Governo de SP amplia rede de proteção de animais silvestres

Estado ganhará nova unida a partir do 1º trimestre de 2024; cidade de Registro será contemplada

dom, 10/09/2023 - 10h35 | Do Portal do Governo

Referência nacional e internacional quando o assunto é proteção e recuperação de espécies da fauna silvestre brasileira, o Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres (Cetras-SP), da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), terá sua rede de atendimento ampliada com a inauguração, no primeiro trimestre de 2024, com uma nova unidade na cidade de Registro, no Vale do Ribeira.

“A entrada em operação do novo equipamento em Registro ampliará a nossa capacidade de atendimento, atuando em sinergia com as polícias ambiental e rodoviária no combate ao tráfico de animais na BR 116, importante rota do comércio ilegal de animais, que liga o Brasil de Norte a Sul,” ressalta Patrícia Locosque, que está à frente da Coordenadoria de Fauna Silvestre (CFS) da Semil.

Somente em 2023, o Centro recebeu 4.742 animais, sendo 2.734 provenientes de apreensão, 686 de entregas espontâneas e 1.322 vindos de resgates. Em 2.063 desses casos, as polícias Militar Ambiental, Militar Rodoviária, Civil e o Corpo de Bombeiros realizaram as ocorrências, o que demonstra a importância de um trabalho coordenado entre os setores, além de ações de Educação Ambiental e de Comunicação para conscientização contra o Tráfico de Animais Silvestres.

Desde sua implantação, em 1986, o Cetras-SP, antes conhecido como CRAS-PET, já atendeu mais de 200 mil animais de 720 espécies, entre aves, mamíferos e répteis, inclusive aquelas que se encontram ameaçadas de extinção, como é o caso do Sagui da serra escuro (Callithrix aurita), ou Sagui-caveirinha, e dos pássaros Pixoxó (Sporofila frontalis) e Papagaio de cara roxa (Amazona brasiliensis).

Cuidados e reabilitação

O principal atendimento, após o cuidado com animais apreendidos vítimas do tráfico, ocorre devido ao impacto de ações humanas no ambiente. Isso inclui casos de atropelamentos, lesões causadas por linhas de pipa com cerol e órfãos. “As aves canoras, como canários, curiós, trinca-ferro, e os psitacídeos, como papagaios, araras e periquitos, infelizmente ainda são largamente capturados na natureza e vendidos como animais de estimação”, explica. “Essa atividade leva à morte de 90% dos animais, geralmente filhotes, devido a maus tratos na captura, transporte e à falta de cuidados adequados. O papel dos centros de triagem é fundamental para garantir a interrupção desse ciclo, proporcionando uma nova oportunidade a esses indivíduos”, acrescenta.

Os animais recebidos no Cetras-SP passam por reabilitação, um conjunto de ações que priorizam o bem-estar psíquico, físico e comportamental das aves, mamíferos e répteis. Muitas vezes, é necessária intervenção clínica e cirúrgica nesses indivíduos, treinamento de voo, readaptação na apanha de alimentos, reinserção de animais gregários em grupos, entre outros estímulos, antes que possam ser devolvidos com segurança à natureza.

O resultado desse esforço, que ganhará mais musculatura com as novas unidades, é representado por algumas vitórias importantes, como é o caso de 238 jabutis. Após anos em ambiente doméstico, sem convívio com outros da mesma espécie, os animais foram reinseridos, com sucesso, na caatinga do Nordeste após passarem pelo Cetras-SP. Um tratamento intensivo no centro também recuperou e devolveu à natureza quatro preguiças que sofreram atropelamento em rodovias estaduais e puderam ser resgatadas com vida. Os técnicos também comemoram o nascimento de filhotes de 60 ovos de psitacídeos que seriam levados ilegalmente para Xangai, na China, e ficaram em chocadeiras no centro.