Contação de histórias orienta crianças sobre a prevenção do câncer de mama

Sem falar na doença, atores oferecem a alunos de 8 a 10 anos entretenimento, diversão e educação para a prevenção do mal

ter, 11/12/2007 - 11h12 | Do Portal do Governo

Paulinho e Joaninha vivem felizes com os seus pais. Um dia, ao tomar banho, a mãe descobre um carocinho no seio, mas não dá importância, pois tem muitas atribuições ao longo do dia. Na escola, seus filhos assistem a um espetáculo teatral sobre Gugu, um canguru que acaba perdendo a mãe porque ela estava doente, mas não queria ir ao médico. Este é o mote do espetáculo Contação de Histórias que o Instituto Se Toque leva para as escolas da rede estadual e municipal de São Paulo neste mês, como parte da Campanha Colar da Vida.

Histórias que se cruzam e se complementam em cenas do cotidiano familiar, numa mistura de teatro, dança, música, fantoches, origami e muito humor, com a participação de platéia curiosa, formada por meninos e meninas de oito a dez anos de idade. Dessa maneira e sem mencionar a palavra câncer ou qualquer outro termo que possa causar impacto nas crianças, o grupo de quatro atores profissionais oferece aos alunos entretenimento, diversão e educação para a prevenção da doença.

Após a apresentação, os estudantes ganham o Colar da Vida – simbolizando o combate ao câncer de mama por meio do diagnóstico precoce – e folhetos informativos, para serem entregues às mães, avós ou irmãs. Confeccionado com pérolas sintéticas de tamanhos variados, o colar representa os diferentes graus de periculosidade dos nódulos – detectáveis por meio do auto-exame – e a respectivas chances de cura. Simboliza, também, a vaidade feminina e o abalo que a mastectomia (retirada total ou parcial da mama) pode causar na auto-estima da mulher.

Forma lúdica

De acordo com Lúcia Bludeni, presidente do Instituto Se Toque a idéia de promover a campanha com crianças surgiu da constatação de que elas são os melhores agentes multiplicadores, sensíveis e atentas ao que acontece ao redor. “Naturalmente entenderão o recado e levarão a mensagem aos familiares, transformando-se em agentes de mudança de hábitos”.

O diretor do espetáculo, Adriano Cypriano, explica que quando foi contatado pela equipe do Se Toque sua preocupação inicial foi encontrar uma maneira de abordar a questão realística e sutil. De acordo com ele, nessa faixa etária a criança vive uma fase de latência sexual e, justamente por isso, o espetáculo deveria ser conduzido de forma mais assexuada possível. “Daí a idéia de colocar atrizes em papéis masculinos e vice-versa. Optamos pelo caminho lúdico, sem escapar da realidade”, explicou.

Pilar

Lúcia acredita no vínculo entre mãe e filho como facilitador para a campanha. “Doença de mãe é algo preocupante para a criança. E a mãe, principalmente nas famílias das classes menos favorecidas, é o pilar, é quem geralmente segura a estrutura do grupo”. Segundo ela, é comum o fato de famílias se desestruturaram depois da morte da mãe. “Por isso, nossa proposta é, de alguma maneira, prevenir desajustes familiares e a conseqüente evasão do jovem do núcleo”, conclui Lúcia, que também preside a Comissão de Direito do Terceiro Setor da Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo, e coordena cursos sobre o mesmo tema na Escola Superior de Advocacia (ESA/SP).

O câncer de mama, se detectado precocemente, tem 90% de chances de cura. É perigoso caso seja diagnosticado tardiamente e, se não tratado adequadamente, pode se alastrar para órgãos vitais: fígado, pulmões e cérebro, levando à morte. Lúcia lembra que o intuito da campanha é fazer com que as mulheres se toquem, nos sentido próprio e figurado da expressão. “O número de óbitos pela doença tem índice de crescimento alarmante, com expressiva redução da idade das vítimas”, constata.

Se toque

O Instituto Se Toque é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, criada por Mônica Serra em 2005. Tem como objetivo principal alertar para a prevenção do câncer de mama, educando para a mudança de hábitos. O projeto de Contação de Histórias começou a ser pensado a partir da metade do ano, época em que o grupo de dança Studio 3 se apresentou no Teatro Municipal, gratuitamente, para estudantes da rede estadual de ensino. Na abertura desse espetáculo, o Se Toque teve uma participação especial, na qual fez sua apresentação sobre prevenção do câncer de mama.

Roseane Barreiros

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)