Dentro de três anos o Brasil deverá ter uma vacina eficaz contra a dengue. Quem diz isso é o presidente da Fundação Butantan e responsável técnico-científico por seu Centro de Biotecnologia, Isaias Raw: “Esperamos que isso ocorra até 2010. Final de 2010”.
Para isso, o Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde que Raw preside, estabeleceu parceria com diversas instituições, nacionais e internacionais, para levar adiante a empreitada, que inclui a realização de testes de ensaio clínico e a construção de uma fábrica produtora.
Os Estados Unidos já criaram uma vacina contra a doença, que ainda está sendo testada. A instituição responsável pelo desenvolvimento é o National Institute of Health (NIH) que, por meio de trabalho conjunto com o Butantan, vai realizar testes também no Brasil. Experiências com macacos, por exemplo, demonstraram que o produto é 100% eficiente. Outras experiências estão sendo realizadas em vários países, mas a do NIH é a que desponta como a mais eficiente, segundo Raw.
Parte dos recursos necessários virão da Pediatric Dengue Vaccine Initiative, com sede na Coréia do Sul. A exemplo do desenvolvimento da vacina para a gripe, o Ministério da Saúde também participará desse esforço. Planeja-se construir a fábrica no terreno do Butantan. Ela terá um laboratório piloto, onde será produzida, inicialmente, pequena quantidade de vacinas, apenas para os testes. O governo estadual será responsável pela construção e o Ministério da Saúde fornecerá os equipamentos.
Outras instituições participarão do trabalho. São a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (por meio do Instituto da Criança), o Hospital Universitário da USP, a Faculdade de Medicina da Santa Casa e o Instituto Adolfo Lutz, responsável pelos ensaios laboratoriais.Tetravalente – A vacina a ser produzida será tetravalente, capaz de imunizar contra quatro sorotipos (ou vírus) da dengue: 1, 2, 3 e 4. O tipo 4, inexistente no Brasil, é o mais perigoso. A prioridade é atender os jovens, pois acredita-se que é a parcela mais suscetível à doença. Mas, com o tempo, a idéia é produzir uma vacina para crianças, o que dispensaria vaciná-las quando jovens.
A vacina, antes de aprovada, deverá passar por três ensaios clínicos. O primeiro, para saber se causa efeitos colaterais capazes de torná-la perigosa. Uma parte desse ensaio foi realizada nos Estados Unidos, a outra ficará com o Butantan. No segundo, será produzida uma pequena quantidade de vacinas, para calibrar a dosagem. No terceiro ensaio haverá experiência com número maior de voluntários, primeiro em São Paulo, depois em local onde haja grande incidência da moléstia.
Paulo Henrique Andrade
Da Agência Imprensa Oficial
(M.S.)
