CPTM: Engenheiros concorrem a prêmio de tecnologia da Alstom

vencedor será divulgado na abertura do Seminário Negócios nos Trilhos

ter, 31/10/2006 - 13h35 | Do Portal do Governo

Os trabalhos dos engenheiros da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) Synesio Pinheiro e Otavio Ferreira de Almeida estão entre os 12 finalistas do III Prêmio Alstom de Tecnologia Metro-ferroviária. O vencedor será divulgado na abertura do Seminário Negócios nos Trilhos, em 7 de novembro, às 9 horas, no pavilhão verde do Expo Center Norte. Independente do resultado, ambos apresentarão seus estudos no dia 9 de novembro, das 9 às 11 horas.

Intitulado Utilização de Pára-brisas de Policarbonato em Cabinas de Trens Unidade, o trabalho de Synésio Pinheiro propõe a substituição dos atuais pára-brisas de vidro das cabines de condução por um material fabricado em policarbonato especial, o mesmo utilizado em aviões. O dispositivo garante maior segurança aos maquinistas, principalmente contra atos de vandalismo, visibilidade superior, redução significativa dos custos de manutenção, bem como resistência a fortes impactos, ao fogo e a produtos de lavagem abrasivos.

Atualmente, são trocados cerca de 30 pára-brisas por mês, devido a quebras e trincas provocadas, principalmente, por vândalos. Considerando os custos de reparos e o valor da unidade existente (R$ 1.700,00), a economia para a CPTM poderia chegar a R$ 55 mil mensais, após 36 meses. Embora o pára-brisa de policarbonato exija um investimento de R$ 7.450,00 por peça, o material é praticamente inquebrantável, não exigindo futuras trocas.

No início do ano, um protótipo, desenvolvido pela TAM Jatos e Executivos e a empresa americana ATR (Aircraft Transparencies Repair), foi colocado em um trem da série 5.000, na Linha B (Julio Prestes – Itapevi). Depois de três meses de testes, o pára-brisas de policarbonato manteve-se intacto e acabou ficando na cabine da composição, que circula normalmente pelas linhas da CPTM.

Além do aspecto econômico, o novo pára-brisa proporcionaria melhor regularidade operacional, ou seja, o cumprimento mais rigoroso dos intervalos entre as composições por evitar o desvio de trens para a oficina. Também traria benefícios para o meio ambiente, uma vez que os resíduos gerados pelo descarte dos vidros avariados seriam eliminados. A reciclagem dos atuais pára-brisas só é feita com técnicas especiais, muitas vezes economicamente inviáveis.

Synésio compara a utilização dos pára-brisas ferroviários com os aeronáuticos: “É como se fosse uma casa pintada com cal, muito mais barato, mas de qualidade e durabilidade bem inferiores, e uma outra com tinta acrílica. Enquanto a primeira, com uma simples chuva fica toda manchada, a segunda, dura anos até a próxima pintura”.

Energia inteligente

Uma idéia que poderá trazer bastante economia com a racionalização do consumo de energia na CPTM é o Controle de Demanda Elétrica no Sistema Metro-ferroviário, deOtavio Ferreira de Almeida.  O estudo visa criar uma maneira eficiente de evitar as ultrapassagens de demandas elétricas, o que ocasiona multas elevadas dentro do Mercado Livre de Energia, adotado pela companhia desde março de 2005.

O projeto consiste em mapear a linha, que é composta por vários pontos (domínios) atendidos pelas diversas subestações de energia. Cada trecho representará a capacidade de potência e a quantidade de trens que poderão circular, sem que se exceda o limite de demanda contratada para a respectiva subestação. Por meio da demarcação dos domínios, será possível regular o fluxo de composições dentro de um espaço delimitado, resguardando-se de sobrecargas elétricas e futuras penalidades.

Os domínios serão representados pelas cores verde, amarela e vermelha. O verde indica que o trecho comporta mais uma composição além das que estão circulando. Já o amarelo informa que o número de trens dentro daquele percurso está no limite de ultrapassagem da demanda. Por fim, o vermelho mostra que a demanda contratada já foi extrapolada. Se essa sobrecarga for acima de 5% da demanda de fornecimento, a CPTM paga multa.

Com a migração da CPTM para o Mercado Livre, as demandas energéticas passaram a ser contratadas de forma individualizada para cada uma das subestações.  Antes de março de 2005, os contratos eram realizados dentro das regras do mercado cativo, de maneira integralizada. Até então, se uma subestação tinha uma pane, as outras unidades auxiliavam na alimentação elétrica, sem gerar multas por sobrecarga. Hoje, se isso ocorrer, a CPTM pode pagar multas superiores a R$ 500 mil.

O mesmo projeto apresentado no Prêmio Alstom, desenvolvido por Otávio, servirá como piloto para o trabalho de monografia do curso de pós-graduação em Tecnologia Metroferroviária, da Escola Politécnica da USP, em 2007, realizado em parceria com os engenheiros Edson Artibani e Luiz Prendes. “Uma idéia para o futuro seria desenvolver um software que forneça informações precisas para orientar as decisões das áreas de operação e manutenção”, explica Otávio.