Projeto da Unesp de Bauru ajuda famílias a lidar com o luto

Psicóloga explica que cada geração encara a morte de uma maneira diferente

qua, 02/11/2011 - 11h00 | Do Portal do Governo

A morte está associada aos sentimentos de tristeza e impotência diante do caráter passageiro da vida, independentemente da cultura, idade, religião e experiências passadas. O Centro de Psicologia Aplicada (CPA) da Unesp, Câmpus de Bauru, oferece atendimento gratuito, em grupo ou individual, para pessoas enlutadas, além de formação complementar sobre o tema para profissionais de saúde.

Ação é coordenada pela psicóloga Alessandra de Andrade Lopes, professora da Faculdade de Ciências (FC), Câmpus de Bauru. Para ela, embora o tema desperte uma enorme curiosidade, há muita resistência em falar sobre ele e compartilhar experiências. A razão disso, segundo a pesquisadora, é que a sociedade valoriza excessivamente a produtividade, os ganhos e os pontos positivos. “A perda, o sofrimento, a morte são temas evitados, mas é preciso entender que os aspectos negativos também fazem parte da vida”, diz.

As sessões são realizadas por professores de psicologia especializados em diversas áreas e por alunos de graduação. Segundo a coordenadora, isso incrementa a formação do psicólogo egresso da unidade. Ela alerta para o fato de muitos psicólogos saírem da faculdade sem o preparo necessário para lidar com pacientes enlutados.

Luto x geração

Além dos projetos de extensão, o CPA também tem permitido a realização de diferentes pesquisas sobre a morte. Uma delas é a dissertação defendida este ano por Caroline Garpelli Barbosa, na FC. A psicóloga ouviu membros de seis famílias. O resultado aponta como cada geração apresenta modos semelhantes de lidar com a morte, que, por sua vez, se diferenciam daqueles de outra faixa etária.

O trabalho foi orientado e coorientado, respectivamente, pelas professoras da FC Ligia Ebner Melchiori e Carmen Maria Bueno Neme. Segundo o estudo, o idoso teme adoecer, tornar-se dependente e sofrer. “Além disso, seus relatos foram permeados pela sensação de vazio, saudade e tristeza pela passagem de entes queridos”, assinala Caroline. Para o adulto, a ideia de fim da existência traz inquietação em razão dos projetos inacabados e dos cuidados com os filhos. Quanto ao jovem, no auge de construção do próprio mundo, sua relação com a morte é de distanciamento.

Para Caroline, embora devesse ser pensada como parte da vida, a morte desperta sentimentos dolorosos em quase todos os entrevistados. “A sociedade necessita trazer essa reflexão para o seu lugar originário, isto é, para o interior da existência”, argumenta.

Serviço

Para ter informações os atendimentos oferecidos pelo CPA, o interessado deve procurar pessoalmente a unidade, localizada na Avenida Engº Luíz Edmundo Carrijo Coube, nº 14-01, Vargem Limpa, Bauru (SP). Dúvidas podem ser esclarecidas pelo número (14) 3203-0562.

Da Unesp