Unicamp cria medidor de açúcar na cana a laser

Equipamento deve estar no mercado ainda neste ano

sex, 13/06/2008 - 9h01 | Do Portal do Governo

Usinas de açúcar e álcool e algumas indústrias poderão contar com um modelo mais eficiente e revolucionário de sacarímetro. O equipamento, utilizado para medir o teor de sacarose (açúcar) do caldo de cana, foi desenvolvido por pesquisadores da Tech Chrom, empresa gerada a partir da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp).

O sacarímetro é utilizado especialmente pelas usinas de açúcar e álcool, que precisam determinar o teor de sacarose presente na cana-de-açúcar comprada dos agricultores. Há cerca de 40 anos, o produtor de cana é remunerado pelo teor de açúcar e não pela tonelagem. “Sem um sacarímetro, o usineiro pode comprar um caminhão de bagaço e água, com pouco açúcar”, explica José Felix Manfredi, um dos criadores da Tech Chrom juntamente com Carol Collins, Kenneth Collins e Valter Orico de Matos.

Além das usinas de açúcar e álcool, indústrias alimentícias e de bebidas, consumidoras de açúcar, também podem utilizar o equipamento. No Brasil, o tipo tradicional de sacarímetro já é produzido há cerca de 30 anos. Há, entretanto, alguns mais sofisticados, mas do mesmo modelo convencional, que são importados dos Estados Unidos e Alemanha.

O sacarímetro tradicional contém em seu interior peças móveis, como o motor elétrico. No novo modelo, ao contrário, não existem peças que se movimentam internamente. Em vez de lâmpada de filamento, com luz comum, o sacarímetro recém-criado usa laser infravermelho para analisar as amostras de caldo de cana. Outra diferença: o sacarímetro convencional tem um metro de comprimento e pesa 40 quilos. O novo modelo tem 40 centímetros de comprimento e pesa oito quilos.

Nos sacarímetros convencionais, o feixe óptico, como opera com luz comum, não consegue penetrar as amostras de caldo de cana (normalmente escuras) para analisar o teor de sacarose. Por isso, essas amostras, antes de serem analisadas, precisam de clarificação química (processo de remoção da cor e turbidez). Isso, tradicionalmente, era feito com sal de chumbo — substância tóxica para quem realiza a análise e poluente do solo e lençol freático, hoje proibida por lei. Por outro lado, produtos alternativos, à base de alumínio, são caros e nem sempre apresentam a mesma eficiência.

No sacarímetro da Tech Chrom, a amostra de caldo de cana é atravessada por um feixe de luz laser infravermelho, que torna o caldo é mais transparente, mesmo que pareça mais escuro ao olho humano, que não é sensível ao infravermelho.

Assistência – A Tech Chrom desenvolveu o projeto do equipamento com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e estímulo inicial de um distribuidor para o setor, além de empregar recursos próprios. O componente óptico, a eletrônica digital, o software e a mecânica (sem partes móveis) foram integralmente desenvolvidos por pesquisadores da empresa. Os componentes para produção seriada são adquiridos no mercado nacional e internacional, e o produto é montado na Tech Chrom.

O equipamento passa, no momento, por testes de aplicação e deverá estar disponível no mercado ainda nesta safra de cana-de-açúcar. Segundo Manfredi, a empresa ainda está estabelecendo a política de preços e distribuição do equipamento. Para se ter idéia, a sacarímetro tradicional custa entre R$ 40 mil e R$ 80 mil. A assistência direta ao usuário será prestada por um distribuidor, com a retaguarda tecnológica da Tech Chrom.

Assistida pela Incamp, incubadora vinculada à Agência de Inovação da Unicamp, a Tech Chrom é especializada em instrumentação analítica de alta tecnologia. Um deles é o cromatógrafo, que serve para a realização de análise química de materiais em estado gasoso ou que podem ser volatizados. Outro é o titulador, utilizado em análise de controle industrial.

Da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)