Polícia Civil de SP faz operação contra esquema criminoso de regularização de CNHs

Suspeitos chegaram a regularizar a CNH de pessoas analfabetas; esquema de fraudes apurado com o apoio do Detran ocorreu entre 2018 e 2019

sex, 24/11/2023 - 12h50 | Do Portal do Governo
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(Crédito: Polícia Civil)

A 3ª DCCIBER (Delegacia de Polícia Sobre Violação de Dispositivos Eletrônicos e Redes de Dados) realizou na quinta-feira (23) uma operação para desarticular um esquema criminoso envolvendo a inserção de dados falsos no sistema do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para regularizar a situação de CNHs (Carteira Nacional de Habilitação) com alguma pendência. As fraudes foram relativas ao período de 2018 e 2019.

A investigação, que contou com o apoio do Detran, identificou 22 suspeitos de cooptar “clientes” com algum problema no documento. O assédio acontecia, na maioria dos casos, nas imediações do Detran. Os suspeitos ofereciam uma solução rápida e sem burocracia, mediante pagamento de valores que poderiam superar os R$ 3 mil, dependendo do grau de dificuldade para regularizar a situação da CNH.

De acordo com a Polícia Civil, os funcionários do órgão identificados se revezavam nas pesquisas e montagem dos processos para dar ares de “regularidade” para, posteriormente, encaminhar os documentos para coordenação e validação. A apuração apontou que os envolvidos tinham conhecimento da ilegalidade e, inclusive, mantinham contato com os demais suspeitos informando sobre o andamento dos procedimentos.

Em alguns casos identificados, os suspeitos chegaram a regularizar a CNH de pessoas analfabetas, boa parte delas do estado de Minas Gerais. Para realizar o procedimento, o oficial administrativo pesquisava a situação do “cliente” no sistema do órgão e indicava quais documentos eram necessários para a regularização, como, por exemplo, diploma escolar ou comprovante de endereço falsos, para que o processo administrativo fosse elaborado. Assim, por meio do uso de senha pessoal, o procedimento era inserido no sistema do Detran sem apontar qualquer irregularidade.

Os suspeitos já foram afastados nesta quinta-feira pelo Detran e suas senhas de acesso ao sistema já estão bloqueadas, em ação sob coordenação da Auditoria Interna.

O esquema chegava a agilizar o andamento dos processos dos “clientes”, tendo muitas vezes a situação passada na frente de outras pessoas que buscavam a regularização da CNH pelos meios legais.

Os policiais cumpriram 32 mandados de busca e apreensão, além de mandados de prisão, em São Paulo. Entre os alvos estão servidores do órgão de trânsito, ex-funcionários, advogados, despachantes e procuradores, popularmente chamados de “zangões”, responsáveis por encontrar os “clientes” interessados na fraude.