Ciência: Tecnologia aumenta segurança em ferrovias

Equipe técnica do IPT desenvolveu metodologia para avaliar e propor medidas de segurança no transporte ferroviário

ter, 03/07/2001 - 19h13 | Do Portal do Governo

Equipes de Fórmula-1 fazem uma série de testes para adaptar o veículo às condições da pista. Guardadas as devidas proporções, profissionais especializados fazem o mesmo com os trens em busca da sua adaptação às condições da malha ferroviária.

Nos dois casos o objetivo é um só: obter o melhor desempenho com o máximo de segurança. Para atender às demandas do setor ferroviário, um grupo de especialistas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) desenvolveu a ‘Metodologia de Avaliação de Comportamento Dinâmico do Veículo’. Recentemente, eles concluíram estudo de transporte coletivo nos trens de subúrbio do Rio de Janeiro. O sistema foi privatizado e é operado pela empresa Supervia.

Segundo o pesquisador Roberto Spínola Barbosa, da Divisão de Tecnologia de Transportes, ocorriam descarrilamentos sistemáticos de composições. ‘Estávamos diante de um problema sério de segurança, após uma série de estudos específicos conseguimos determinar as causas do problema e melhorar as condições de segurança dos carros. Como o valor de cada carro é da ordem de US$ 2 milhões, estimamos que a companhia poderá ter um ganho com a sua recuperação que pode chegar a US$ 480 milhões. O benefício é grande e o potencial ainda maior. O sucesso obtido neste caso deverá repetir-se em outros dois estudos, um deles envolvendo a segurança de vagões de carga da Companhia Vale do Rio Doce, em Vitória/ES, e o outro envolvendo o transporte de passageiros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a CPTM, na capital paulista’, informa Spínola.

O aperfeiçoamento do sistema ferroviário produz economia e melhora a qualidade do transporte e o conforto dos passageiros. Para isso, os especialistas do IPT desenvolveram um método exclusivo para avaliar o comportamento dinâmico – em movimento – dos trens. ‘Em linhas gerais, o que fazemos é a instrumentação do carro para medir com precisão seu comportamento dinâmico no tráfego sobre a via em condições controladas’, explica Spínola.

‘Na linha de subúrbio da Supervia, no Rio, fizemos uma bateria de mais de 32 ensaios incluindo testes com acelerômetro, que mede a aceleração do carro, e defletômetro, que mede as deformações de suspensão em movimento, tudo registrado através de sistema computadorizado de aquisição de dados. Cruzamos as informações sobre as acelerações e deformações em cada velocidade, para determinar causas dos problemas apresentados e propor medidas corretivas. Muitas vezes, pequenos ajustes na suspensão já melhoram muito o desempenho do veículo.’

Spínola alerta as companhias ferroviárias no sentido de buscarem sempre a melhoria do desempenho de seus trens. ‘Reformar e evitar o sucatamento da frota é mais racional. Mas o que se vê no País, hoje em dia, são algumas empresas investindo em trens novos enquanto a via está envelhecida, em más condições. A qualidade da via também é fundamental para a segurança do sistema ferroviário, por isso não se deve investir apenas em material rodante, deixando em segundo plano a manutenção da via, ou sua sinalização.’