Entrevista coletiva do governador Mário Covas após entrega de novos trens alemães adquiridos pela CP

Parte I

sex, 10/11/2000 - 16h16 | Do Portal do Governo

Entrevista coletiva do governador Mário Covas após entrega de novos trens alemães adquiridos pela CPTM

Parte I

Repórter: O que o senhor achou do trem alemão?

Covas: Achei muito bom. Não surpreende. É um trem muito próximo do mais recente trem espanhol. Nós compramos duas séries de trem espanhol. A primeira série era um trem, digamos assim, de segunda geração. A mais moderna era um trem de última geração e é muito parecido com o trem alemão. Características especiais esse trem tem algumas modalidades novas, alguma coisa adicional. O computador praticamente prevê até as falhas que o trem vai ter. É um trem muito bom. Vocês andaram nele (se referindo aos repórteres) e verificaram que a gente praticamente não sente que está andando. A gente fica muito satisfeito de ver que a população mais pobre vai ter um transporte dessa qualidade.

Repórter: Em quanto tempo os espanhóis serão substituídos pelos alemães?

Covas: Não, os espanhóis nunca serão substituídos. Os espanhóis são definitivos.

Repórter: Os alemães não vem substituir?

Covas: Não, não vem. Eles vem acrescentar. Nós temos hoje, da primeira leva, 48 trens com três carros cada um. São 144 carros.

Repórter: Três carros?

Covas: Os primeiros são. Quarenta e oito eram trens de três carros, ou seja, são 144 carros. Depois vieram mais 30 trens de última geração, com quatro carros cada um. São 120 carros, com 144 dá 264. E agora estão chegando, hoje chegaram quatro e até abril chegam os outros seis, vem um por mês. São mais dez trens alemães de quatro carros cada um. São mais quarenta carros, o que significa no total 284 carros.

Repórter: E em termos de investimento, o que significa?

Covas: Bom, esses aqui custaram US$ 70 milhões, US$ 3 milhões cada um. O total de investimento feito só em trens é de R$ 380 milhões.

Repórter: Por que um trem desses ou o trem alemão não é colocado na Linha A, que vai do Brás a Francisco Morato?

Covas: Você não pode misturar o trem mais moderno com o trem renovado. Não dá, porque senão todo mundo quer ir no trem que tem ar condicionado. Começa a querer andar só num horário. Isso não é bom nem para o passageiro nem para o trabalho.

Repórter: A linha precisa ser renovada então?

Covas: A linha já recebeu. Uma parte já foi reformada, outra parte está sob reforma. Estão sendo aproveitados em primeiro lugar onde você já tem uma linha permanente absolutamente em ordem. Mas quando mudar lá, muda por inteiro. Até lá nós usaremos trens mais antigos reformados.

Repórter: E a previsão para instalação desses trens? Da reforma toda nas linhas de trens?

Covas: Está sendo feita. Tem sido feito permanente. Lá foi feito inclusive um trecho. Estão perguntando isso por causa do acidente ocorrido lá. O acidente ocorrido lá não foi por causa de defeito da linha.

Repórter: Também por causa disso.

Covas: Não. O problema que houve lá não foi por causa da linha, foi por outra razão.

Repórter: Governador, e o metrô? Como é que está o cronograma dessa Linha 5 ?

Covas: Essa que sai daqui? A lilás? Praticamente a parte de obra civil, que é concreto, etc., essa está com noventa e tantos por cento feito. Agora vai começar a parte de linha.

Repórter: O senhor está satisfeito com o cronograma das obras? O senhor está satisfeito com o cronograma do Pitu 2020?

Covas: O cronograma para aquela obra que vai custar R$ 1,2 bilhão é para terminar em outubro de 2002. Pelo menos é a promessa que o secretário está me fazendo. Se vai acontecer ou não, não sei. A mim me compete providenciar a “gaita”.

Repórter: Mas nesses seus seis anos de Governo, o senhor está contente com todo o prosseguimento que está sendo dado no sistema de Transportes?

Covas: Olha, nunca houve investimento no sistema de Transportes como houve durante esse período. Seja em metrô, seja em trem.

Repórter: Está saindo como o senhor planejou no seu Governo? É a sua meta?

Covas: Está. Até gostaria de poder fazer mais, apenas não dá para fazer mais.

Repórter: O que seria esse mais?

Covas: Nós temos 42 quilômetros de metrô, é muito pouco para uma cidade como São Paulo. a vantagem hoje é que o que você incorpora de trens, os trens são tão modernos que praticamente você tem linhas de metrô. O metrô hoje não é só de linhas tradicionais. Esta linha daqui é uma linha de trem, no entanto, isso é metrô de superfície. Tão bom quanto o metrô. Aliás, os trens são até melhores que os trens do metrô.

Repórter: A futura prefeita já sinalizou que quer fazer uma parceria com o Governo. Como é que o senhor vê essa questão?

Covas: Muito bem. Quanto mais dinheiro tiver para fazer as coisas, melhor. Quanto mais gente contribuir para isso, melhor. Se o Estado tiver que fazer sozinho, tem um ritmo. Se tiver outros parceiros para ajudar a fazer, tem outro ritmo. Quanto eu estava na prefeitura, o município dava um terço das despesas de metrô. Seja de investimento, seja de custeio. No começo, o metrô era municipal, era um empresa municipal. Quando ele começou era assim. Eu não sei de outro exemplo no mundo de que o metrô tenha sido feito pelo município, mas aqui em São Paulo ele começou a ser feito pelo município. No tempo do Setúbal prefeito, é que o metrô passou a ter como acionista majoritário o Estado. Mas eu ainda, quando estive na prefeitura, o município ainda dava um terço das despesas, seja de investimento, seja de custeio do metrô.

Repórter: O senhor acredita na participação efetiva da prefeitura na próxima gestão?

Covas: Eu torço, não sei que condições ela vai encontrar para fazer isso. Espero que encontre, ou que possa satisfazer essa possibilidade. Acho que vem muito bem. A maioria dessas coisas atende muito mais a cidade do que outras coisas. Então, se puder contribuir, o que acontece é que as coisas vão mais depressa porque terá potencialidade maior para fazer as coisas.

Repórter: Essa mesma expectativa se refere ao Rodoanel também?

Covas: Ao Rodoanel em particular. O Rodoanel nós temos um convênio assinado, mas para a primeira parte o dinheiro já está locado. Para a primeira parte, que são esses oitocentos milhões desses 32 quilômetros, o problema está resolvido. A prefeitura assinou um convênio, junto com a União e com o Estado, pelo qual ela ia entrar com 25% e não entrou com nada. De forma que se a futura prefeita entrar, eu só vou ficar muito satisfeito. Até porque esses 32 quilômetros são a primeira parte. Nós já mandamos fazer o projeto executivo da segunda parte, que é a parte Sul.

Repórter: Tem uma liminar impedindo a circulação dos trens da CPTM. Os trens vão continuar circulando mesmo contrariando essa decisão judicial?

Covas: Não é decisão judicial. O que a juíza determinou é que se provasse que tem calço nos trens. Como tem calço nos trens, está aprovado.