A experiência de quem já passou pelo Atelier

Cada residente recebe seu ateliê para desenvolver seu projeto

seg, 30/07/2007 - 15h05 | Do Portal do Governo

No Ateliêr Amarelo, os curadores não dão aulas, mas discutem o projeto dos artistas plásticos residentes, como explica Cildo Oliveira. “Trata-se de um espaço de reflexão sobre linguagens das artes plásticas contemporâneas”, diz ele. O bolsista já chega com assunto e técnica definidos para seu trabalho; mas, segundo Cildo, não é raro que o projeto, em contato com o ambiente criativo do Atelier, mude radicalmente.

Cada residente recebe seu ateliê para desenvolver seu projeto. Os selecionados do interior podem morar no prédio. Além da oportunidade de ter um espaço onde é possível até mesmo pintar as paredes, o aluno ganha com o convívio diário com os outros artistas, que podem já ter uma carreira consolidada ou podem ser mais jovens.

Durante os cinco meses, os residentes são acompanhados, avaliados e criticados pelos curadores constantemente. Assistem, também, palestras de renomados artistas convidados pela curadoria. A troca de informações é freqüente.

Spinelli conta que este tipo de projeto é comum em outros lugares do mundo e que pode ajudar muito na formação e na profissionalização de artistas. E tem experiência para falar sobre isso: ele também ganhou uma bolsa similar 1970. “Fui um dos escolhidos para um desses projetos. Foi fantástico, mudou minha vida”, diz.

Os participantes de edições anteriores fazem a maior propaganda do Atelier Amarelo. Em 2005, foram 12 residentes: Henrique Oliveira (com o projeto Tapumes), Chico Coelho (Na Rua), Gilberto Tomé (Desígnio), Nani Catta Preta (Juzarte,) Vinicius Berton (Sinalização Subjetiva), Fabrício Lopez (A Madeira e a Luz), Júlio Meiron (Centros Comunicantes), Fernando Piola (Praça Vermelha) e Luciano Ogura Buralli (Procurando Ricardo) com os artistas do Grupo Dragão de Gravura, formado por Cláudia Braga, Cleirí Cardoso e a colombiana Yili Rojas.

Na segunda edição, que contou com quase 30 projetos inscritos, foram selecionados quatro da Capital e quatro do Interior.

Da Capital os escolhidos foram Mutação, de Silvia Maria Garcia Pinto; Instalação Cartográficas de Percurso, dos artistas Creusa Ramos de Brito, Fernanda Villea Alexandre, Kátia Salvany Felinto Álvares e Rafaela de Oura Jemene; Mapa, de Taís Cabral Monteiro; e Construsombras, de Hugo Leonardo Perucci Almeida.

Do interior, os eleitos foram: Calendário de Árvores da região Central de São Paulo , da artista Maria Regina Pacheco de Francisco Ribeiro Montenegro, de São Lourenço da Serra; Marcas de Passagem, de Marli Terezinha Fronza, de Tatuí; Outzider, Marcio Rogério Cardoso do Nascimento, de São José dos Campos; e Penélope, de Luciana Ruggia Camuzzo, de Piracicaba.

O pintor Henrique Oliveira, que esteve na edição de 2005, diz que, para ele, o Atelier propiciou um tempo diferente de produção, “mais lento que o das exposições, e um pouco mais acelerado do que o de um atelier próprio. Meu trabalho, ali, teve um ponto de inflexão muito importante”, diz ele, que transformou seu estúdio no local numa instalação.

O artista plástico Márcio Donasci, que foi selecionado para participar do projeto em 2006, e criou na residência o seu Outzider, usou o entorno do bairro como matéria-prima de seu trabalho. “É uma região pesada, que te contamina, mais ou menos como no trabalho de Maria Bonomi, Infecção da Memória”, ele lembra. Donasci, que criou até comunidade no site de relacionamentos Orkut para divulgar o Atelier, diz que se possível participaria de novo do projeto. (R.A.)