Grafitti com Pipoca renova programa Valorização de Iniciativas Culturais

Atividade acontece no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, na Capital

ter, 06/11/2007 - 21h48 | Do Portal do Governo

“Nem parece aula. A produção acontece em ritmo de brincadeira”. As palavras do cinegrafista do Grafitti com Pipoca, Jerônimo Vilhena, resumem o dia-a-dia do grupo. Todo sábado à tarde, eles se reúnem para fazer o que mais gostam: desenhar, seja com sprays, lápis ou mouse.

Aos poucos o pessoal chega à sala da AEB, no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), na Capital, e põe a cabeça para pensar. É preciso definir história, personagens, roteiro de gravação, edição, animação, além de fazer arte com as mãos.

A primeira produção da equipe foi o Velho Bola Murcha, vídeo de 3 minutos que conta a história de um homem que fura todas as bolas que caem na sua casa, mas, tem um final feliz ao lado das crianças da rua. Enquanto a animação dá vida aos personagens, o grafismo entra como cenário, feito no muro de uma escola.

Este curta participou do 18º Festival Internacional de Curtas de São Paulo e ficou na página principal do Youtube, devido ao numero de acessos, mais de 60 mil. Este ano, o grupo conseguiu renovar o programa para a Valorização de Iniciativas Culturais – VAI e já fez o Pixelation, uma espécie de animação orgânica, onde os desenhos foram substituídos pelos próprios integrantes, que tiveram seus movimentos fotografados, passo-a-passo.

E para quem pensa que terminou, tem mais notícia boa. No momento, o Grafitti com Pipoca está em fase de produção de um clipe para um grupo musical.

A união de arte também mistura pessoas de diferentes classes e idades. Um dos mais novos, Daniel dos Santos Filho, 14 anos, entrou no grupo este ano e já sabe o que quer. “Desenhar é o que eu mais entendo e gosto de fazer”, diz. Ele entrou, inicialmente, por causa do grafite, mas mudou de idéia no caminho.

Outro “vira-casaca” é Marcos Messias, que explica sua atual preferência pelo desenho animado. Um problema destacado é a interpretação. “É difícil entender o grafite. As pessoas leigas não compreendem a mensagem, o que desperta o preconceito”, completa.

Fiel aos sprays, o professor Agner Simões Rebouças conta como são os artistas de muros. “Grafiteiro não tem a paciência dos animadores, de passar horas desenhando a mesma coisa. Gostamos de coisa rápida e prática, É chegar, grafitar e tá pronto”, diz.

Mercado

O espaço de desenhos animados está em fase de crescimento, segundo o professor Rodrigo Eba, que trabalha há 2 anos nessa área. “Há muita gente produzindo séries com a queda do custo. O cenário está montado, é preciso quebrar as barreiras”, diz.

Os entraves se resumem ao tempo gasto. A demora da produção deixa a TV com medo de investir. “Um vídeo de 3 minutos pode levar 8 meses para ficar pronto. Já uma novela pode ser gravada no mesmo dia em que vai ao ar”, explica Eba.

Uma opção para os artistas é a recente parceria com o Canadá. Tanto é que o Ministério da Cultura está tentando assinar contratos com o exterior. O primeiro passo já foi dado. Neste ano, dois brasileiros participaram do evento canadense, chamado Hot House, onde aprenderam sobre o mundo da animação. Solidários, eles criaram um site para compartilhar o conhecimento com os que ficaram aqui.

Atitude rara para esta categoria, que assim como os grafiteiros, possui muitas “panelas”, que dificulta a produção e o intercâmbio dos artistas. “Há grupinhos nas duas artes, no entanto, no desenho animado é mais fácil superar este limite”, opina Messias.

Como é

As oficinas exclusivas de grafite acontecem de terça e quinta-feira, das 14h às 17h. Lá, os alunos, participantes do Ação Jovem da AEB, conhecem a história, o estilo, a cor e a medir o espaço em que produzirá. Só depois eles iniciam a parte prática. “Agora, eles vão pegar a lata de spray e pôr no muro o que aprenderam”, explica Rebouças.

Já a animação é a chamada arte da teimosia pela repetição de movimentos. De acordo com Eba, cada segundo de filme corresponde, em média, a 24 desenhos. “Desenhar é meio maçante. O prazer é ver o material pronto”, diz.

Sobre a mesa de luz são feitas as seqüências de cena dos personagens. Após isto, é preciso redesenhar todas as etapas do rascunho, que serão digitalizados. No computador, as imagens são pintadas, uma a uma, e depois animadas.

Da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social

(I.P.)