Unicamp é sede do 56º congresso sobre agricultura e desenvolvimento rural

Mais de mil pessoas participam do evento, com mesas-redondas, painéis, exposição de trabalhos científicos e minicursos

seg, 30/07/2018 - 19h16 | Do Portal do Governo

Até o dia 1º de agosto, a Unicamp – Universidade Estadual de Campinas é sede do 56º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), maior evento acadêmico na área de agricultura e desenvolvimento rural, no Brasil. O tema desse ano é “Transformações Recentes na Agropecuária Brasileira: desafios em gestão, inovação, sustentabilidade e inclusão social”.

Mais de mil pessoas dividem os auditórios do Centro de Convenções, do Instituto de Economia (IE) e do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), e buscam por mesas-redondas, painéis, exposição de trabalhos científicos e minicursos.

Professor do IE e coordenador da comissão organizadora local, Antonio Marcio Buainain observa que a Sober é uma das sociedades científicas mais tradicionais em pesquisas sobre o meio rural, que envolvem não apenas a agropecuária, mas também as populações e as questões do território em geral.

“Entendemos que a agropecuária vem sendo o eixo do crescimento da economia brasileira – um crescimento pequeno, mas que se deve à contribuição desse setor, que passa por transformações e enfrenta grandes desafios”, afirma o professor.

Segundo Buainain, o primeiro grande desafio para a agropecuária é continuar crescendo, e com sustentabilidade em seu sentido amplo, o que inclui o meio ambiente e a dimensão social e política, a fim de atender ao aumento da demanda por alimentos no Brasil e no mundo. “É uma grande oportunidade que o país tem para abastecer o mercado mundial de alimentos. Para isso, a nossa agricultura precisa crescer, e sem poluir, desmatar e envenenar”, acrescenta.

O segundo grande desafio, esclarece o docente, é o ambiental. “A nosso ver, a questão do meio ambiente é a grande bomba que a humanidade tem nas mãos. Ele atenta que a agropecuária atual é cheia de problemas e que o mundo continua tendo quase um bilhão de pessoas em condições de insuficiência alimentar, mas que isso não se deve à falta de alimentos, e sim aos conflitos sociais, como as grandes migrações.

“Há disponibilidade e o acesso a alimentos é viável. O fantasma de hoje é o meio ambiente e a agropecuária não é o principal fator, como parece ser senso comum. É cômodo para quem está na cidade responsabilizar o agricultor, quando somos nós que temos um padrão de consumo insustentável, produzimos lixo sem cessar e preferimos o automóvel à bicicleta ou caminhada”, reforça Buainain.

A inclusão social é outro desafio apontado pelo professor do IE, diante dos milhares de pequenos agricultores que estão ficando à margem do processo de produção e precisam ser incorporados. “Para o setor agropecuário vencer esses desafios, um ingrediente básico é a inovação e de capacidade de gestão. Sem inovação não vamos encontrar soluções para produzir mais alimentos poupando o meio ambiente. E é preciso considerar que a agricultura está integrada à economia nacional e mundial, o agricultor deixou de ser apenas quem joga a semente para depois colher – quem semeia precisa se proteger dos riscos, saber comercializar e estar antenado nas tecnologias disponíveis”, diz o professor.

Antonio Marcio Buainain comentou ainda os dados do Censo Agropecuário 2017 divulgados pelo IBGE na semana passada, dando conta de um aumento de 5% na área ocupada pela agropecuária (16,5 milhões de hectares, equivalente à área do estado do Acre) em relação ao Censo de 2006. “Com isso, houve desmatamento e, também, uma expansão do número de estabelecimentos que usam produtos químicos. A imprensa publicou esses dados como algo negativo, mas a leitura pode ser outra: que em 15 anos a área cresceu pouco e, em compensação, a produção de grãos mais do que dobrou. Mas precisamos olhar mais profundamente para os dados, que deverão ser muito úteis para entender essas transformações da agricultura”.