Grupo de paralisia do HC atende mais de 50 pessoas por semana

Eles chegam por encaminhamento da rede pública de saúde

qua, 17/12/2008 - 10h10 | Do Portal do Governo

Atualmente, O Grupo de Paralisia Cerebral do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas atende mais de 50 pacientes por semana, de diferentes idades. Eles chegam por encaminhamento da rede pública de saúde e triagem do próprio grupo, que analisa a necessidade da terapia esportiva.

A paralisia cerebral é uma lesão do sistema nervoso central que ocorre antes, durante ou depois do parto, provocada pela falta de oxigenação no cérebro do bebê. Comprometimento motor é a principal conseqüência, mas alguns também apresentam dano mental, auditivo, visual ou da fala.

Entre os critérios para ingresso no grupo, o fisioterapeuta Felix Ricardo Andrusaitis diz que é imprescindível ser portador de paralisia cerebral com comprometimento ortopédico (braço, perna, coluna vertebral ou outro membro) que necessite de cirurgia. É necessário também ter locomoção independente e colaborar com as instruções dos técnicos. O treino começa no início do ano com apoio de médico ortopedista, residente em Medicina Esportiva, professor de Educação Física, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, assistente social, psicólogo, auxiliar de enfermagem. Sem contar os voluntários, estagiários e cuidadores (familiares), sempre dispostos a ajudar.

 

Força e precisão – Os profissionais integram e atendem os pacientes para estimulá-los a reabilitar o músculo deformado ou sem movimento devido à doença. O tempo de permanência é livre. “Não há idade máxima para a assistência, o importante é ter memória do movimento para reaprendê-lo. Os mais velhos têm mais dificuldades”, avalia o ortopedista André Pedrinelli, coordenador da terapia esportiva do grupo, uma das ações do setor de Medicina Esportiva da Faculdade de Medicina da USP. “Oferecemos diversas terapias esportivas. O paciente aprende a cair, levantar, se conhecer e a superar os limites”, conta Pedrinelli.

Como na Educação Física da escola, os pacientes são convidados a manejar a bola, reconhecer os espaços e desenvolver as atividades esportivas. “Quando chegam, ouvimos relatos de que os professores do colégio não convidavam esses alunos para as atividades físicas por acharem que não tinham condições”, relata o fisioterapeuta Felix Ricardo. Ele destaca a importância do esporte para potencializar as habilidades motoras e adquirir independência para as atividades do dia-a-dia. No futebol, o chute serve para fortalecer a perna mais frágil.

Se o objetivo é melhorar a mobilidade dos braços, força e precisão, o ideal é praticar basquete. Pedrinelli frisa que se não trabalhar a musculatura com a atividade física, o músculo permanece deformado e não sai dessa posição. No braço, por exemplo, a flexão provocada pela doença dificulta pegar objetos.

 

Benefícios – Além do benefício corporal, a terapia esportiva também ajuda na recuperação da auto-estima. “Alguns jovens se sentem mais motivados, arrumam emprego e melhoram o desempenho escolar”, assegura Pedrinelli. Quatro jovens participam de futebol adaptado para pessoas com deficiências nas pernas, no Guarujá. Um deles, o Everton Daniel dos Santos Silva, 18 anos, fará teste para integrar a seleção do Campeonato Mundial Sub-20 de Deficientes, em 2009, na Colômbia. Durante as terapias esportivas, uma vez por semana, durante 90 minutos, os pais realizam atividades físicas e participam de palestras coordenadas por profissionais do Grupo de Paralisia Cerebral. Eles fazem alongamento, caminhada, avaliação clínica e teste de esforço para melhorar a qualidade de vida.

Viviane Gomes

Da Agência Imprensa Oficial