3 a cada 4 casos de câncer de bexiga no Hospital de Transplantes têm a ver com cigarro

Tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença

seg, 27/08/2018 - 10h56 | Do Portal do Governo

Em celebração ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto, a Secretaria de Estado da Saúde faz um alerta importante sobre a relação do cigarro com o câncer de bexiga.

Levantamento inédito feito pelo departamento de urologia do Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo, unidade da pasta gerenciada em parceria com a SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, indica que 73% dos pacientes diagnosticados com câncer de bexiga na unidade foram ou ainda são fumantes.

Entre as 1.130 cirurgias realizadas no hospital para retirada deste tipo de tumor desde 2013, 854 foram feitas em homens e 276 em mulheres. No total, 823 pacientes relataram ter o vício, sendo 657 do gênero masculino e 169, feminino.

Segundo a literatura médica, o câncer de bexiga é o segundo tumor do trato urinário mais frequente depois do que acomete a próstata, afetando tanto homens quanto mulheres. A principal causa é o tabagismo. De acordo com Cláudio Murta, coordenador do departamento urologia do Hospital, os homens têm mais propensão a ter a bexiga afetada pelo tumor do que as mulheres, devido a fatores genéticos ou hormonais, por exemplo. Porém, em ambos os casos, a maioria das pessoas ainda sofre com a falta de informação.

“Esses pacientes chegam ao nosso hospital sem ter ideia de que o hábito de fumar pode prejudicar outras áreas além do pulmão. São substâncias que causam alteração celular. Elas saem do sistema respiratório, vão para corrente sanguínea, são filtradas pelos rins e se depositam na bexiga, onde acontece a transformação chamada ‘maligna”, explica ele.

“O ideal é não fumar, mas é sempre recomendado parar de fumar, não importa a idade”, comenta Maria Del Pilar, chefe de oncologia clínica do Icesp.

Na unidade, o tratamento consiste na remoção do tumor por meio de raspagem da bexiga e, em casos mais graves, a retirada do órgão, com tratamento e acompanhamento posterior.

Especialistas acreditam que fatores como exposição a alguns produtos químicos industriais, não beber líquidos em quantidade suficiente, idade, infecções, questões genéticas e histórico familiar colaboram para o surgimento deste tipo de câncer, mas que o tabagismo atualmente é a maior causa do desenvolvimento da doença. “Por isso, podemos afirmar que, sem sombra de dúvidas, a principal prevenção contra o câncer de bexiga é não fumar ou parar com este hábito”, finaliza Murta.

Cigarro é causa de milhões de mortes

Segundo dados do Incor, a cada ano 6 milhões de pessoas morrem em todo o mundo por doenças atribuídas ao cigarro. No Brasil, cerca de 130 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de doenças relacionadas ao fumo, o que representa 13% do total de óbitos do país.

“O tabaco, mata mais que todas as outras drogas juntas”, garante o psiquiatra Montezuma Pimenta Ferreira, do Ambulatório de Tabagismo do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Sem contar, é claro, que muitas vezes essa dependência anda de mãos dadas com outras, como alcoolismo e o vício em outras drogas.”

Por isso que informar sobre os malefícios do cigarro nunca é demais. O melhor caminho é a prevenção, já que se livrar do hábito é uma árdua batalha. A psicóloga especialista Ivone Charran ilustra. “Aproximadamente 5% dos fumantes conseguem abandonar o cigarro sozinhos, sem tratamento ou acompanhamento médico. O restante, ou 95%, precisam de ajuda especializada. Parar de fumar não é fácil.”