizinhança. “Meu objetivo é ter mais opções de produtos para oferecer aos meus clientes” afirma ela, que já está inscrita no curso de panificação e entrou na fila de espera para o de chocolateria.

O auxiliar de serviços gerais José Edílson da Costa, de 49 anos, diz que foi atraído para o curso de confeitaria pela curiosidade. “A gente vê isso na padaria e não imagina como é feito. Aprendi que, além da porcentagem correta na receita, é muito importante também escolher ingredientes de qualidade para se obter um produto de alto nível”.

Para a professora Maria Regina Veloso, trabalhar com um grupo tão heterogêneo não é tarefa das mais fáceis. “Cada um chega com um nível de conhecimento: alguns não têm nenhuma noção de culinária, nenhuma base e não conseguem sequer identificar os ingredientes. Outros já têm algum conhecimento e muitos já trabalham vendendo doces informalmente. Por isso, nivelamos o conhecimento, partindo do início mesmo, ensinando o beabá”.

Por esse mesmo motivo, conceitos como o de trabalho em equipe e de respeito às diferenças são pontos altos no programa dos cursos. Durante a produção, todos participam, da limpeza dos utensílios à organização do espaço. As turmas são divididas em grupos, e cada um fica responsável por um setor.

Um local para todos

O Centro de Esporte, Cultura e Lazer é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado. Atende atualmente mais de 2 mil pessoas, matriculadas em aproximadamente 30 cursos, oficinas e atendimentos diversos. Oferece serviços nas áreas de cultura, esporte, lazer, profissionalização, educação e convivência, além de ceder equipamentos como quadras esportivas, pistas de skate e piscinas. De acordo com o gestor,
Roberto Duarte, as atividades atendem principalmente a população carente em busca de inserção no mercado de trabalho, o que tem dado bons resultados. “Essa é a intenção do espaço: oferecer atividades, não só esportivas, mas também educativas e de serviços. É a nossa obrigação”.

Todos os produtos fabricados nas aulas de culinária são utilizados na alimentação das crianças do contraturno escolar e também dos alunos da terceira idade, que praticam atividades físicas no local. No contraturno escolar, as crianças que estudam à tarde, chegam ao Centro às 8 e recebem café da manhã, almoço e lanche da tarde. Os que estudam de manhã chegam às 13 horas, almoçam e tomam lanche da tarde.

Da Agência Imprensa Oficial